58 Não aguenta

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Ele me levou para um beco ao lado daquele bar. Eu estava com medo. O que ele faria comigo? Não soltava meu braço! Ai, meu Deus! Por que eu vim? Por quê?

O que vai acontecer com o Júlio?

O carinha não soltava meu braço e parecia temer por ter de me segurar, me pedindo calma.

Eu cobri o rosto, e quando cai com as costas na parede do beco, ele tirou um rádio e chamou o Ninja. Mas não direto, deu o recado pra alguém que devia ser da segurança do Ninja, supus.

Eu suspirava e me afogava no choro, as mãos no rosto. Ele me pedia para parar de chorar e até ofereceu água. Eu mal conseguia respirar ou falar, imaginando o que aconteceria com o Jc.

Cadê a Fabiana? Meu celular estava com ela, como eu ia fazer?

- Minha... minha amiga, a Fabi... quero falar com ela. Você pode me ajuda-dar? - eu pedi pro moleque que me olhava como se eu fosse um problema que ele tinha que se livrar.

- Vitin? Ae, Vitin? Visão, Ninja aqui, tão onde, porra? - chegou o toque no rádio.

Meu peito se esvaziou quando ouvi a voz do Ninja. O moleque deu nossa localização e eu escutei perfeitamente entre a estática do rádio o Ninja dizer:

- Se liga ai, hein. Cuidado com ela, não vai machucar a garota, filho da puta.

- Ninja... - eu murmurei, me agachando encolhida. Precisava muito dele...

- Ele tá vindo já, valeu? Se acalma ai, pô. - o menino se agachou do meu lado, passando o fuzil pra trás. Eu peguntava por que, mencionava o nome da Fabi entre os espasmos. Eu não queria que nada acontecesse ao Jc e, no fundo, sabia que ele ia se ferrar por minha causa.

Não queria acreditar, e tentei fingir que não, mas estava na minha cara. Foi tudo premeditado para prejudicar o Jc. Por que eles tiveram todo um jeitinho comigo, e tratavam o Jc como um animal?

Foi ele! Foi o Aron!

Ele não vinha resolver pessoalmente. Sempre manipulava tudo pra passar como bonzinho, certinho. Claro que era coisa dele.

- Ai, meu Deussss!!!! - eu me lamentava abafado nas mãos. O garoto não sabia mais o que fazer e se ofereceu para ligar pra Fabi.

Eu disse o número, chamou e ela atendeu. Tava maior barulho, ela não me ouvia direito, muito menos entendia o que eu dizia. Como o som aqui estava mais baixo, por estarmos mais distantes da rua do baile, eu escutei melhor suas palavras:

- Uma filha da mãe derrubou bebida em mim e começou a causar, ai os caras vieram e trouxeram a gente pra trás do paredão. - ela falava bem alto. - Não podemos sair até terminar o baile, vamos ter que varrer a porra da rua inteira por causa dessa vaca maldita! - de algum modo ela sabia que era eu, porque falou: - Amiga, vou ter que desligar, tão implicando aqui... pode ir lá pra casa, pega a chave reserva na minha mãe, vou mandar mensagem pra Lud deixar no murinho. Não se preocupa comigo, pode ir com o Jc. Não inventa de vir aqui, hein, senão vocês também vão ficar pra varrer rua.

Ela desligou.

Eu chorei ainda mais, porque pelo jeito sobrou até pra ela. Ele armou até pra Fabi, porque acha que é ela quem me influência a ficar com o Jc.

Hoje ele está louco!

Entrego o celular pro garoto, escutando uma voz:

- Rala, rala, rala! Porra, tá em cima por que, moleque? Puxa teu bonde, fecha o beco lá. - quando olho, vejo o ninja com sua roupa branca vindo em minha direção. Lá na entrada do beco, alguns soldados mantendo a guarda.

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