13 - Só comigo

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- Você não bebe? - virei meu corpo para frente e repousei a cabeça no sofá, virando um bom e longo gole. A minha caipirinha ainda estava gelada.

- Só suco, refri... não bebo e não uso drogas. - respondeu. Não nos olhamos, no entanto, suspeitei que ele estava deitado para trás como eu, fitando as estrelas. Lá em baixo, o som continuava alto.

- Estava fumando maconha agora. - refuto a parte das drogas.

- Não conta, é natural. Faz mais bem do que mal.

- Por que não bebe? - investigo mais, já que terei de continuar aqui esperando a minha amiga.

- Uma longa história... - se limita em dizer. - E tu? Pelo jeito, é meu oposto. Fuma também?

Dou risada.

- Bem que eu queria, mas sou muito covarde... penso muito nos meus pais antes de fazer qualquer coisa arriscada. - inclusive, estou nesse momento pensando o que eles achariam se me vissem num sofá ao lado de um cara como o Alcaida. - Como você fazia na prisão? Digo, pra ter maconha?

Olha eu, querendo saber truques de ex-presidiários.

- Nego da seu jeito... pra tudo nessa vida tem um jeito. Só não pra morte.

Viro a cabeça para ele, que, como imaginei, olhava para o céu.

Meu coração meio que se contrai com a beleza dele. Também com a distância entre nós. Jamais poderiamos nos tocar, beijar...

Eu jamais ficaria com ele nem se ele fosse solteiro, a verdade é essa. Nem sei porque fico devaneando.

E ele, de sua parte, me considera somente a neta da dona Betina e do seu Natanael, uma menina. Eu deveria agradecer por ser assim. Mas não é bem gratidão que estou sentindo.

- Você ama sua mulher? - por que diabos perguntei algo tão pessoal assim a ele, como se o conhecesse a mais de um dia e meia hora?

- Amor é uma parada complexa... - ele bebe de seu copo. - Tu já sentiu essa porra? Amor? Por um homem?

Pelo tom da pergunta, e do seu olhar, ele me considera muito inexperiente.

Pois eu minto.

- Claro... quem nunca, né? ( rsrs) - entorno meu copo, sabendo que os únicos homens que amei na vida de verdade têm meu sangue.

É intrigante como ele agora parece um ser normal, que sabe dialogar, e não um monstro. Bem que a Fabi falou que ele era educado e falava bem.

- Então já namorou? - se posiciona de modo a conseguir ter melhor visão do meu rosto, o qual está pelando de timidez. Por tanto, bebo muito mais. Preciso recuperar o controle da situação, se é que já tive em algum momento. - Vai com calma, essa caipirinha tá forte.

- Verdade, melhor eu buscar uma cerveja. - me levanto.

Já diante da mesa, escolho long neck de Bud no balde, abandono meu copo quase finalizado e tento abrir a tampinha.

Merda...

- Será que... você pode abrir para mim, por favor? Não consegui. - levo para ele.

Por que estou tão para baixo se estava feliz há meia hora atrás? Deve ser por nem conseguir abrir a tampa de uma cerveja.

Ele a arranca com sua aliança grossa e brilhosa, que deve ter sido o olho da cara.

Me devolve a cerveja.

- Obrigada. Por isso e pela ajuda com a sandália. Esqueci de agradecer aquela hora e não sou tão mal educada assim. - brinco, e vou até o peitoril ao lado do sofá, tomar ar.

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