Ele trouxe uma blusa seca para mim, que tirou de sua mochila. Jogou ela em seu ombro, e agora me olhava nos olhos, sem pressa, calmo.
- Ergue os braços. - pediu, e eu fiz sem nem precisar pensar.
Ele arrastou minha blusa grudada para cima pela minha barriga, descobrindo minha pele, a passando pela minha cabeça e braços. Um sutiã verde-escuro protegia meus seios.
Seus olhos caminharam bem devagar para baixo, pelo meu colo, descendo mais e se aventurando pelo meu corpo. Logo seus dedos hábeis abriram o botão da minha calça.
Se agachando apoiado em um joelho na minha frente e com olhos curiosos — afinal, eu ainda não estive tão exposta assim para ele, de perto e tal — desceu o jeans pesado de água pelas minhas pernas.
- Tá fria, tadinha... - constatou, ao erguer minha panturrilha para passar meu pé direito para fora do círculo da calça.
- Estou com um pouco de frio. - admiti, apesar de não ser preciso, se levando em conta o tanto de chuva que tomamos.
- Vou te esquentar. - tirou o outro pé e afastou a calça pelo chão, pouco se importando com ela.
A luz de seu aparelho no ouvido ficou vermelha. Ali dentro, aonde parte dos barulhos externos era bloqueada, eu pude ouvir o falatório que ele escutava no fone também. Mudo, não participou de nada daquilo, apenas passou a preparar a camiseta para eu vestir.
Ficou em pé e quando ia enfiando-a pela minha cabeça, o impedi e apertei uma de suas mãos.
- Não vai... Você não precisa, Aron. É o chefe, tem que ficar protegido como todos os chefes fazem. Tem que proteger sua vida.
Suas mãos caíram; ele parecia estar se rendendo, cansado.
- Realmente não preciso se eu não quiser, mas eu quero, Lia. Não posso ficar aqui sendo feliz enquanto o mundo tá se acabando em bala lá fora. Eu tenho que ser exemplo, sacou? - me mira, ternura notável no semblante. Em seu rosto algum sinal de felicidade estava implícito por me ver.
O chamam no fone; me pareceu a voz do Bazuca perguntando por ele. Perguntando aos berros.
- Tô aqui. Tô descendo já, segura ai. - Aron falou, apertando o pequeno botão do microfone, me examinando prolongadamente.
Não posso deixar ele sair daqui... Não sei bem porque, mas não posso, nesse momento pelo menos, permitir que ele abra aquela porta e vá debaixo de chuva enfrentar seja la o que lhe espera.
Será que consigo impedir? Eu posso?
- Veste essa camisa, depois tu troca a calcinha e o sutiã. Tem algum seco na sua... - ele pausou seus movimentos e sua fala ao perceber o que eu estava fazendo.
Regressei um passo, retorcendo as mãos nas minhas costas, deixando meu olhar perdido junto ao seu.
Soltei o fecho do sutiã e tirei as alças pelos ombros, permitindo que a peça caísse no chão.
Ele não se mexeu, mas não resistiu por muito tempo e teve que olhar meus seios - os olhos mudaram de direção numa só piscada. Encaravam agora meus mamilos enrijecidos. Ele parecia pasmo. Pego desprevenido. Atormentado e estagnado.
- Você mesmo disse que não precisa. Por que não avisa que vai demorar um pouco? - empurrei as laterais da calcinha para baixo com os polegares, vagarosamente, enquanto ele seguia observando vidrado.
- Não posso... - ele queria se negar, só que seus olhos me comiam viva.
Ele ia se privar do prazer para manter sua honra de homem?
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Pique Al-Qaeda
Roman d'amourEle é uma bomba, um perigo. Ela sabe que não deve se arriscar tão perto, que pode se ferir com uma iminente explosão. Lia tem 19 anos, e uma perda a levou para o morro do Sol. Ajudar a família vem em primeiro lugar, até mesmo antes de seus desejos...