Acho que hoje é o melhor dia para minha viajem. Não aguento mais de tanta dor de cabeça por causa de ressaca. Como eu consegui uma passagem e visto para a Espanha para viajar faltando dois dias para o ano novo eu não sei. Só sei que eu precisava me recompor já que desde que Alice dormiu na minha casa e nós tomamos toda a garrafa de Red label somente nós duas eu não parei de beber. Minha mãe ficou totalmente desapontada comigo e meu pai nem se fala.
O natal a dois dias atrás meu pai fez uma piada comigo me dando duas garrafas de vodca. Era brincadeira, ganhei um tablet dos meus pais, lindo e quase morri chorando quando eu o ganhei.
Não me orgulho de ter bebido demais e nem sequer me lembrar como foi meu resto de natal, sei lá acho que ri bastante e paguei mico. Isso nunca mais na minha vida. Deus me livre acordar fedendo de novo mas, como me disse meu pai: "O que é um ser humano sem suas primeiras vezes?". Detalhe que ele me disse isso depois de me passar o maior sermão da minha vida.
Quando liguei para Martina uma semana atrás ela só não me abraçou porque não tinha como ela passar pelo telefone, depois de gritos e mais gritos ela por fim acreditou em mim. Foi uma ótima ideia eu ir passar o ano-novo com ela, já que os pais dela estão no Japão e não a visitam a mais de um ano, ou seja, ela não ficaria mais sozinha.
Eu já estava acostumada com aeroporto El Prat, já estive aqui varias vezes e para minha não surpresa minha mala está em uma das últimas a passar pela esteira. Coloquei meu amigo Ray Ban e fui em direção a porta para o saguão do aeroporto. Como eu tinha pedido, Martina ficou no cantinho do grande salão me aguardando ao lado da entrada da livraria porque eu não queria fotógrafos por perto e tentei me misturar o máximo possível para me manter escondida e quando me viu abriu um enorme sorriso. Tudo que eu precisava depois de 12 horas: Um sorriso verdadeiro.
Quando saímos pela porta automática, depois de nos abraçar e fazer minhas habituais piadas, o tempo me surpreendeu. Estava mais frio que eu esperava e havia uma garoa começando a cair. É inusitado porque desde a primeira vez que eu estive aqui era calor e tinha sol todos os dias, uma coisa comum em dezembro e inicio de ano já que aqui é outono para inverno.
Durante o percurso até o apartamento de Martina, ela me contou a barra que estava passando entre continuar a faculdade de jornalismo que só falta mais um semestre, os pais que a deixaram de lado e que não ligam mais e as contas que atrasaram. Enquanto ela me contava que trabalhava em dois empregos e estudava a noite eu me apavorei como ela ainda conseguia estar viva, ela não tinha folga em nenhum dia da semana. Por fim ela conseguiu se safar das contas atrasadas e por tabela conseguiu um ótimo estágio no maior jornal local.
O apartamento continua do mesmo jeito que eu me lembro. Móveis muito bem distribuídos porém simples, a única coisa que mudou foi um papel de parede que antes era de arabescos que virou floral atrás do sofá e que eu gostei bastante.
O quarto que agora seria meu é o quarto que Luana e Karina dividiram janeiro, já que agora não preciso mais dividir com Martina. Agora o quarto tem uma cama só, o guarda roupas vazio, um criado mudo e uma mesinha de computador que para mim parecia perfeita.
Deitei na cama de tão cansada e fiquei olhando para o teto. Minha cabeça girava com minha nova vida. Meu Deus eu estou aqui, já. Tão rápido tão ligeiro e agora eu não estou conseguindo me acompanhar. Olho no relógio em meu pulso e vejo que já passou das nove da noite.
– Já tem ideia do que podemos comer? – Martina estava atenta ao jornal principal do dia.
– Estou com uma preguiça de cozinhar. – Seu sotaque portunhol me faz rir. – Podemos sair e ir naquele bar comer batatas fritas.
– Desculpa Martina, eu gostaria de ficar um tempo no apartamento. Não quero ser vista por ai. – O homem do esporte começa a falar sobre a ótima fase do time do Barcelona e o prêmio ganho de Henrique como o melhor jogador do mundo deste ano. Sento ao lado dela e começo a prestar atenção no noticiário.
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Um amor além de flashes
RomanceDeterminada, sonhadora, irritante e dona total de si Helena viaja para Barcelona para estudar durante um mês com intensão de melhorar seu currículo e melhorar seu histórico profissional. O que ela não esperava era que ia melhorar também seu históric...