Livro 2 - Prefácio

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–Vai atende!–Grito para mim mesma pela quinta vez após a quinta chamada que cai na caixa postal. Onde é que ele se meteu? Ele me disse que estaria de folga hoje, será que aconteceu alguma coisa grave?

Pego as chaves do meu carro novo que ganhei dos meus pais de aniversário no mês passado e aperto o botão do elevador, com força e várias vezes. Como se isso fosse resolver alguma coisa Helena! Antes de dar a partida no carro tento mais uma vez. Caixa postal de novo. Mais que merda. Odeio, simplesmente odeio quando as pessoas não atendem. Por que elas têm celulares?

Saio e pego a quarta avenida que por sinal esta com um tráfego bom, tem bastante carro, mas está andando. Olhando pelo lado de fora do prédio não tem como ver se tem movimentação no quarto andar, então como já sei a senha da porta entro e pego o elevador.

Vou com o dedo indicador na campainha, porém decido lhe fazer uma surpresa. Ele odeia surpresas, mas como estávamos nos falando pouco essa semana com certeza ele vai gostar de me ver. A sala inteira está arrumada e vazia, as cortinas fechadas e a única iluminação é o sol se pondo do fim da tarde. Ruídos no quarto ficam mais intensos.

Aproximo-me do quarto dele e vejo algo errado. Meu namorado está todo suado em cima da cama e montada nele há uma mulher que geme por causa do prazer.

Fico estática e cada membro do meu corpo não se mexe nenhum milímetro quando percebo que a mulher loira era conhecida por mim desde que me conheço por gente, Samanta. Não consegui, aguentar uma lágrima já estava caída e Maurício me encarava e seu rosto era um pouco desesperado.

Corri de volta para o elevador que ainda estava parado no andar, para minha sorte. Ao chegar no carro dei a partida rapidamente e vi Mauricio pelo retrovisor correndo atrás do carro apenas com um lençol em volta do corpo. Desabo a chorar ali mesmo, dirigindo. Como ele pôde? Ele disse que me amava. Nunca, nunca mais olhe na cara dele Helena. Disse a mim mesma olhando meus olhos vermelhos pelo choro no mesmo retrovisor que tinha visto meu ex- namorado quase nu na rua.

*

Recebo flores pela segunda semana consecutiva e hoje completa dois meses desde aquele episódio que hoje já passa por mim despercebido. Maurício está melhor do que imaginei. Está me tratando como uma princesa apesar de não nos vermos frequentemente. As pessoas ao nosso redor ainda comentam o fato mas eu não do a mínima elas.

Ligo para ele novamente para agradecer as flores. Está na quarta chamada.

–Alô? Uma voz sensual atende ao meu telefone.–Maurício está no banho e não pode atender se puder ligar mais tarde.

Como assim ligar mais tarde? A voz para mim era desconhecida.

–Aqui é uma prima pode me informar se ele esta em casa? –Minto para a cadela do outro lado da linha. Pego as chaves do carro e saio do meu prédio correndo.

–Está sim quer deixar recado?–A mulher parecia prestativa... A transar com meu namorado.

–Não, não obrigada. Só avise a ele que Helena ligou –Fui completamente cínica e nem me dei ao trabalho de dar tchau a ela, simplesmente desliguei.

Fiz meu habitual caminho até a casa dele. Meus olhos ainda cheios de lágrimas por acreditar mais uma vez em suas malditas palavras. Por que ele fez isso de novo caralho?

Toquei a campainha e a mulher que pensei ser a que me atendeu ao telefone abriu a porta para mim. Ela estava vestindo um hobby e sutiã por baixo e nem sei se estava de calcinha. Eu até me sentiria cabisbaixa por estar apenas de moletom velho mas minha raiva estava ao extremo.

–Saia da minha frente. Onde ele está?–Digo entrando porta adentro a empurrando. Ela começa a falar algumas coisas em voz alta mas não estou nem ai pra ela. Quero que ele fale que me traiu de novo olhando nos meus olhos. Maurício salta da cama só de cueca.

–Você fez de novo! Você me traiu de novo! –Digo gritando de raiva e desespero. Meu coração dói por causa disso.

–O que você está fazendo aqui? –Agora era ele quem estava gritando e era a primeira vez que isso acontece. –Você não deveria estar estudando não? –Penso por um segundo e me acalmo.

–Eu te amo e por que você está fazendo isso comigo? –Minhas lágrimas caem como cachoeira.

–Eu.Não.Amo.Você. Agora para de encher o saco e sai daqui agora. –Ele estava apontando para a saída.

–Você não pode fazer isso comigo. Seu idiota insensível. Você é um monstro. Só serve para pegar piranhas.

–Então se lembre que você foi uma delas.– Minha cabeça explode com isso. Avanço nele para lhe dar um tapa e ele me para. Ele me bateu no rosto com tanta força que eu caio no chão. Chorando.

Olho para a mulher atrás de mim. Ela me olha horrorizada. Maurício ainda fala um monte de coisas, principalmente palavrões de muito baixo nível. Tomo consciência, ou pelos menos minha cabeça para de girar e saio dali despedaçada.

–Eu odeio você. Fique com mais uma de suas piranhas e a maior consciência pesada que conseguir.–Foi a ultima coisa que eu consegui dizer.

*

Uma explicação de como tudo ocorreu antes de Henrique, espero que tenham gostado. 

Amei cada voto e cada comentário, obrigada por todos eles e seus votos, beijoss.

Um amor além de flashesOnde histórias criam vida. Descubra agora