Livro 2 - Capítulo 19

4.9K 349 18
                                    

Tenho sido uma estranha desde que nos separamos

E sinto-me tão desamparada aqui

Veja, os meus olhos estão cheios de medo

Diga-me, você sente a mesma coisa?

Ponha-me nos seus braços de novo" Calvin Harris ft. Ellie Goulding – I need you love

*

Abro mais um e-mail que corresponde a Vogue Espanhola destina a mim assinados por Norma Lanst diretora-chefe da revista. Mais detalhes e mais nomes aparecia no oficio, além do confirmado hotel de luxo em Paris e minhas metas no desfile: Eu teria que conseguir uma entrevista exclusiva com algum estilista. Observo a data e lembro que o evento acontecerá daqui a apenas seis dias.

Vou até a sacada e olho o movimento a cinco andares abaixo de mim. Pessoas indo e vindo, com seus sorrisos amarelos, seus filhos pentelhos e carros numa fila imensa por causa do congestionamento de tantos carros que passava por Balneário Camboriú no quase fim de fevereiro. Por mais que eu amasse o calor, o sol e a tonalidade amarela de vida que dava a cada dia, eu estava cinza por dentro. Como se uma nuvem se abatia dentro de mim deixando meu próprio sol escondido e não deixando ele fazer o seu melhor dentro de mim: me fazer sorrir.

Sento no sofá mais uma vez sozinha como todas as tardes, olho em volta como se não tivesse nada para fazer além de estar com a maior cara de tacho. Olho o produto de limpeza esquecido do lado da televisão e decido fazer a limpeza básica e uma reciclagem poderosa em minhas roupas, o que seria ótimo levar para doação.

Pego o pano para começar a tirar o pó pela superfície com o menor animo possível que uma pessoa poderia ter. As dores que guardo dentro de mim há dois dias seriam suficientes para duas pessoas por suas vidas inteiras. Pego uma caixinha de madeira branca com detalhes dourados que eu não sabia que existia e abrindo seu conteúdo vi que tinha várias fotos dos tempos em que minha única avó que era a materna estava viva, ela foi a única que eu conheci nem meus avós eu tinha conhecido. Minha avó lembrava muito a mim e a minha mãe, principalmente nos olhos e uma dor aguda no peito me surgiu dizendo que era a saudade batendo em minha porta.

Fitas coloridas, bilhetes cotidianos dos meus pais, e de amigos estavam ali guardados para não serem esquecidos. No fundo da caixa havia uma folha que foi inteiro dobrada em quatro partes.

"Querida Helena,

Estou escrevendo esta carta as 4:00 da manhã horário Paris. Nesse exato momento você está deitada dormindo tranquilamente, sem saber que terá um longo e maravilhoso dia na Disney. Não tenho como explicar o quanto eu estou feliz em ter você ao meu lado, na verdade nem tão do lado assim já que quando você estiver lendo essa carta espero que já esteja em casa segura. Eu queria poder dizer o quão importante você é para mim só que em palavras escritas à mão é meio complicado, você coloriu meu mundo de uma vez por todas. Só quero que você saiba que vamos ficar juntos em breve porque minha ida para o Brasil já esta acertada daqui a dois meses e vou ter tempo de ir visitá-la e conhecer de verdade seus pais e ainda vou poder matar a saudade da minha família. Não se importe com o que os outros vão falar ou não, somos eu e você e sabemos o que passamos e vamos passar juntos. Você é mais do que eu sonhei um dia poder ter. Agora pare de pensar em mim e me ligue rápido ou manda uma mensagem ou manda sinal de fumaça (é brincadeira assim você poderia se machucar), estou ansioso para escutar sua voz minha linda. Eu te amo,

H."

Com uma mão na carta e outra tapando a boca, minha mente gira insistentemente tentando me transmitir algo que eu não sabia. Lágrimas escorriam pelo meu rosto pensando quem era aquela Helena e se ela tinha gostado dessa carta, porque essa Helena sentada em sua cama com as pernas cruzadas queria desesperadamente ser essa garota do qual Henrique mencionara na carta. Essa sim é uma garota de sorte, sendo amada e venerada pelo homem que a ama e que ela amava também.

Um amor além de flashesOnde histórias criam vida. Descubra agora