Capítulo 1 - Bar Cabeça de Javali

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Um brilho sem som iluminou os arredores de Hogsmeade, revelando uma bruxa de cerca de vinte e poucos anos, pele branca e pálida, rosto oval com queixo fino e olhos lilases. Ela colocou óculos escuros para ocultar a peculiar cor dos olhos e caminhou elegantemente até o Bar Cabeça de Javali.

As luzes bruxuleavam fracamente, lançando sombras dançantes nas paredes encardidas e cobertas de teias de aranha do Bar Cabeça de Javali. O ar estava carregado com o cheiro pesado de bebida barata e suor, um contraste amargo com a presença elegante e fria da bruxa que acabara de entrar. Ela avançou, suas botas ecoando no piso de madeira rangente, e a sala inteira pareceu encolher-se à medida que os olhares se voltavam para ela, incluindo o de um bruxo de aproximadamente cinquenta anos, de pele gordurosa, barriga proeminente e cabelos ralos, que se aproximou com um sorriso cheio de dentes amarelos.

- Ora, o que temos aqui? - Ele a olhou de cima a baixo com um ar de cobiça. Ela o olhou com repugnância e se esquivou como se ele fosse um verme no caminho dela. Ele persistiu, agarrando-a pelo pulso com impaciência. - Não seja má educada, eu lhe fiz um convite e... AARREE!

Antes que pudesse terminar a frase, uma fumaça roxa e densa o envolveu, e quando se dissipou, ele estava pendurado no ar pelo tornozelo, usando um vestido verde limão de saia rodada e com o corpo coberto por vermes gosmentos, a mão que ele usou para segura-la foi transfigurada num tentáculo, os clientes do bar riram da situação. A moça se abaixou um pouco para olhar para o rosto dele, mesmo com óculos escuros ela parecia ser muito mais ameaçadora do que sua figura esguia aparentava, o homem engoliu em seco, mas ela se endireitou o ignorando e se aproximou do balcão empoeirado onde o dono do bar, um homem com olhos azuis enigmáticos, estava limpando um copo sujo com um pano mais sujo ainda.

- O que vai querer? - disse ele guardando o copo e o pano embaixo do balcão.

- Diga a Alvo Dumbledore que a senhorita Prince deseja vê-lo, por favor. - disse ela com a voz desprovida de emoção.

Ele cuspiu no chão e a olhou com rebeldia - está vendo Alvo Dumbledore aqui garota?

Ela retirou os óculos escuros e olhou para os lados com uma demonstração de sarcasmo exagerada - Oh, ele não está aqui? Pensei que o cheiro de bode viesse dele, ou será que confundi os irmãos?

Os clientes do bar riram o que a fez se virar para eles, todos ficaram em silêncio, ela sacou a varinha e com um movimento abriu a porta do bar.
- Saiam. - disse com um voz monótona. E os 3 clientes que estavam lá correram pra fora.

- O que quer? - perguntou Aberforth rabugento.

- Alvo Dumbledore, desejo vê-lo. - respondeu revirando os olhos.

- E eu desejo ver um bode azul, mas querer não é poder não é mesmo? - disse ele com desdém.

Ela não respondeu, apenas deu um leve sorriso e conjurou dois copos de cristal muito bonitos, e um garrafão de hidromel, serviu os dois copos, e tomou do seu num só gole, depois empurrou o outro copo em direção a ele.

Aberforth fitou o copo por alguns segundos, então quebrou o silêncio perguntando - O que quer com o Alvo garota?

- Isso não é da sua conta - disse ela se servindo de mais bebida com um movimento da varinha.

- Ele é ocupado e não tem tempo para joguinhos. Preciso saber pelo menos o tema da conversa para decidir se o chamo ou não. - disse ele olhando para a garota e para o copo a sua frente.

