Pego os últimos farelos da batata Ruffles e mastigo demoradamente, a série de um grupo de adolescentes cantores está nos créditos e giro meu celular no braço do sofá. Eu estava aturdida por meu pai não ter me ligado e pensando bem ele estava certo na história.
Olho o quadro nutricional do salgadinho e levo um susto. Pensando bem eu deveria me exercitar mais e fazer alguma coisa para acabar com a energia que há dentro de mim. Olho para o sol das seis da tarde do horário de verão, e está mais que brilhando e a brisa começa a soprar.
Dou um salto do sofá, colocando o saco de salgadinho do lixo e o copo vazio de sprite na pia e vou em direção ao meu quarto, coloco meus trajes de ginástica e um tênis e escrevo um bilhete para minha mãe.
Chego a beira da praia onde há pessoas fazendo o que eu pretendia fazer. Coloquei meus fones de ouvido e deixei minhas melhores músicas ritmadas e animadas fazerem minha cabeça. Corro sem parar para beber água, apesar de o sol estar se pondo está insuportavelmente quente me fazendo suar bastante, percebo que fui longe demais e dou meia volta.
Passo em um dos quiosques a beira mar e compro uma água sem gás. Volto ao meu caminho de casa caminhando e desfrutando a bebida bem vinda em meu corpo.
– Helena! – Alguém grita meu nome e fico procurando.
Vejo um moreno alto abanando euforicamente para mim.
–Olá. – Falo percebendo que com certeza ele me conhece.
– Jonathan. – Ele parece ler minha mente. – Das aulas de dança do centro comunitário.
– Ah. – Minha melhor resposta dos últimos tempos.
– Você assustou a todos lá no estúdio com seu acidente. Que bom que não aconteceu nada grave. Eu fiquei bastante preocupado com você. – Noto as tatuagens tribais no braço direito.
Eu fitava o chão enquanto ele tagarelava ao meu lado na caminhada.
– Com que frequência nos encontrava? – Ele fica confuso e pensa no assunto.
– Quando você fazia aula de stiletto e quase todos os dias aqui na praia para correr. – Ele me relata.
– Ok, Jonathan certo? – Ele assente. – Perdi a memória no acidente. – Solto como uma bomba, sendo direta e para mim falar aquilo já não é um incomodo.
– Sinto muito, eu meio que percebi algo diferente. – Pensei que ele iria se afastar com minha fala súbita, mas foi bem ao contrário.
– Na minha cabeça tenho vinte anos e agradeceria se não contasse a ninguém. – Faço uma cara de súplica.
– Tem minha palavra. – Sorri de alivio. – Então você não sabe do nosso lance?
Olho para ele chocada e ele ri de mim. Era mais um da minha lista que brincava com minha amnésia.
– Creio que não sabe de praticamente nada do que aconteceu em três anos. – Tomo mais um gole da água e assinto. – Gostaria de ir ao centro comunitário comigo amanha e rever algumas coisas?
– Não vai dar, vou ter uma vídeo conferencia. Sabe, trabalhar a distância.
– Legal, deixa para outro dia. – Levantei a cabeça pela primeira vez para fitá-lo e vi o outdoor enorme com uma foto minha e de Henrique com a camisa aberta mostrando o tanquinho...
Bebo mais água para mudar a direção de meus pensamentos e Jonathan percorre até onde meus olhos tinham ido.
– Não se lembra de nada? – Me questiona.
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Um amor além de flashes
عاطفيةDeterminada, sonhadora, irritante e dona total de si Helena viaja para Barcelona para estudar durante um mês com intensão de melhorar seu currículo e melhorar seu histórico profissional. O que ela não esperava era que ia melhorar também seu históric...