Capítulo 50 - Birutas e Brilhantes

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Dumbledore não culpou Alastor por ter levado Ella a Askaban já que a moça era adulta e sabia exatamente o que estava fazendo, ele também compreendia a determinação dela em capturar Carrow e impedir que ele machucasse mais pessoas. E o que ele viu na mente do rapaz, o deixou perturbado o suficiente para que ficasse em silêncio por todo o trajeto até Hogwarts.
Alastor havia se despedido, e ele apenas acenou para dispensa-lo, Ella olhou para o rosto dele confusa, mas nem ela nem Moody quiseram questionar, Dumbledore sempre foi biruta a seu modo.

Chegando na escola Dumbledore segurou o braço da moça a impedindo de entrar no castelo.
- Espere, quero falar com você, e vai ser mais fácil aqui com a essa vista. - disse ele calmamente como se nada tivesse acontecido, apontando para o lago.

- Não quero falar sobre isso, já passou, já aconteceu, e não há nada que se possa fazer. - comentou ela em tom definitivo.

- Ah existe muito o que se fazer! - disse ele com um sorriso bondoso.

- Tá, vamos passear perto do lago nesse frio e com neve fofa por todo canto. - disse ela com ironia, já indo em direção ao lago. - Só não me olha desse jeito, ou vou te azarar com um feitiço tão rápido que nem mesmo você o brilhante Alvo Dumbledore terá tempo para bloquear. - ameaçou ela com as mãos na cintura e um tom azedo na voz, que fez o diretor rir divertido.

- Eu estou bastante velho, meus reflexos podem falhar, mas tire minha curiosidade, qual azaração usaria nesse pobre velho? - perguntou ele legitimamente interessado. Ella pensou por alguns segundos.

- Eu gosto muito de transfigurar os braços das pessoas em tentáculos, mas você é um transfigurador excepcional - ponderou ela - então teria que ser algo que você não conseguisse perceber, ou algum feitiço que demore para se desfazer.

- Uhum, verdade. - concordou ele se divertindo com a idéia de acabar caindo em uma pegadinha, desde quando era criança ninguém ousava azarar ele, era engraçado pensar que depois de tantos anos, uma menina que acabara de se tornar adulta o ameaçasse com uma azaração.

- Por que está rindo? Acha que não sou capaz? - perguntou ela apertando os olhos.

- Estou rindo porque sei que é bem capaz disso. - respondeu ele parando a beira do lago congelado. - Gosto da idéia de alguém me ver além do cargo de diretor e além da minha perícia mágica.

- Não me entenda mal, eu respeito o senhor, mas se me irritar eu vou reagir, e não importa quem seja. - respondeu ela sorrindo.

- É bom vê-la sorrir, mas temos um assunto sério a tratar. - disse ele com a voz mais firme.

Ella parou de sorrir, e seu rosto ficou um pouco mais pálido.
- Vamos logo com isso.

- O que eu vi na mente daquele rapaz, era mais do que maldade, e o que fizeram com você... Aquilo foi além de tortura, era desumano, nojento, monstruoso. - disse ele com expressão de repulsa. - Você tem cicatrizes?

- Tenho, na coluna e nas pernas, e essa do pescoço, ele tentava não ferir meu rosto, porque dizia que me queria bonita. - lembrou ela inexpressiva.

- O que fizeram com sua coluna, com seus ossos, qualquer outro ser humano teria morrido, e os gritos, Carrow gargalhava enquanto você gritava! Eu senti asco, nojo, repulsa! - comentou ele com um olhar de pena.

- Já disse pra não me olhar assim! - disse ela levantando a voz.

- Desculpe! Mas não posso evitar de sentir pena, compaixão. Eu não imaginava que tivesse sofrido tanto, a ponto de arrancarem seus ossos e os substituirem por outros sem usar anestésico, a zombaria ao ver sua dor, foi desumano! - ele comentava com a voz gentil, mas Ella sentiu uma ponta de raiva crescer nos sentimentos dele.

