Livro 2 - Capítulo 17

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Pego os últimos farelos da batata Ruffles e mastigo demoradamente, a série de um grupo de adolescentes cantores está nos créditos e giro meu celular no braço do sofá. Eu estava aturdida por meu pai não ter me ligado e pensando bem ele estava certo na história.

Olho o quadro nutricional do salgadinho e levo um susto. Pensando bem eu deveria me exercitar mais e fazer alguma coisa para acabar com a energia que há dentro de mim. Olho para o sol das seis da tarde do horário de verão, e está mais que brilhando e a brisa começa a soprar.

Dou um salto do sofá, colocando o saco de salgadinho do lixo e o copo vazio de sprite na pia e vou em direção ao meu quarto, coloco meus trajes de ginástica e um tênis e escrevo um bilhete para minha mãe.

Chego a beira da praia onde há pessoas fazendo o que eu pretendia fazer. Coloquei meus fones de ouvido e deixei minhas melhores músicas ritmadas e animadas fazerem minha cabeça. Corro sem parar para beber água, apesar de o sol estar se pondo está insuportavelmente quente me fazendo suar bastante, percebo que fui longe demais e dou meia volta.

Passo em um dos quiosques a beira mar e compro uma água sem gás. Volto ao meu caminho de casa caminhando e desfrutando a bebida bem vinda em meu corpo.

– Helena! – Alguém grita meu nome e fico procurando.

Vejo um moreno alto abanando euforicamente para mim.

–Olá. – Falo percebendo que com certeza ele me conhece.

– Jonathan. – Ele parece ler minha mente. – Das aulas de dança do centro comunitário.

– Ah. – Minha melhor resposta dos últimos tempos.

– Você assustou a todos lá no estúdio com seu acidente. Que bom que não aconteceu nada grave. Eu fiquei bastante preocupado com você. – Noto as tatuagens tribais no braço direito.

Eu fitava o chão enquanto ele tagarelava ao meu lado na caminhada.

– Com que frequência nos encontrava? – Ele fica confuso e pensa no assunto.

– Quando você fazia aula de stiletto e quase todos os dias aqui na praia para correr. – Ele me relata.

– Ok, Jonathan certo? – Ele assente. – Perdi a memória no acidente. – Solto como uma bomba, sendo direta e para mim falar aquilo já não é um incomodo.

– Sinto muito, eu meio que percebi algo diferente. – Pensei que ele iria se afastar com minha fala súbita, mas foi bem ao contrário.

– Na minha cabeça tenho vinte anos e agradeceria se não contasse a ninguém. – Faço uma cara de súplica.

– Tem minha palavra. – Sorri de alivio. – Então você não sabe do nosso lance?

Olho para ele chocada e ele ri de mim. Era mais um da minha lista que brincava com minha amnésia.

– Creio que não sabe de praticamente nada do que aconteceu em três anos. – Tomo mais um gole da água e assinto. – Gostaria de ir ao centro comunitário comigo amanha e rever algumas coisas?

– Não vai dar, vou ter uma vídeo conferencia. Sabe, trabalhar a distância.

– Legal, deixa para outro dia. – Levantei a cabeça pela primeira vez para fitá-lo e vi o outdoor enorme com uma foto minha e de Henrique com a camisa aberta mostrando o tanquinho...

Bebo mais água para mudar a direção de meus pensamentos e Jonathan percorre até onde meus olhos tinham ido.

– Não se lembra de nada? – Me questiona.

Um amor além de flashesOnde histórias criam vida. Descubra agora