Um amor além de flashes

Livro 2 - Capítulo 29

Minha mãe passa a mãos pelos cabelos da mesma cor que o meu várias e várias vezes depois de eu ter repetido duas vezes a história.

– E você não vai contar para ele? – Pergunta novamente.

– Já disse que não. – Falo mordendo minha unha do dedão.

– Sabe que ele precisa saber que ele é o pai não sabe? – Pergunta como se eu tivesse cinco anos.

– Mãe eu sei disso, mas eu nunca, jamais comprometeria a carreira dele. – Minha mente abre uma imagem dele fazendo mágica com os pés com a bola em campo. – Se eu fizesse alguma coisa que interferisse eu acho que eu e muito menos ele iria perdoar.

– Mas vocês nunca conversaram sobre isso? – Pendo a cabeça para o lado em resposta. – Tá, tá o acidente, sem memórias. – Ela responde para si.

– Além do mais tem copa do mundo que começa daqui a um mês e ele está nos nervos por causa disso. – Falo. – Eu não posso tirar o foco dele.

– Amanhã vamos ao Dr. Nilton e primeiro ver a situação do bebê e depois a gente pensa o que vai fazer.

Levanto-me do sofá e vou em direção a mulher que mais amo na vida. Minha mãe é muito mais do que minha mãe, é minha amiga, minha parceira, minha cúmplice minha confidente e sou abençoada por ter uma mãe tão "mãe" do meu lado.

– Levanta a blusa deixa eu ver sua barriga.

Nosso ar de tensão havia passado enquanto ela esfrega as palmas de suas mãos uma na outra curiosa. Levanto meu moletom para ela poder analisar.

– Tenho duas teorias. – Seu sorriso se desfaz. – Ou você esta grávida de mais de um mês o que parece ser impossível devido aos ocorridos ou tem mais de um ai dentro.

Olho estática para ela com os olhos arregalados de medo. Mais de um? Puta merda e quando minha sorte vai falar alto?

Henrique me ligou quatro vezes desde essa manhã quando cheguei sempre carinhoso e se preocupando comigo, mal sabe ele que quem está preocupada sou eu.

Coloco um agasalho e saio para caminhar um pouco pela minha cidade, o céu está nublado e para meu conhecimento está sem chance de chuva. O dia cinza combina com meu estado de espírito: Eu estava cinza opaca sem ao menos um pequeno brilho.

Sento em um dos bancos a beira mar e fico contando quantas ondas quebram e vejo elas sendo puxadas para que um dia elas possam voltar novamente. Noto que estou ofegante uma simples caminhada de uma quadra me deixou exausta.

– Ai ai surpresa você não vai me derrubar não é? – Falo com minha barriga.

Pensar em que as coisas acontecem no tempo certo seria uma ironia a esta altura do campeonato. Eu poderia ter engravidado antes de sofrer o acidente, eu não teria perdido a memória e nem ter visto a mensagem do tal presidente do Real Madrid ter escrito isso. E se tudo fosse diferente?

Pensando bem a frase do tempo não se agrega a minha atual situação em nada porque seria muito mais fácil se eu ainda tivesse minhas lembranças que foram apagadas e eu provavelmente não estaria devaneando como uma pessoa sozinha sentada olhando o mar e falando com a surpresa em seu ventre.

As palavras da minha mãe viajam pela minha cabeça "Ele é o pai ele precisa saber"... Pai?

Pego o meu celular e disco o numero do meu pai.

– Alô. – Ele atende formalmente mas sabe quem é.

– Oi pai podemos conversar? – Balando a perna pela expectativa.