Livro 2 - Capítulo 9

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–Tecnicamente não.–Ele me olha um pouco agoniado.

–E o que isso quer dizer?–Minha mente está como uma cena de filme de terror com fumaça de pouca visibilidade.

–Você queria fazer as coisas por si mesma sem depender de ninguém.–Isso sim combina comigo.

Fico calada de novo. É tão irracional para mim andar num carro de luxo com um estranho que me disseram ser meu namorado. N-a-m-o-r-a-d-o. Eu tenho, ou pelo menos tinha um. Será que ele sabe que eu estou com outra pessoa? Eu quero estar com outra pessoa?

–Está quieta.–Ele quebra meus pensamentos.

–Eu sou falante normalmente?

–Tão quieta você não é. –Ele ri e abro um pequeno sorriso. Ele tem um sorriso bonito.

–O que você faz?–Quero dizer, trabalha com o que?

–Sério que você nunca me viu? –Coro com sua resposta.–Sou jogador de futebol.

–Ah meu Deus, você joga no grêmio.–Aponto o indicador pra ele.

–Jogava, na verdade. Já é um começo você ouvir falar de mim.–Seu riso é triste.

Henrique começa a desacelerar a velocidade e um monte de gente com câmeras fotográficas na mão rodeiam o carro. Fico assustada com isso.

–P-Porque tem gente tirando fotos?–Seguro o acento com força.

–Eles querem saber que está tudo bem com você.–Entramos no que parecia uma garagem. Só que aquilo ia além das garagens que eu estava acostumada a ver na minha cidade.

–Você mora aqui?–Digo olhando a imensidão da casa cor de pêssego.

–Sim. –Ele também acena com a cabeça.

Caramba. Isso foi a única coisa que eu consegui pronunciar ao entrar no que se parecia um palácio de tão grande. Minha cabeça dava voltas ao olhar para todos os cantos.

–Nossas famílias estão chegando. Creio que não queira ser a atenção agora.–Como ele poderia saber?

–Na verdade não mesmo.–Olho sem jeito.

–Vem cá. Vamos subir, vou te mostrar onde é o quarto.–Ele faz um gesto para ir na frente dele.

Fomos até a última das várias portas. Henrique abriu para mim e fiquei sem jeito de entrar.

–O que foi? Pode entrar.–Ele fica me olhando.

–É um pouco desconfortável para mim entrar no quarto de um homem.–Ele olha para o lado pensativo.

–Daqui em diante será o seu quarto. –Melhor assim?

Sorrio e entro no enorme cômodo. A primeira coisa que me chamou a atenção foi o mural de colagens na cabeceira da cama. Agora sem cerimônia alguma subo na cama admirada e enfeitiçada pelas fotos.

Henrique

Helena senta em seus próprios calcanhares observando nossas fotos. Ela passa a mão por todas as fotografias e isso me deu esperança de que ela talvez pudesse se lembrar de algumas coisas.

–Eu fui à Disney?–Seus olhos estão brilhando.–E também a Paris?–Diz apontando para o casal feliz com a Torre Eiffel logo atrás.

–Nós fomos há um ano.

Ela continua olhando e não pude deixar de rir de algumas de suas expressões.

–Gostei dessa foto da piscina.–Ela diz olhando para baixo. Meu coração aperta.

Um amor além de flashesOnde histórias criam vida. Descubra agora