- Carrow fazia questão que eu estivesse consciente, ele dizia que a dor me tornaria forte. E que depois de tudo eu seria igual a ele. - comentou ela relembrando com um olhar distante. - Riddle também tentou fazer isso, ele queria que eu matasse e torturasse de boa vontade, acredito que seja por isso que ele lançou esse feitiço nojento em mim.

- Eu pensei que você fosse uma pessoa com um passado sombrio, cheio de morte e vingança, mas vi na mente do rapaz que você deixou muitos escaparem, você selecionou as pessoas que te fizeram mal, com um frieza excepcional. - disse ele com calma procurando as palavras para chegar onde queria, ela ficou em silêncio por alguns segundos.

- Quer saber o por que o deixei viver não é? - disse ela sem tirar os olhos do horizonte.

- Sim - respondeu Dumbledore também olhando para frente.

- Eu dei a desculpa que ele viveria para dar um recado para Carrow, mas na verdade o deixei viver porque quando era ele quem me torturava eu sentia que ele não queria fazer aquilo, ele fazia por obrigação, por lealdade, não porque gostava de ver a minha dor. - explicou ela com a voz ressentida. - ele só queria pertencer a alguma coisa importante, era só um rapaz idiota com idéias induzidas por outros, manipulado para obedecer.

- Você não o culpa? - perguntou Dumbledore pensativo.

- Não desejo o mal para ele, mas também não desejo o bem, meus sentimentos em relação a ele são neutros. - respondeu ela dando sinal que não queria mais falar sobre aquilo.

- Não irei mais te lembrar sobre isso, eu só queria entender melhor essas questões. - explicou ele.

- Vamos voltar para o castelo? Estou ansiosa por um chocolate quente. - perguntou ela animada pra mudar de assunto.

- Só mais uma coisa, porque Sirius Black queria saber se iria te ver novamente?

- Falei com ele brevemente ao passar pela cela, disse a ele para buscar se redimir, se arrepender de seus erros, que nunca era tarde para voltar atrás. - disse ela dando de ombros.

- Foi muito nobre da sua parte. - comentou Dumbledore com um sorriso bondoso.

- Ah! Eu ia quase me esquecendo. - disse ela revirando os bolsos da capa.

- O que seria? - perguntou ele curioso.

- Seu presente de natal - disse ela retirando um embrulho pequenino do bolso, depois apontou a varinha murmurando "engorgio", e o presente ficou do tamanho de uma caixa de sapatos, ela estendeu para Dumbledore que pegou a caixa com um sorriso animado e abriu diante do olhar ansioso dela.

- Uma lata de balinhas ácidas! - disse ele surpreso lendo o rótulo. - Eu adorei! - agradeceu ele genuinamente feliz.

- Que bom que gostou! - disse ela com um sorriso enigmático que Dumbledore não percebeu.

- Vou até comer um - disse ele animado pegando um dos doces e colocando na boca, então o rosto dele se contorceu e a pele se retraiu fazendo com que sua cabeça ficasse mínima, depois uma fumaça roxa o envolveu e ele voltou ao normal.

Ela deu boas gargalhadas diante da surpresa no rosto dele, ele riu deliciado com a diversão, e até colocou outra bala na boca para experimentar a sensação novamente, mais fumaça roxa, ele ofereceu uma a Ella que aceitou animada, e ambos davam gargalhadas gostosas como duas crianças com um brinquedo novo. Dumbledore estava até corado de tanto rir quando McGonagall se aproximou os olhando com desaprovação.
- Ora francamente Alvo! Você e Prince parecem dois bobos!

- Coma uma balinha Minerva, vai melhorar esse seu mau humor. - ofereceu o diretor, Minerva pegou uma bala olhando desconfiada para o doce, e o colocou na boca, quando a fumaça roxa se dissipou Dumbledore e Ella riram da cara de espanto da professora.

- Vocês são igualmente birutas. - disse ela irritada seguindo para o salão principal.

- Obrigado pelo presente Ella, eu passo tanto tempo me ocupando com assuntos de alta importância que as vezes me esqueço de que sou capaz de rir de coisas bobas, foi um dos melhores presentes que já ganhei. - revelou ele dando um abraço apertado na moça.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora