107 - Muitas loucuras - Final Parte lV

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Tirei o short e a regatinha e os amontoei numa pilha molhada do lado de fora da piscina. De costas para o Aron, debruçada na borda, esperei ele amarrar novamente o laço da parte de cima do biquíni, que eu vesti por baixo da roupa - vim preparada.

Ninja brincava com a Isa na boia de Flamingo, fingindo ser um tubarão que queria morder um pedaço da perninha que ela sempre recolhia na hora certa, em meio a risos e sons infantis de contentamento. Bazuca e a esposa estavam na sombra, sentados lado a lado em cadeiras dobráveis.

Não pude ouvir para ter certeza, mas era bem visível que Bazuca não queria deixar Isa ir com a mãe onde quer que ela quisesse levar a menina. Fernanda aceitou uma cerveja, vestiu um maiô verde-água e, resignada, esperava a filha brincar mais um pouco, quem sabe tentando convencer o pai também.

Sorrimos socialmente e nos cumprimentamos sem muita intimidade. Com os meninos a troca de implicâncias foi mais informal, mais carinhosa. Não sei se chegaríamos a ser amigas, mas eu preferiria, de verdade, que pelo menos não fôssemos inimigas.

Tomei um gole da cerveja nevando que Bazuca me trouxe, balançando em afirmativo a cabeça quando Aron perguntou se estava bom o tanto que apertou a cordinha.

Me encoxando por trás, para alcançar o vidro de protetor solar, parou a boca de hálito morno junto ao meu ouvido e sussurrou, naquele tom que sozinho poderia causar uma tempestade interna em mim:

- Tá muito gostosa nessa posição... — chupou fraquinho o meu ombro molhado. – contigo me sinto aqueles menorzão que não controla os hormônios, tá ligada? – eu pude ouvir o sorrisinho maroto em sua voz – Em todo lugar que te vejo, todo movimento que tu faz ou posição que fica, minha mente já vê aquela maldade.

Deitei a cabeça de lado nos braços, sorrindo radiante. Ainda bem que estávamos de óculos, ou as pessoas poderiam ler nossa mente suja pelo nosso olhar. Eu e ele tínhamos uma coisa inflamável, que ao menor toque explodia. Aliás, nem precisava de tanto. Sua voz, suas palavras, seus olhares em mim, eram ateadores infalíveis.

Ele me espremeu contra a parede da piscina com seu corpo e seu instrumento desperto.

Além do vidro em minha frente, eu via o sol, num ponto acima da linha do horizonte, perder seu brilho celeste conforme a tarde rumava para o fim, mas o calor só parecia piorar, fora e dentro de mim.

- Quero você aqui nessa piscina hoje, hein. Mais tarde tu não escapa. – avisou ele, em tom de promessa que causou borbulhas geladas em minha barriga e fez os cabelinhos da minha nuca se eriçarem.

- Olha, olha... Não brinca comigo. – adverti, olhando de soslaio pro seu rosto, bem ali, do ladinho do meu. – Eu não tenho juízo, você sabe. E se o pessoal não for embora? Podem ver a gente e...

- Por que acha que tô taradão assim em você? – apertou um lado da minha cintura, porque a outra mão estava ocupada com o vidro do protetor. – Nessa idade tu me fez voltar a ser adolescente de novo, transando em qualquer canto, nem ai pra quem estiver vendo. Gostei dessa parada... Eu tava meio entrevadão já.

Virei a cabeça para a imagem de filme diante e abaixo de nós, e tomei mais um gole da garrafinha de cerveja.

- Você tem muito pique ainda... – provoquei.

- Nunca reclamaram, mas caralho... – senti suas mãos grossas passando pelos meus ombros, espalhando o protetor geladinho na minha pele aquecida. – Contigo bagulho é o tempo todo no aço, basta um olhar ou uma insinuação – a risada meio rouca e audível, disciplinada como de costume para não ser exagerada. – Sempre finalizo com o mesmo tesão que comecei.

Voltou a boca para junto da minha nuca.

- Tu passa o que nessa xereca pra me deixar assim? – disse baixinho.

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