- Diga meu nome a ele, e sei que me receberá. - afirmou ela, então se virou para encarar o homem que ainda estava pendurado de ponta cabeça, ela fez um movimento horizontal com a varinha, e o homem caiu no chão todo desengonçado. Irritado, ele pegou a varinha dele do chão e apontou para a bruxa, mas antes que ele pudesse sequer abrir a boca, ela lançou um feitiço não verbal que explodiu a varinha do bruxo em fagulhas multicoloridas.
O homem deu um grito e correu, mas tropeçou caindo espalhafatosamente, então se levantou erguendo a barra do vestido verde limão usando o seu braço tentáculo e correu para fora.

Aberforth deu uma gargalhada.
- Mundungo mereceu, fazia tempo que eu não via um feitiço tão bom. Qual você usou na varinha dele? - perguntou ele curioso.

- É um feitiço inventado, uma variação do feitiço reducto, misturado a bombarda e um toque de vermilious, mas foi aperfeiçoado para ter um feixe mais delicado, e mais preciso, para acertar objetos pequenos. - disse a garota com a voz monótona se virando para ficar de frente a ele.

- E se você errasse e acertasse a mão dele ao invés da varinha? O que aconteceria? - perguntou ele franzindo o cenho.

- Não sei, já usei esse feitiço centenas de vezes, mas nunca errei a mira. - disse ela dando de ombros. - Agora você vai chamar o seu irmão, ou terei que azarar você também, hum? - disse ela com um sorriso ameaçador e apontando sua varinha para o rosto dele, ele reparou que a varinha era peculiar, mas deu um passo para trás frente a situação, ela riu e colocou a varinha sobre o balcão como se oferecesse para ele examinar. Ela inclinou levemente a cabeça, a diversão brilhou em seus olhos por um instante. A ameaça velada em suas palavras não foi desperdiçada em Aberforth, cujos dedos vacilaram momentaneamente antes de agarrar a varinha antiga. A bruxa, por sua vez, manteve o sorriso pequeno e misterioso, como se apreciasse o jogo que estava jogando.

- Como sabe que ele é meu irmão? - perguntou ele examinando as runas cravejadas em prata que rodeavam a varinha. - É uma bela varinha. - disse ele curioso - AI! - ele soltou a varinha, que agora soltava uma leve fumaça.

- Desculpe por isso, ela tende a ser temperamental. - disse a moça pegando a varinha que se apagou, e a guardou na manga da capa.

- É uma varinha incomum. Você é incomum também? - perguntou o homem se apoiando no balcão para encara-la.

- Talvez eu seja. - disse ela se servindo de mais hidromel e tomando tudo num só gole, ele pegou o copo oferecido a ele e virou inteiro como ela fez.

- Bom hidromel, que seja você venceu, vou avisá-lo, mas duvido que ele responda - ele pegou uma varinha gasta e apontou para um livro empoeirado no chão que se abriu, depois se serviu de um copo de hidromel - Pronto, ele virá se estiver interessado - disse e bebeu todo o copo num gole só.

Ela ainda o encarando, ergueu a varinha e trancou a porta do bar com um movimento gracioso, alguns segundos depois um bêbado tentou abrir a porta, mas sem sucesso, saiu resmungando noite adentro.

- Ah que maravilha, me fez perder os clientes e agora me impede de conseguir mais.

- Não gosto de pessoas, melhor não entrarem - disse ela conjurando mais uma garrafa de hidromel, Aberforth sorriu e se serviu de mais.

- Se não gosta de pessoas, do que gosta então? - perguntou ele rindo.

- Animais, criaturas, qualquer ser incapaz de raciocínio - disse ela dando de ombros.

- Eu gosto de bodes - disse Aberforth

- Se você não me contasse eu nunca teria percebido - disse ela com sarcasmo, mas os dois riram.

- Bodes não traem sua confiança, não tem vergonha de andar com você, bodes não te decepcionam, e o pior que podem fazer é estourar uma cerca ou comer sua bota favorita, e o melhor, bodes não lançam feitiços. - disse ele com o olhar distante.

- Bodes não lançam feitiços... - murmurou ela para si mesma digerindo a informação das entrelinhas fitando o próprio copo em silêncio.

De repente acima deles, num estrondo alto, uma pena vermelha caiu no balcão. Aberforth sorriu, pegou a pena e a exibiu olhando para a garota.
- Você deve ser importante, ele está vindo.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora