10 - Admirador secreto

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- DE JEITO NENHUM EU VOU EMBORA, FABI! -  ecoou em alto e bom som para ela, defronte seu rosto apático

Estou aproveitando mais que ela ou qualquer outro esta festa.

- Prometi pro teu pai que às uma e meia estaríamos em casa! - ela grita de volta, tampando os ouvidos com os dedos

Estamos na área de lazer dos fundos da casa do Ninja. Ele nos recebeu super bem, simpático e educado.  Depois de um tempinho, nos deixou sozinhas

Fabi conseguiu convencer meu pai de que se tratava de uma festinha inocente de amigas dela, esquecendo de acrescentar informações importantes, como o surpreendente fato de não ter uma mulher feia entre as tantas que dançam no espaço aberto.

São magníficas de gostosas, e suas roupas, muito mais escandalosas do que meu vestido branco com estampa de florzinha. Se por um lado me incomoda ele ser drapeado nas laterais, o que o faz ficar mais curto, além de exibir a pele dos ombros por ser de alcinha, por outro, as moças não parecem se importar em mostrar bem mais em suas roupas quase inexistentes e apertadas

Mas, mesmo assim, estou gostando.

Fabi também estaria, se não estivesse bancando a responsável. E ela não estaria bancando a responsável, se não estivesse brava com o Ninja, que há mais de uma hora havia sumido, aparecendo novamente somente há dez minutos atrás.

Reapareceu ao lado de uma dessas deusas. Na verdade, duas delas. Uma atada em cada braço. O trio tinha um semblante - pelo amor de Deus, é uma suposição. Não sei que cara as pessoas fazem após algo desse tipo - de quem havia transado.

Ninja sorri o tempo todo, para todos, mesmo que talvez, só talvez, pareça ameaçador com uma pistola pendurada na cintura.

Ele faz questão de que seu comportamento de anfitrião atencioso desafie as pessoas a duvidarem de sua capacidade de usar aquela arma. Fabi me disse para não se deixar convencer pelo sorriso dele, pelo jeito amigável ou aqueles olhinhos " puros".

Ele é o mais maluco do trio, ganhando até do Alcaida.

Não, pera. O que foi mesmo que ela disse?

Esquece, já bebi o suficiente para que meu cérebro esteja escorregadio.

Recapitulando, Fabi tinha esperanças de que voltaria a ficar com o Ninja hoje, por ele nos convidar a vir. Ela não era tão sensível assim antes, juro.
Era mais desapegada, porém hoje não deve ter sido um bom dia para ela.

Ninja preferiu a companhia masculina dos homens armados - que estão em minoria em relação à quantidade de mulheres -, os quais, aposto eu, são todos gente do bonde deles.

Dúvido que o Ninja não tenha passado o rodo geral enquanto Fabi fingia beber e dançar comigo. Sim, fingia. Se ela estivesse mesmo bebendo a mesma quantidade que bebi, não estaria agora nesse desânimo, me chamando para ir embora.

Meu pai deve estar dormindo, não vai nem saber a que horas cheguei. Quero aproveitar que Alcaida não veio para me divertir sem culpa e, quem sabe, beijar algum homem solteiro, que não seja necessariamente bandido. Tudo bem que aqui não deve ter um " não bandido" no menu. Sendo solteiro, já é um passo bem grande em relação aos homens que conheci desde que cheguei a este morro.

Ninja me perguntou o que eu gostava de beber. Não pude mentir. Gosto de cerveja, mas me amarro mesmo é numa boa caipirinha ou caipivodka.

Ele mandou buscarem os ingredientes - basicamente limão, vodca e pinga - e deixou um dos seus soldados encarregado de manter meu copo cheio. A última jarra que o sujeito - Dedé o vulgo dele - fez, ainda está pela metade na geladeira aqui de fora. Tão logo eu finalizo meu copo, alguém sempre o reabastece, não necessariamente ele. Sinto que Ninja deixou mais de um de olho em mim para cumprir essa função. Das onze até agora, devo ter bebido caipirinha e caipivodka para um ano inteiro.

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