Capítulo 2

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Depois de quase onze horas de voo, chego em Barcelona às 3 horas da madrugada. Não estava morta, porque o fuso horário aqui é 5 horas mais que o Brasil. Então pra mim são quase 10 horas da noite.

Minha "família postiça" estava me esperando com aquelas plaquinhas que contém os nossos nomes de identificação. Eu adorei, me senti num filme. Eu e mais duas amigas da faculdade ficaremos hospedadas em uma casa de outra aluna, só que ela estuda e mora aqui.

Martina tinha a minha idade e cursava jornalismo. Como queria algo nessa área, optei por ficar em sua casa.

Eu, mais duas colegas, Luana e Karina e mais Martina fomos para seu apartamento no centro da cidade. Tinha que confessar, aqui era lindo e muito badalado. 

O apartamento não era luxuoso, nem muito grande, mas era bem aconchegante. Ainda não entendia o que Martina dizia ao certo, porque o catalão tem um dialeto um pouco estranho. Ela me mostrou qual seria meu quarto, eu o dividiria com ela. Achei ótimo, gostaria de aprender um pouco da língua estranha e seria melhor ainda porque eu poderia pegar um pouco de experiência jornalística espanhola com ela. No quarto não muito grande mas confortável de uma cor bege um pouco desgastado, havia duas camas de solteiro, uma escrivaninha e um guarda-roupas até grande para o quarto.

Como eu ia começar meu curso logo de manhã, jantei pizza de comemoração com minhas colegas e minha nova amiga. Fui deitar, liguei para meus pais para dizer que estava tudo bem e que aqui é lindo e logo apaguei.

Acordei com o despertador de Martina que logo de cara me deu um sorriso de bom dia. Gostei dela. Na verdade gosto de pessoas que sorriem por nada. Precisei de um tempo para me localizar, estava tão cansada depois do jantar com as meninas que apaguei e dormi profundamente.

Tomamos café, suco, bolachas e ovos mexidos e logo saímos as quatro juntas.

O caminho até a universidade era curta, queria ir apé, para ter tempo de ver onde realmente eu me localizava, já que na noite anterior eu não consegui fazer isso. Caminhamos tranquilas por certa de quinze minutos e logo chegamos. Fiquei embasbacada. Era mais lindo que nas fotos. A arquitetura daqui era linda, tudo moderno. Ah eu moraria nessa cidade fácil, mas eu gosto da minha cidade. Afastei os pensamentos logo depois disso.

Martina nos mostrou a sala que eu, Luana e Karina teríamos o curso. O Professor Martin Riber, trabalhou anos na TV local e disse que todos da classe dele éramos classificados para o mercado de trabalho. Gostei dele, parecia simpático. Mas sua forma de repassar muitos trabalhos já não era tão "simpática" assim.

No almoço encontramos com a Martina e fomos almoçar em um restaurante barato e perto dali. Rolava de tudo naquela conversa, principalmente futebol, essa gente não tem nada melhor pra falar não?

– Vai ter uma festa hoje a noite estão afim?– Perguntou Martina para nós na mesa, com aquele sotaque enrolado, por sorte consigo entender.

– Que tipo de festa?– Perguntou Karina bem interessada.

– Festa White, em clube bem falado, dizem que até famosos vão lá sempre. Consigo ingresso pra gente, tenho um amigo que trabalha lá.

As minhas duas colegas pareciam muito animadas com o convite. Me encolhi com meu suco na mão.

– Helena, vamos juntas né ?– Perguntou Luana a mim.

– Ah não sei não meninas, chegamos ontem e já vamos para festa? Além do mais hoje é quarta-feira– Eu disse sem interesse.

Eu gosto de festas e de dançar. Na verdade amo dançar, mas não vim para Barcelona para ficar em baladas. Sabia que elas contestariam, como estão fazendo agora.

– Amanhã é feriado municipal, não terá aulas –Disse Martina.

Bom, se não tem aula... 

– Nossa, já temos um feriado? – começo a rir– Já que é assim, acho que vai ser super legal.

Todas nós ficamos animadas com a tal festa a noite.

Quando voltamos para casa, na rua tinha muita gente gritando sobre futebol, acho que aqui a coisa é mais séria. Perguntei para Martina e ela me disse que o Barcelona irá jogar contra o Real Madrid no sábado, então todo mundo fica louco, com o maior clássico da Espanha.

Estava quase na hora de sairmos. Já tinha alisado no meu cabelo e minha maquiagem. Como a festa era para ir vestida de branco, coloquei uma regata branca já que aqui faz muito calor e uma saia bordada em dourado curta de cintura alta e salto alto nude. Fomos de carro com Martina e conseguimos uma vaga privativa, por causa do tal amigo dela. Quando sai do carro me deparei com uma Lamborghini preta. Sempre gostei de carros. Ainda mais esportivos.

Na minha cidade é comum ver carros caros e esportivos, uma pena que na maioria das vezes são de pessoas mesquinhas. Sei disso por conta dos muitos clientes do meus pais, não posso dizer que todos eram metidos, mas em maioria eram sim.

Vendo minha expressão Martina tira sarro com a minha cara.

– Parece que alguém gosta de carros caros – diz rindo.

– Maria gasolina né, Helena?– Diz Luana rindo mais ainda.

–Não, apenas tenho bom gosto– Digo ignorando-as mas rindo também.

Entramos na festa branca. Tudo era lindo, as luzes, as pessoas, o chão, os copos.. A música eletrônica preenchia cada canto, as pessoas envolvidas com a musica deixavam um astral muito no local. Tenho observar cada canto daquele lugar luxuoso e cheio de luzes para sempre guardam em minha mente.

Sentamos numa mesa com poltronas aconchegantes e logo veio uma garçonete.

Não consegui entender nada do que ela disse, apenas acompanhei o que as meninas pediram. Uma coisa terrível chamada tequila. Só não quero o que vai ser daqui pra frente começando assim.

A garçonete traz nossos shots falando alguma coisa. Merda! Preciso começar a entender o que estão falando!

Tomamos nossa rodada de álcool - sem deixar de fazer caretas pelo líquido queimando na garganta e fomos logo dançar. A música ritmada e cheia de batidas é de muito bom gosto. Mas sempre tinha uma certa bagunça no camarote em cima da pista, parecia ser bem privativo. Privativo para mulheres porque o que tinha de mulher que parecia piranha lá me assustou. Dancei mais um pouco e voltei pra nossa mesa, estava um pouco suada e odiava ficar suada. Na mesa minhas amigas estavam falando que tinha um famoso na festa e prestei mais atenção.

– É aquele jogador do país de vocês que agora virou craque aqui no time do Barcelona– Disse Martina, gesticulando para nós dizermos o nome dele.

– Henrique Belmontt ?– Perguntou Karina – Ele está aqui? Ai Meu Deus ele é lindo de morrer, ele é o jogador mais lindo da face da terra.– Disse brilhando os olhos.

– Nossa pra que tanto– eu disse revirando os olhos, já sentindo uma leve tontura– Vou pegar uma água, já volto. – Fui buscar minha água deixando as três loucas delirarem pelo jogador galinha. Pensa que é garanhão? Eu mereço. Só porque ele é rico? Ta bom, como se isso impressionasse. Bom, para algumas oportunistas sim.

Peço minha água no meu pior espanhol possível. Quando a moça me entrega a água no copo, me viro e uma pessoa bate em mim e derrama todo o líquido em minha blusa branca.

– Puta merda!– Digo irritada– Que merda, olha o que você fez, estou toda encharcada com essa bebida roxa!– Digo mais irritada ainda apontando para a bagunça que estava em mim. Era novinha essa blusinha cara...

– Me desculpe, não foi minha intenção garota brasileira– Disse a voz mais suave possível.

– Como você sabe que eu...– quando eu levantei a cabeça, eu não consegui mais falar e nem pensar. Olhos verdes brilhantes me fuzilavam com todo o divertimento possível.

Um amor além de flashesOnde histórias criam vida. Descubra agora