Caio no chão com minha face queimando pela pancada.
Acordo pelo susto de meu sonho. Passo as mãos pelo meu rosto e não sinto nada da dor sempre lembrada em meus sonhos, só que era a primeira vez em um ano que isso volta a acontecer.
Olho para os lados um pouco atordoada para ver onde eu estou. Sozinha, para variar. Pela janela do quarto de Henrique há pouca luz passando pelas cortinhas o que me dizia que tinha muito frio e pouco sol.
Me levanto descoordenadamente e vou em direção ao banheiro. Banheira sua linda, como você está hoje? Enquanto escovo meus dentes olho para a banheira várias vezes. Entro, não entro... Entro, não entro .Deixo de lado minha briga interna de entrar na banheira ou não e vou para o closet de Henrique.
Pensando bem não é mais só de Henrique. O banheiro foi praticamente adaptado para mim também e o closet nem se fala, metade dele tem coisas que agora pertencem a mim. Coloco uma roupa casual, jeans, casaco quente e pego um dos gorros de Henrique. Ele usa umas roupas tão estilosas que não resisto.
– Bom dia Denise. – Entro na cozinha e a vejo a tempo de ver colocar as coisas na mesa de granito. Aquela mesa.
– Bom dia Helena, vai querer suco ou iogurte? – Ela apoia as mãos na mesa esperando minha resposta.
– Vou querer só um suco hoje, nada pra comer. – Digo olhando para a mesa sem jeito. Será que ela percebeu? Ai Deus tomara que não.
Só então que me cai a ficha. Nenhum de nós dois arrumou a bagunça de ontem. Minhas bochechas pegam fogo com isso. Desvio o olhar rapidamente para o relógio que marcavam sete horas. Ótimo, está cedo.
Denise e eu ficamos conversando por mais meia hora sobre a entrevista de Henrique para a televisão francesa hoje à tarde. Como ela disse, tem que deixar tudo organizado por que nunca se sabe onde eles querem filmar. E ela ainda me contou que uma vez filmaram até dentro do closet dele.
Pego minha bolsa, arrumo a bagunça que deixei no banheiro e saio em direção a porta da frente. Não estou tendo tanto saco para caminhar até a quadra do lado para pegar o táxi, então vou pegar na frente mesmo.
Passo pela garagem luxuosa de Henrique e fico admirando os brinquedinhos caros dele. Pelo jeito ele foi com a Porsche prata. Como eu queria pegar um desses para brincar um pouquinho. Meus pés e mãos coçam pela vontade que estou de voltar a dirigir só que mais uma vez o receio me para.
Pulei para dentro do táxi sem ao menos ver se tinha algum fotógrafo. Na verdade nem dou mais bola. Mando uma mensagem para Martina dizendo que eu estava indo pra casa e que precisava muito falar com ela. Não recebo nada em resposta.
Abro a porta do apartamento e não escuto movimento algum. Só após passar pelo quarto de Martina percebo que está em um canto. Chorando.
– É por causa do jornal? – Pergunto olhando pra baixo me encostando na soleira da porta.
– Eu precisava do emprego. – Ele limpa o nariz com a mão. – Na verdade o emprego era minha vida.
– Eu sinto muito, para nós duas para dizer a verdade. – Ela me olha com os olhos marejados e fico na mesma situação de minha amiga.
– Não posso dizer a meus pais que estou sem emprego. Seria a maior vergonha da minha vida.
– Eles são seus pais, eles vão te entender. – Sento na ponta de sua cama enquanto ela coloca suas costas na cabeceira.
– Helena não é tão fácil para mim. Briguei com meus pais para morar aqui e disse que ia viver por mim mesmo, então vim pra cá, arrumei emprego de garçonete enquanto estudava e aluguei este apartamento. Como vamos pagar?
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Um amor além de flashes
RomansaDeterminada, sonhadora, irritante e dona total de si Helena viaja para Barcelona para estudar durante um mês com intensão de melhorar seu currículo e melhorar seu histórico profissional. O que ela não esperava era que ia melhorar também seu históric...