Um amor além de flashes

Capítulo 4

Depois que tomo um longo banho me remoendo por dentro, deito na cama e fico pensando. Agradeço pelas meninas terem ficado no pub, não ia conseguir explicar o que aconteceu a meia hora atrás. Não consigo nem explicar nem para mim mesma. Como isso aconteceu? Aconteceu mesmo?

Fiquei mais de uma hora pensando em seus olhos verdes, sua boca. Putz, como eu queria beija-lo. Se ele me desse mais um sinal de que queria ficar comigo, acho que eu teria ido onde ele quisesse, e fazer o que ele quisesse. E como faria. Mas eu não era nenhuma vadia, e foi assim que me vi e foi desse jeito que ele me viu. Fiquei triste, queria ouvir mais uma vez sua risada. Com seu olhar nítido na minha mente, adormeço.

Quando acordo, eram 11 horas da manhã. Vejo que Martina está em sua cama, ainda dormindo. Estava com tanta coisa na cabeça e cansada que nem as vi chegarem ontem.

Fui para cozinha e vi Luana sentada tomando seu café.

– Bom dia, como foi o resto da noite?– Pergunto curiosa.

– Foi muito boa, dancei demais e fiquei com um carinha lindo. Os espanhóis beijam bem– Me diz rindo.– E você, como foi o táxi?

Franzo a testa.

– Para com isso, todos naquela festa sabiam que você e o jogador saíram juntos – Me disse mas sei que ela está jogando verde para cima de mim.

– Ok, ok, saímos juntos. Ele me trouxe para casa. E foi só. Não foi uma coisa legal – Não queria comentar sobre isso. Foi algo que consegui classificar como desagradável.

– Espera, não transou com ele? – Ela esta indignada é isso?

– Claro que não. Até parece que não me conhece. Além do mais, eu falei pra ele que eu não sou as vadias dele de noitada. Fiquei furiosa e ele me trouxe de volta. Acabou – Tomo um gole de suco tentando não fazer contato visual com ela.

Ela me olha como se eu fosse um espantalho mímico.

– O queee? Sua sortuda do caralho! Sabe quantas mulheres te matariam por ouvir isso?– Karina entra na cozinha de juntando a nós.

– Não estou nem ai, além do mais, nunca mais vamos nos ver mesmo – Dizer isso me deixou mal.

Desisti de tomar café. Fui até meu notebook e fui ler os sites que costumo habitualmente a entrar. Como sempre ele estava lá, sempre ele é notícia. Só que pela primeira vez me entusiasmei para ler o que estava escrito.

" Nosso atleta mais gato do mundo, Henrique Belmontt sai de um pub com garota misteriosa em Barcelona. Dizem que a garota misteriosa é brasileira e os dois teriam saído mais cedo do local. Pelo jeito a nova companhia do craque do Barcelona F.C. não quis se identificar"

Olhei incrédula. Como essa gente pode saber? Olho para as fotos e vejo uma ponta da minha cabeça dentro do carro. Bando de idiotas.

Karina me olha e faz uma expressão de "o que esta acontecendo". Mostro a ela a tal reportagem.

– Sua filha da mãe! – Diz rindo. Ótimo tudo o que eu precisava.

– Isso não diz nada. Provavelmente eles estão falando da que foi depois de mim. Imagina se ele não ia fazer aproveito de sua noitada  – Dou de ombros.

Claro que era mentira, pelo menos aquela publicação onde tinha fotos na saída do pub.

Pego de volta meu notebook e mando um e-mail rápido para meus pais. Já sinto falta deles. Com isso noto que não sei onde está meu celular. Procuro por todos os cantos do apartamento e nada. Mais essa agora. Ótimo Helena essa vai para o guiness de mulher mais burra.

A tarde eu resolvo fazer uma caminhada. Desde que cheguei aqui há 3 dias eu não paro de comer. Quando voltar pra casa é academia na certa. Pego meu ipod coloco meus fones de ouvido e saio caminhando, em um passo apressando de caminhada. Escuto várias músicas e entre elas me pego pensando em Henrique e em mais de uma vez em sua boca.

Passo pelo comércio popular da cidade, tudo é de motivo relacionado a futebol. Essa cidade não sabe gostar de mais nada não? Vejo em um banner seu rosto, seu lindo e seu corpo musculoso. E o que será que tem por baixo daquela camisa?

Pelo visto ele já era um dos maiores craques da história do time. Nossa como ele é famoso. Em quatro das bancas que passei, todas tinham pessoas querendo a camisa com o nome dele nas costas e seu respectivo numero, é claro, camisa 10. Antes eu nunca tinha visto qual era o seu número, nem a dimensão de sua fama.

Volto de minha caminhada já é mais de sete da noite. Fiquei 3 horas caminhando e nem notei. Que bom pelo menos eu perco um pouco mais de peso . Olho para frente do prédio de Martina. Depois de tanta caminhada quase tive um ataque. A Lamborghini radiante estava parada na calçada estacionada. Fiquei aos prantos. Fui caminhando lentamente e vi que o carro estava vazio. Bom. Entro no prédio e prefiro ir de escada ou invés do elevador para me recuperar de meu pequeno choque. Entro no apartamento perguntando para as meninas sobre o carro lá em baixo.

– Vocês viram, igual a de ontem, eu acho lin...– Morri. Definitivamente.

O Sr. Gato Gostoso estava sentado no sofá da sala, rodeado pelas minhas lindas amigas. Capaz que não. Minha pernas eram marias moles. Na verdade mais moles que isso.

– Oi Helena – Disse vindo a meu encontro. Ah Meu Deus.

– Oi Henrique – Dizer seu nome em voz alta parece ser diferente da voz em minha mente.

Queria soar indiferente, mas não consegui, estava nervosa. Por que eu estava tão nervosa?

– Eu trouxe seu celular de volta, você esqueceu ele no banco do carona ontem, dentro do carro– Disse sorrindo. Pare de sorrir!

– Ah, claro. É, eu esqueci. Mas notei só agora –  Não conseguia parar de me mexer. E ele parecia tão confiante, tão alto de si.

Olhei para trás dele e vi que tinha três pares de olhos nos observando.

– Acho que vocês deixaram algo lá em baixo não?

E com um mini burburinho elas saem. Elas vão me matar depois.

– Quer sentar? – pergunto tentando parecer confortável.

Ele senta-se numa poltrona e eu na outra.

– Olha não precisava, se deixasse com o porteiro garanto que ele me devolveria, não precisava gastar tanto tempo com...- E ele me beija. Não consigo parar de pensar, num lugar melhor de estar. Nossa e como aquela boca desejada por mim era macia, e também parecia me desejar.