Capítulo 39 - Seguir em Frente

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Dumbledore compartilhou toda sua história com Grindewald, e como tudo terminou com a morte trágica de sua irmã.
- Eu nunca vou me perdoar, por isso me conformo em ficar longe do poder, para nunca me sentir tentado novamente, e penso sinceramente que você deveria fazer o mesmo.

- A que se refere? - perguntou ela confusa.

- Fique Ella, colocarei você como professora de artes ocultas, ensinará aos alunos sobre legilimência, oclumência, os segredos da aparatação, e magia de luz, que cá entre nós é sua especialidade. - incentivou Dumbledore.

- Eu adoraria, mas não posso. - disse ela encarando Dumbledore com um olhar sincero.

O diretor suspirou.
- Eu conheço esse olhar, o olhar de quem carrega um grande fardo, e que não o deixaria para outra pessoa nem que pudesse.

- É verdade. - concordou ela - eu tenho um propósito, e já perdi demais para deixar tudo para trás agora.

- Eu compreendo - ele se aproximou segurando as mãos de Ella nas dele. - a partir de hoje estamos um na vida do outro, vamos permanecer unidos na luta contra Carrow, e contra Voldemort.

- Falando de Carrow, vamos continuar nossa conversa sobre a investigação. - disse ela se afastando e quebrando o clima amistoso do momento.

- Claro, na casa você disse que os corpos eram um tipo de recado para você. - disse Dumbledore examinando peças de prata sobre uma mesinha.

- Sim, eu conheci os dois, eram comensais da morte, parentes dos comensais que matei no passado, Severo também os conhecia. - revelou ela desconfortável.

- Por que ele mataria antigos comensais da morte? - perguntou Dumbledore sem tirar os olhos dos instrumentos de prata que agora começaram a emitir fumaça.

- Minha mãe seguiu o lorde das trevas para que ele nos protegesse de Carrow, e assim foi, Allister não ousou ir contra Riddle, e nos deixou em paz. - explicou ela cruzando os braços. - Quando eu estava no cativeiro, acabei revelando sob tortura, que matei aqueles homens.

- E agora ele matou aqueles dois para lhe mostrar Voldemort não pode mais te proteger, e que eu não iria te manter sob minha proteção quando descobrisse seu passado - completou Dumbledore que já imaginava aquilo antes, ele e Alastor já sabiam que os dois corpos eram de antigos comensais.

- Exatamente, ele quer afetar meu emocional, quer que eu me veja sozinha, sem apoio, dividir e conquistar, é o lema dele. - comentou ela enojada.

- Ele não imagina que eu entendo bem o que é ter um passado sombrio, e não te julgo pelo que fez. - disse Dumbledore se virando para encarar a garota que fez uma careta - eu realmente não julgo Ella, não foi certo, admito que você foi cruel e implacável de forma que me assusta, mas dado seu passado, tudo pelo o que passou...

- Não me justifique Alvo, eu sou assassina, e nunca vou me perdoar por isso. - disse ela com a voz afogada em remorso.

- Você era uma criança, cresceu em meio a pessoas cruéis, sua mãe claro, te amava, mas não te protegeu como deveria, ela colocou um fardo pesado sobre seus ombros muito cedo, você não conhecia empatia, nem caridade, nem perdão, e os fios que te prendiam a humanidade se perderam quando Edithe morreu. Eu não a culpo por ter feito o que fez, mas a aplaudo por ter se redimido. - disse ele com a voz reconfortante.

- Eu conheci meu pai quando fui capturada por Carrow, ele estava preso junto com as outras criaturas mágicas, foi pego tentando me retirar de lá. - revelou ela num misto de ansiedade e tristeza.

- Mas seu pai era um anhangá completo, ele poderia ter deixado a prisão a qualquer momento que desejasse, já que a espécie pode se teletransportar entre dimensões. - ponderou Dumbledore pensativo.

- Você precisa me explicar melhor sobre a espécie outra hora, mas sim, é verdade, ele poderia ter saído, mas ficou por mim, ele estava muito ferido, não nos davam comida, e água era muito raro, sem forças ele não conseguia me tirar de lá, e Carrow o mantinha em uma espécie de coma, o que o impedia de usar sua magia, ele conversava comigo por telepatia, isso evitou um pouco que eu enlouquecesse. - contou ela perdida em seus pensamentos.

- Como ele morreu? - perguntou o diretor após um tempo em silêncio.

- Carrow o matou quando tentei fugir, e isso me anulou completamente, não tive mais forças para lutar, fiquei catatônica por meses. - relembrou ela com tristeza.

- Foi nesse tempo que você resolveu pedir ajuda aos aurores?

- Foi, comecei a praticar magia sem varinha, fisicamente eu não movia um músculo, psiquicamente eu estava exausta, mas foi assim que consegui. - respondeu ela com lágrimas nos olhos, seu rosto inchado por chorar demais, com olheiras profundas pela noite sem dormir, a pele pálida de forma doentia, ela parecia uma casca vazia.

- É isso que estou tentando dizer Ella, você passou por muita coisa, e não teve apoio, não tinha ninguém para te guiar, você era uma criança e só conheceu terror, maldade e tortura, não se afogue em mágoas pelo o que fez, ao invés disso, siga em frente, agradecida por ter conhecido pessoas maravilhosas, e por ainda ter Severo, e ter a mim, seremos sua família, até Aberforth tem carinho por você e só te viu uma vez. - comentou Dumbledore sorrindo.

Fawkes deu pio alegre e voou até o ombro da garota e deu beliscadinhas amorosas na orelha dela.
- Até Fawkes te ama - comentou o diretor rindo - tem os centauros que são tão reclusos mas te adoram, tem Hagrid que te admira e os professores que tem muito carinho por você, tem os alunos que são apaixonados pela sua didática e forma de ensino, você tem tudo para seguir em frente Ella.

- Eu tenho um propósito a cumprir - disse ela afagando Fawkes.

- Só porque possui um fardo não significa que tenha que carrega-lo com tristeza e solidão, você pode seguir em sua missão, sabendo que tem o apoio dos que te amam, que sempre terá um lugar para voltar, que sempre terá um ombro para chorar, e sempre terá a mim e a Severo, para sempre. - disse Dumbledore brandamente, fazendo a garota se emocionar.

Um som de batida na porta tomou a atenção dos dois quebrando o encanto do momento.
- Entre - disse o diretor encarando a porta.

Severo entrou arrastando sua capa pelo chão.
- Tenho informações importantes.

- O que é tão grave para que você precise interromper uma conversa séria? - perguntou Dumbledore preocupado.

- Eu sei o por que Ella não morreu quando o lorde das trevas a amaldiçoou, enquanto Edithe morreu sem chance de cura. - revelou Severo avaliando o rosto de Ella e vendo que ela chorou.

- Foi por causa do antídoto. - afirmou ela sem paciência.

- Não, não foi. O lorde das trevas nunca quis te matar. - revelou Severo deixando uma aura de mistério no ar.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora