Um ano depois...
– Você está casada a pouco mais de um ano e seus filhos vão completar um ano, o que sua vida mudou de lá?
Mexo em meus dedos que estão encostados em minhas pernas agora finamente cruzadas.
– Me descobri como mulher. – Olho fixamente para Alicia me entrevistando. – Descobri que realmente posso cuidar de alguém, já que não sabia nem cuidar de mim mesma e agora cuido de quatro!
– Como é o clima em sua casa com seus filhos?
– Minha casa é a maior bagunça de todas. – Sorrio. –É um campo minado de brinquedos por todos lados. Toda vez que chego em casa meus filhos começam a mexer os braços freneticamente e rindo sem parar por me ver.
– E seu marido, como Henrique Belmontt é em casa com os filhos? – Olho para a câmera que me fotografava nervosa e depois para Alicia.
– Ele é um pai incrível e sempre que pode está com os filhos e a família. – Acabo ali e Alicia inclina a cabeça e me encara.
– Helena! – Ralha comigo. – Essa é uma entrevista pessoal e preciso de detalhes. – Diz Alicia como minha amiga e não Alicia da revista Vogue.
– Nós combinamos. – Reviro os olhos.
– E daí? Jornalistas tem meios de desdobrar as pessoas. – Caímos na gargalhada.
– Claro que sim. – Pisco para ela.
Então voltamos a postura que estávamos antes sem risadinhas e piadas. De um ano para cá Alicia sabia muito mais do que minha mudança para criar bem meus filhos. Tive aulas de etiqueta para me portar em entrevistas como estas para não dar vexames e assunto especulativos para a mídia, tive aulas intensivas de espanhol e ainda mais escolas da vida de como cuidar de bebês.
Me despeço de Alicia e a lembro de aparecer lá em casa por ser meu aniversário de vinte e cinco anos, quem diria Helena.
A Land Rover preta está estacionada em frente ao prédio alto da Vogue no centro da cidade, o tráfego está bom então não demoro muito a chegar em casa. Logo da garagem escuto os gritinhos agudos de Valentina e meu sorriso vira de orelha a orelha. Olho Alice no fundo da sala ninando Théo, meu sobrinho de oito meses.
Amarro meu cabelo em um coque alto tiro meus sapatos de salto e entro na bagunça deles. Denise apenas ri e sei que ela está cansada, isso que eu sai apenas a duas horas atrás.
– O Pietro já deu dois passos hoje, a Valentina começou a puxá-lo o que foi engraçado. – Relata Denise.
– Acho o Lorenzo mais preguiçoso. – Pego meu ursinho número um com tip top listrado Tommy Hilfiger e cheiro seu pescoço – Preguiçoso que nem a mamãe né. – Ele ri mostrando seus dois dentinhos de baixo.
Confiro o relógio para certificar que Henrique está atrasado. Atrasado para não sei o que só sei que queria que estivesse em casa. Após alimentá-los um de cada vez, enfim eles se renderam ao sono da tarde e subi para meu quarto.
Ligo três vezes e cai na caixa postal. Que droga Henrique!
Não me mandou nenhuma mensagem nesses três dias em que ficou fora para jogos, entrevistas, sessão de fotos e reuniões para a nova marca de relógios.
O que aconteceu com todo mundo hoje? Só porque você esta ficando mais velha, é casada e já tem filhos que todos tem o direito de esquecer seu aniversário? Não que minha mãe tenha esquecido ela e meu pai disseram que viriam para o jantar. Mas é obvio que eu não dei opção já que eles moram cinco quadras daqui agora e não a onze horas de avião.
Ligo mais uma vez e nada.
Dou banho nas crianças uma por uma, as deixando impecáveis e cheirosas, claro que não dispensei o lanço rosa no cabelo ralo de Valentina da mesma cor do meu.
Tomei meu banho e decidi por um vestido rosa claro. Fiquei me observando colocar perfume e soltar o cabelo em frente ao espelho do grande closet sem nenhum sorriso no rosto.
Desço pelas escadas desanimada, vi que todos estavam ali menos ele.
– Luana me diz que ele não esqueceu. – Olho para a porta e percebo Norma conversando animadamente com minha mãe e minha sogra.
– Não fica assim amiga. – Martina me da um sorriso calmo junto com Luana.
– Não é possível que ela tenha esquecido. DE MIM. – Cruzo os braços. – Ele não me ligou nenhuma vez hoje. – Cruzo os braços emburrada e magoada ao mesmo tempo.
Respiro fundo e tento não pensar em nossa pequena discussão sobre contratar mais uma babá na qual eu me recusei, mas será mesmo que essa briga foi o bastante para ele nem se quer me ligar para saber dos filhos?
Circulo pela festa me controlando no champagne, como ainda estou amamentando pelo menos uma vez ao dia para cada um tenho que me policiar com isso. Converso com Eric e Marcelo no quanto é bom ter crianças em casa. Eric e Luana já estão planejando mas pelo que vi o processo não está sendo fácil, o que não é o caso de Marcelo e Martina que decidiram não pensar em crianças no momento.
– Ele não vem. – Encho os olhos de lágrimas ao desabafar com Alice.
– Ele não será louco de esquecer. – O comentário de Fernando me fez afastar-me de todos ali. Fui até o outro lado da casa na área da piscina e sentei nos confortáveis pufes de costas para que ninguém viesse me importunar.
Deixo duas lágrimas cairem e as seco. Respiro fundo como venho fazendo muito ultimamente. Mais duas lágrimas insistentes caem. Por fim sinto que meus olhos não estão tão vermelhos e me acalmo.
Levo um susto pelos passos leves e uma clara iluminação atras de mim. Um bolo com velinhas em cima toma minha atenção por completo.
– Achou que eu me esqueceria minha linda?
Abro um sorriso para a voz que sempre me arrepia.
– Talvez tenha passado por minha cabeça. – Ele repuxa o sorriso.
– Jamais, nem nessa vida ou em outra eu conseguiria me esquecer de você. – Meus olhos voltam a brilhar. – Me perdoe por não ter ligado mas foi de propósito, aliás todo mundo que está lá dentro sabe disso. – Estreito os olhos para ele.
– Então senhor mistério me pegou direitinho. – Eu levanto e o abraço.
– Eu sempre faço isso e sempre vou continuar a fazer. – Pendo a cabeça para trás e rio. – Quero viver para sempre para ver esse sorriso.
– Eu te amo Henrique. – Lhe dou um selinho. – Eu te amo demais.
Henrique
Cinco anos depois.
– Tudo bem pestinhas se comportem com a vovó Flávia.
Olho para cada um com ar autoritário porque sei que vão fazer bagunça além da conta.
– Papai você tem que ir mesmo no baile mostrar os relógios? Por que a mamãe não fica que nem da última vez? – O beiço de Enzo mostrava as feições de Helena.
– Mamãe e papai vão trabalhar, não vamos demorar certo campeão? – Afago seu cabelo e por fim eles entram na casa.
– Fizeram de novo? – Helena sorri enquanto coloco o sinto de segurança.
– Sim. – Arranco com o carro. – Perguntaram por que não pode ser que nem semana passada, você em casa com eles.
– É porque a mãe deles é casada com o pai mais gato do mundo e ainda um dos melhores jogadores do planeta? – Ela bate com o dedo indicador perto dos lábios vermelhos. – Será mesmo por isso?
– E o pai deles não se importa com quem escreveu isso, só se importa com a opinião da mãe deles.
– Então Sr. Empresário de relógios de luxo pronto para uma nova estreia? – Ela encara os paparazzi fora do carro, nem se incomodando mais como fazia no início do namoro. – Hoje eles estão de cegar. – Nem tanto.
– Tendo você ao meu lado eu consigo enxergar mais que as luzes que eles disparam para tentar mostrar ao mundo como realmente somos.
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Um amor além de flashes
RomanceDeterminada, sonhadora, irritante e dona total de si Helena viaja para Barcelona para estudar durante um mês com intensão de melhorar seu currículo e melhorar seu histórico profissional. O que ela não esperava era que ia melhorar também seu históric...