Capítulo 35

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Henrique

Eu já estava até o limite de raiva por não ter visto mais Helena. Desde segunda-feira à tarde eu não vejo minha pequena garota de bochechas rosadas e irritante. Eu a desejada mais do que nunca neste momento, de pura tensão, nervosismo e adrenalina para o jogo daqui a alguns minutos.

Sentado no vestiário já com meu uniforme azul e vermelho vinho, com as mãos no rosto eu tinha que me concentrar. Com este jogo, dependendo se eu jogar bem, o time seria o melhor do mundo e eu estaria na frente entre os três melhores jogadores do mundo.

Isso tudo esta acabando comigo. Meus colegas de time começaram uma oração para todos e eu comecei a fazer a minha própria. Preciso dar tudo de mim, preciso dar tudo de mim, preciso dar tudo de mim... Preciso fazer gols... Dois de preferência.

Ao pensar que eu precisaria marcar dois gols me fez parar meus pensamentos nela. Como eu ia amar vê-la em ensaios fotográficos em alta definição e não apenas em uma câmera do meu celular. Finalizada nossa oração todos começamos a nos abraçar, porque para muitos de nós era o jogo mais importante de nossas vidas.

Olhando para o fim do túnel e na fila que se seguia a minha frente senti a energia que havia na atmosfera ao meu redor. Eu, obviamente, já joguei aqui no Camp Nou, mas nunca, nunca esteve tão lotado. Hoje tinha mais que uma superlotação, e foi a cena mais linda que o futebol pode me proporcionar: Mais de noventa e oito mil pessoas estavam ocupando cada lugar do estádio. Meus olhos correram para o camarote a minha direita no alto do estádio. Eu sabia que ela estava lá junto com sua amiga e sabia que ela estava me observando neste exato momento.

Nosso adversário como de costume era o Real Madri e o jogo começou logo com pancadarias e violência já que as duas equipes são as maiores rivais da Espanha e tinha que ter um show a parte. Com dez minutos de jogo nosso melhor zagueiro sofreu um pênalti e nos deu a oportunidade de sairmos na frente. Prontifiquei-me e coloquei a bola na marca do pênalti. O goleiro deles era justamente o goleiro da seleção espanhola e um dos melhores goleiros que eu já vi. Eu o encarei e pensei comigo mesmo que meu chute tinha que ser certeiro e firme.

Bati no canto superior em uma pancada e o goleiro foi para o outro lado. Comemorei meu gol dando três pulinhos de uma perna só em homenagem a minha irmã. O estádio inteiro foi a loucura com o gol, era inexplicável como eu quase conseguia sentir o chão tremer por causa de tantos gritos e pulos pela comemoração. Meus companheiros pularam em cima de mim e eu não conseguia me conter e muito menos respirar.

O resto do jogo foi uma sequencia de faltas uma atrás da outra para ambos os times. A zaga do time adversário estava muito mais bem armada e eu não conseguia passar por eles nem os empurrar para o lado.

Fui vestiário para o intervalo, a única coisa de observação que o técnico nos deu foi parar de fazer faltas desnecessárias porque, de acordo com ele estávamos jogando muito bem e temos condições de levar esta taça e que só tínhamos que manter nosso resultado atual.

De volta ao campo para o segundo tempo o jogo estava muito bem equilibrado. Os dois times atacavam e davam ótimas finalizações, porém sem gols. O jogo já estava no último minuto dos acréscimos e eu precisava me consumar e ganhar minha aposta.

Com uma bola aérea não pensei muito em minha jogada, o que geralmente é um erro e se eu errasse eu ia ser o mais azar do jogo. Nem ajeitei a bola apenas a chutei de primeira e de três dedos. A bola estufou a rede e sem chance para o goleiro a pegar ou espalmar.

Gritei tão alto que meus pulmões deram certa fisgada e ninguém conseguia me ouvir, pois a imensidão vibrou junto comigo. Minha comemoração foi uma imitação de que eu estava tirando fotos destinadas a Helena e com certeza ele iria entender minha comemoração.

Um amor além de flashesOnde histórias criam vida. Descubra agora