Capítulo Especial

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Guilherme

Giro minha cadeira, pego minha pasta de couro e saio do escritório de mais uma semana cheia de trabalho. Não é fácil trabalhar na advocacia trabalhista hoje em dia, muitas reclamações e subjeções sem nexo aparecem a cada dia.

Quando eu tinha 15 anos decidi fazer direito. Hoje com 35 posso dizer que tenho muito prestígio no conselho da ordem do Rio Grande do Sul. Não foi fácil meu caminho, não porque não tive o apoio de meus pais, eles foram sempre sensacionais comigo mas passar em direito numa universidade federal não é para qualquer um.

Saio dirigindo pelo caos de Porto Alegre mas hoje não estou nem ligando para o trânsito. Passo por um dos estádios mais populares do Brasil o beira-rio, onde meu irmão já jogou mas pelo time rival. Um aperto se dá em meu peito de uma saudade imensa dele.

Odiava ter a atenção de meus pais e de Alice para cima dele. Enquanto eu, o mais velho estava sempre com a cabeça nos livros, Henrique só queria saber de chuteiras e bola. Não entendia porque aquele piá não queria estudar e se tornar um advogado como nossos pais eram e como eu ia me tornar também.

Ficava só observando os anos passarem e Henrique ganhar mais popularidade no Grêmio, depois fiquei sabendo que ia casar com uma colega de escola e quando dei por mim ele estava na Espanha e solteiro. Quando meus pais vinham falar dele eu apenas ignorava e nas festas de fim de ano que ele comparecia eu não comparecia.

Comecei a enxergar claramente quando conheci Luísa e mais ainda quando minha filha Clara nasceu, onde meu mundo giravam em volta dessas duas mulheres. Eu faria qualquer coisa por minha família.

E foi isso que eu fiz há cinco anos quando meu irmão do meio, me surpreendendo com uma ligação desesperada me contando sobre a situação de sua esposa que tinha acabado de dar a luz e que um dos bebês havia um problema. Não cheguei a escutar toda a conversa, desliguei na sua cara, arrumei as malas das mulheres e pegamos o primeiro voo para a Espanha.

Eu tinha que agradecê-lo por nunca ter me excluído da sua vida. Fui covarde demais para admitir que eu tinha ciúmes de toda a atenção que ele teve a vida inteira mas agora é diferente.

Então eu o ajudaria pois internamente eu sentia que o devia, por essa rixa sem sentido que criei a vida inteira e por ter ficado comigo no hospital quando sofri o acidente de carro. Eu não o vi lá mas sua voz foi a primeira que eu escutei quando voltei a consciência.

Quando dei por mim doei quase dois litros de sangue para salvar a pequena Valentina. Tão pequena e tinha a mesma cor de nossos olhos, uma verdadeira Belmontt: Extremamente forte. Sai da sala totalmente cansado mas depois do abraço fraterno entre irmãos o cansaço não prevalecia e sim o amor de uma família inteira que ali estava completa.

*

Então meninas acabou mesmo. Obrigada por todas as opiniões, críticas, elogio e votos. Vocês foram sensacionais comigo.

Adicionem Sequestrada que já está disponível em suas bibliotecas.

Beijoss e vamos mantendo contato.

Um amor além de flashesOnde histórias criam vida. Descubra agora