Livro 2 - Capítulo 39

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Essa história de ficar se virando de um lado para o outro não é minha praia. Novamente me viro para o lado esquerdo e admiro as costas nuas de Henrique e conto suas pintinhas visíveis a escuridão do quarto onde o único feixe de luz era da lua.

Me viro de barriga para cima de novo e o meu mais novo e habitual desconforto continua em mim.

–Merda. – Soco o colchão com os punhos cerrados.

–O que foi Helena? – Murmura Henrique sonolento ainda de costas para mim.

–Não consigo me ajeitar. – Choramingo.

–De novo? – Por fim ele se vira e me encara com aqueles lindos pares de olhos verdes. – Pensei que fosse dormir bem pelo menos essa noite.

Para falar a verdade eu estava contando com isso. Quando chegamos ao hotel após a longa comemoração de apresentação de Henrique que aconteceu logo depois de sua primeira aparição como jogador do Real Madri era mais de uma da manhã! Eu para variar tive que ficar sentada mais da metade do tempo, sem beber um misero gole de champagne e ainda esperando as pessoas virem me cumprimentar me dando os parabéns pelo “bebe” que estava quase ganhando.

Foi isso que as pessoas pensaram. “Nossa como vocês conseguiram esconder por tanto tempo?” “Falta pouco tempo para vocês começarem uma família” ‘’É um menino ou uma menina?”

Tive que fazer a maior cara de paisagem para as pessoas e tentar sorrir das expressões delas depois de eu dizer que estou grávida de quase quatro meses e de trigêmeos. Não gostei muito da maneira que a maioria das mulheres olhavam para minha barriga como se ter três filhos de uma vez só fosse uma anomalia.

–Quer deitar no meu braço para ver se da certo? – Ele o estende para mim. – Pode ser que você durma melhor... – Hm essa conversa esta me dando uma fome...

Estou com vontade de comer Kiwi com negresco. – Henrique abre a boca e volta a fechar.

–Não me diga que esta com desejos. – Ele pega o celular e acende o visor. – As quatro horas da manha!

–Por favor. – Faço uma cara de cachorrinho pidão.

–Não, não , não. Nem pensar. – Ele bufa.

–Henrique. – Faço uma voz fina.

–Estamos em um hotel em Madri onde não conheço nem a próxima esquina e você quer comer uma fruta se nem sequer sei se tem nesse país?

Afirmo com a cabeça como uma criança piscando os olhos.

–Não acredito que esta fazendo isso comigo. – Fala bem humorado.

–Amor eles vão nascer um com cara de kiwi, outro de negresco e outro kiwi com negresco se eu não comer.

Ele enrubesce para mim.

–Não acredito que disse isso. – Gargalha. – E ainda me chamou de amor! – Diz estreitando os olhos. – Chantagista.

–Eu? – Me finjo de ofendida colocando a mão no peito.

–Você sim. – Diz enquanto procura pela calça somente de cueca da Calvin Klein cinza.

Gostoso!

Henrique. – O chamo enquanto ele esta de costa novamente para mim colocando uma camiseta.

–O que? – Ele se vira e sei o que esta pensado: “O que virá agora?”

–Eu te amo. – Sorrio e ele me encara. – Eu te amo mesmo.

–Eu também te amo. – Suspira. – Mas me pedir para comprar kiwi e bolacha as quatro da manhã não é nenhum sinal de amor. – Implica.

Um amor além de flashesOnde histórias criam vida. Descubra agora