Um amor além de flashes

Livro 2 - Capítulo 48

A vida é as vezes tão injusta mas objetivamente certa. Não há dores que não se possam curar, laços que não pode mais se juntar, pessoas que não voltam mais. A morte. Muito conhecido como a dor eminente após uma pessoa, que deliberadamente dizem que partem para uma jornada melhor. Talvez não. Já que ninguém ainda descobriu o que há atrás da vida a pós a morte, apenas teorias de cientistas e religiosos.

Posso dizer que sentir a morte não foi algo doloroso nem triste. Não sinto a vontade de correr para "fora da luz" e voltar a vida. Paz. Talvez a paz que todos procurem não há na vida em si, nunca , jamais, por mais que você tente você nunca terá algum descanso. Por mais que algo se resolva bem vem outro fator e balança tudo de novo. Isso pode ser o significado de vida, não é apenas você abrir os olhos e sentir que seu coração ainda está batendo. É um ciclo vicioso, onde amores e desavenças sempre estará presente como um desafio, um desafio que você enfrenta todos os dias ao acordar seja para qualquer informação ou ação que você tenha que compartilhar com o mundo.

E como todo desafio, as dificuldades estão conosco. Não importa se alguém traz essa dificuldade, nós sempre achamos uma maneira de piorar a situação dificultando mais ainda. Isso na minha opinião é vida. Você acorda, levanta, as vezes trabalha, as vezes você manda em alguém. Você precisa resolver alguma questão e quando você termina ou está prestes a terminar um caminhão vem atropelando trazendo mais dificuldades que possivelmente você a tornará mais difícil do que realmente é.

Foi isso que eu fiz a vida inteira. Minha mãe me dava o rosa eu pedia o branco. Eu queria fazer balé e só tinha jazz, pensei a vida inteira fazer dança na faculdade me inscrevi para moda. Queria um namorado fiel, apanhei. Poderia fazer curso em Nova Iorque e fui para Barcelona, me apaixonei. Escolhi namorar a distância, me apaixonei mais ainda. Fugi, pois pensei que seria a melhor opção, me senti a pessoa mais lixo do mundo. Sofri um acidente por ser imprudente e perdi a memória. Apaixonei-me de novo. Fugi mais uma vez e voltei atrás, fiquei grávida. Gravidez de risco e perdi meu terceiro filho e perdi minha vida.

Consequências. Como ação e reação, do mesmo jeito que odiava física tenho que admitir que Newton estava presente em minha vida como eu jamais teria imaginado. Tudo que eu fazia gerava uma reação inversa da qual eu queria, o que era um azar para mim.

Meu corpo tremula e formiga ao mesmo tempo. Sinto uma luz forte quase me cegando.

– Chame o doutor rápido! – Uma voz feminina grita para alguém. Faço uma careta por tanto barulho.

–Ela acordou.

A voz de Alice ecoa a minha volta e sinto um alivio por alguém conhecido, mesmo que também esteja gritando.

Um tumulto a minha volta começa a se formar, um alvoroço passa pelo quarto como vultos ao meu redor, estou zonza, minha cabeça dói, meu peito dói mais ainda e respiro com dificuldades.

– Alice. –Sussurro a chamando pois o ar em meus pulmões está escasso. – Henrique.

Enquanto falo vagarosamente, corro meus olhos embaçados por lugar, que por sinal eu reconhecia bem. Sinto minha cabeça vazia, pronunciei dois nomes que estão começando a fazer sentido para mim. Estou num hospital, um médico olha o soro pingar e olha até onde termina o cano que pinga soro em minha veia. Está com uma prancheta anotando tudo que vê no monitor que fazia um bip irritante.

A porta se abre bruscamente. Ele estava um caos. Barba por fazer, cabelos desgrenhados, roupa social amassada e olhos vermelhos e muito muito cansado.

–Henrique. – Minha mente o reconhece por fim.

Em passos largos ele pega minha mão e ajoelha ao lado da cama e desaba a chorar, eu não estava entendo nada. Olho para as outras pessoas a minha volta tentando compreender o porquê da cena. Meu coração dispara e o bip irritante dispara também.