Prólogo
Anahi Portilla
Uma economista que eu adoro sempre diz que os sonhos são adoráveis, mas são apenas sonhos. São fugazes, efêmeros e bonitos, porém não se tornam realidade só porque você sonhou. É o esforço que faz as coisas acontecerem. É o esforço que cria mudança.
Foi com esse pensamento que eu saí de uma vila no México para cursar Economia na Stanford. Claro, isso significou largar a minha irmã caçula, Angelique, nas mãos da drogada da minha mãe, mas como ela ainda era menor de idade e eu não teria como nos sustentar, ela teve que ficar. A boa notícia é que logo ela completaria dezoito anos e iria viver comigo no Bronx.
Ok, o lugar é considerado perigoso, mas era o que eu conseguia pagar depois de sair do dormitório da faculdade. MBA não me dava o direito de ter um dormitório, então precisei dar o meu jeito. Arrumei um estágio como secretária do chefe do departamento de estratégia em uma empresa de arquitetura e fui me segurando. O problema era o estágio ter acabado há dois meses e eu ainda não ter conseguido nada. Pois é, uma grande “sorte”.
Tinha contas para pagar, uma irmã para tentar sustentar e tentar desesperadamente arrumar qualquer coisa que me impedisse de precisar voltar para o México.
Eu não contava que não conseguiria ser efetivada pelo meu antigo chefe, mas o filho da mãe escolheu me substituir por uma morena peituda. O desgraçado ainda teve a audácia de me dizer: não é nada pessoal, Anyzinha, mas a senhorita Delacour pode fazer coisas por mim que você não quis.
Claro que eu entendi do que se tratava. Ele era um velho nojento e óbvio que a morena peituda iria viver chupando o pau dele. Por isso mesmo, sai da maldita empresa de cabeça erguida. De jeito nenhum eu seria a amante, tive uma experiência traumática o suficiente para me fazer entender que essas mulheres não prestam.
Eu tinha uma boa vida, embora cheia de necessidades até os meus catorze anos. Os meus pais tinham um casamento perfeito ou era o que eu imaginava. Assim que completei quinze anos, o meu pai trocou a minha mãe pela secretária quinze anos mais nova. Angelique tinha oito anos na época. Belaflor, minha mãe, ficou pirada. Envolveu-se com gente errada, se meteu com drogas, todo dia tinham homens diferentes na nossa casa, além de ter se afastado completamente das filhas.
Então aqui estou eu, aos vinte e quatro anos, formada com honras, um MBA e um estágio de dar inveja, mas desempregada e sem ter meios de me sustentar.
Claro, tenho a ajuda de algumas pessoas: Maite, minha colega de quarto da faculdade, era a típica norte americana nascida em berço de ouro. O pai é engenheiro e a mãe é médica. Ela me ajudava com o aluguel, alegando que não me deixaria ir embora. Christian sempre foi e sempre será o meu amigo de bar. Teve uma vida boa, embora não tenha sido perfeita como a da Maite. Perdeu os pais em um acidente quando estava entrando na adolescência, então morou com a avó até se formar em arquitetura e conseguir um trabalho. Ajudava-me sendo o meu ombro amigo e me ajudando a não desistir. O cara tem uma energia tão gostosa que era impossível não acabar animando.
Certo, não sou de muitos amigos, mas os dois eram o suficiente. Amigos de verdade.
Mas eu precisava mesmo era arrumar um trabalho. Mas caramba, era frustrante ir a várias entrevistas ao dia e ter sempre a mesma promessa: obrigado pelo interesse. Entraremos em contato.
E não entravam em contato.
Eu precisava mesmo arrumar qualquer coisa. Eu já não me alimentava direito e o dinheiro que eu tinha só serviria para pagar mais um mês de aluguel. Depois disso, eu estava dependendo da boa vontade dos empregadores.
E era aí que eu me perguntava quando os meus sonhos se tornariam realidade, afinal, eu estava batalhando para ter o que eu merecia, não é?
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...