Ele precisava falar comigo pessoalmente, mas não apareceu. Odeio quando ele faz isso.
Dormi e acordei sem mensagens dele. Avisei a vovó que teríamos visita e ela se alegrou por eu fazer uma nova amizade aqui no morro, já que Jc me abandonou (tendo suas razões) e Fabi vira a cara quando nos vemos.
Sinto tanta falta dela... Me imaginei contatando sobre o lugar que fui ontem. Ela ia adorar ouvir, gosta desses eventos assim. A gente criaria teorias juntas sobre a loira misteriosa, então eu tocaria um pouco e cantaria para ela se acalmar e se alegrar quando sua tristeza sempre repentina a abatesse. Depois eu faria umas gracinhas e ela fumaria seu baseado. Em instantes, estaria melhor e voltaríamos a comentar sobre a coroa.
Mas não vou ceder!
Ela me deve uma resposta, a verdadeira resposta. Se não teme nada, por que esconder tantos segredos?
Eu me abria com ela, sempre contei tudo, já ela sempre escondia uma coisinha ou outra. Esse tipo de amizade, onde só um lado confia, não me serve.
Mergulho logo pela manhã na nossa piscina fria.
Como umas frutas e tomo café preparado pela vovó e levado para mim no quintal. Ela me pergunta o que quero de almoço. Peço arroz, maionese e churrasco. Ela diz que meu pai vai cuidar da parte da carne.
Ele sai de bermuda, sem camisa e usando óculos de sol. Seu peitoral está peludo, o que critico.
- Vou passar a maquininha amanhã, prometo. - ele garante, antes de abrir o lacre de sua primeira cerveja do dia.
Quando Mel avisa numa mensagem que está em frente de casa, embrulho a parte de baixo do corpo numa toalha e saio para recebe-la, molhando todo o percurso. Minha avó vai pirar com isso!
Mel estava ainda mais linda que ontem, de short jeans e top faixa preto, ostentando suas correntinhas lindas de ouro.
Ela também usa óculos escuros grandões e um chapéuzinho Prada estiloso na cabeça. Como graças a minha mãe eu conheço muito bem produtos de marca e ouro, sei que não são originais. Não estou julgando, longe de mim. Também não tenho quase nada de ouro, a não ser umas finas correntes antigas que ganhei dos meus pais. E roupas de marca, só uso porque minha mãe faz questão. Não ligo MESMO para nada disso.
Sorrimos mutuamente e nos abraçamos apertado. Estamos as duas animadas para esse dia. Eu quero muito conhece-la melhor.
Assim que nos soltamos, avisto a Fabiana saindo pelo portãozinho ao lado da minha casa. Ela tem aquele mesmo semblante fastidioso, nos olhando com certa antipatia.
Quase sigo meu impulso de chama-la, de sorrir e gritar " Fabi, essa é a Mel, conheci ontem numa loja". Ela primeiramente ia sentir atração pela garota, desejo de bi, depois, a odiaria quando eu começasse a conversar muito com ela. Fabi é ciumenta. Comigo ainda mais!
Longe disso, abaixo a cabeça. Fabiana saca o celular do bolso e sobe a rua se distraindo com ele, só para não se sentir patética. Conheço ela.
Eu faria o mesmo.
Com o coração penalizado no peito, convido a Mel para entrar e mostro o caminho, olhando uma última vez a garota pálida, de short desfiado e camiseta preta comprida, subindo a rua. Ela podia estar aqui com a gente, penso, fechando o portão.
Meu pai e minha avó adoram a Mel; ela é cativante, além de ser um colírio para os olhos e ter um jeitinho meigo de conversar que magnetiza.
Subimos para o meu quarto, para ela vestir o biquíni que trouxe. Também deixo algumas opções minhas sobre a cama, caso ela queira. Era hábito com minhas amigas emprestar minhas coisas. Eu não ligo.
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Pique Al-Qaeda
RomanceEle é uma bomba, um perigo. Ela sabe que não deve se arriscar tão perto, que pode se ferir com uma iminente explosão. Lia tem 19 anos, e uma perda a levou para o morro do Sol. Ajudar a família vem em primeiro lugar, até mesmo antes de seus desejos...