Chegou o dia da inspeção em Askaban e ela se vestiu com cuidado, seus pensamentos ainda martelando as lacunas no caso de Sírius Black, poderia ele ser inocente? Não, isso não era possível, nem Dumbledore acreditava nisso, mas havia algo mais nessa história e Ella cavaria fundo até completar sua linha de raciocínio.
Ella, o ministro e alguns aurores andavam pelos corredores entre as celas de Askaban, com os dementadores a uma distância segura (Ella conjurou seu patrono mesmo sem necessidade, para não causar suspeitas em Fudge). Eles conversavam sobre trivialidades enquanto Ella foi ficando para trás discretamente, ela se aproximou da cela de Sírius e o viu sentado no chão parecendo muito a vontade.- Então não conseguiu me esquecer bela madame? - perguntou Sirius com um sorrisinho galanteador.
- Essa não funciona, que tal usar "você vem sempre aqui?", acho que soaria melhor. - disse Ella debochada.
Sirius riu deliciado, sua voz rouca ressoando nas paredes de pedra.
- Você tem senso de humor, olha só, quem imaginaria!- Você me viu apenas uma vez e já tirou a conclusão de que eu não sou divertida? Humpf, preconceitos e má impressões levam as pessoas a cometerem erros fatais. - disse Ella manipulando Black para conseguir informações sem perguntar abertamente.
- Me perdoe pelo meu erro nobre dama - ironizou ele - mas você se veste como uma morcega engomada, acha que eu teria outra conclusão? - explicou ele se aproximando da cela dessa vez parecendo mais sincero. - mas você está certa, preconceitos levam a erros, e vivi isso pessoalmente, já deveria ter aprendido a não julgar pela aparência, julguei a pessoa errada, e isso me custou tudo o que eu tinha.
- Eu soube que um de seus amigos de escola era um lobisomem, pensei que você seria a última pessoa do mundo a ter preconceitos. - comentou Ella se abaixando para encarar ele mais de perto.
- Remo? Ele ainda está vivo? Tem notícias dele? - perguntou Sirius alarmado de repente.
- Há rumores que Dumbledore o convidou para ser professor em hogwarts. Mas não vim aqui fofocar sobre o mundo lá fora. - respondeu ela se fazendo de inocente.
Sírius ficou sério.
- Eu não estava querendo saber de fofocas, só queria saber se Remo estava bem. - disse ele parecendo triste, Ella arqueou uma sobrancelha como se não acreditasse. - não me olhe assim, você foi a única que não me olhou com desprezo desde... Enfim, deixa pra lá, Remo era meu amigo, e eu ainda me importo.- Sei... - balbuciou ela pensativa. - Sírius eu vou ser sincera com você, eu vim até aqui para te perguntar uma coisa.
- Pergunte querida - disse Sirius galanteador de novo - eu vivo para te servir.
- Não seja imbecil ou vou azarar você aqui mesmo. - ameaçou ela apontando a varinha para o rosto dele.
Ele riu com sua voz rouca.
- Faça o que quiser madame, não tenho mais nada a perder.- Você está rindo mesmo depois de tantos anos com os dementadores, você gosta de rir das desgraças? Me disseram que você matou seu amigo e mais uma dúzia de trouxas e ficou gargalhando até ser pego pelos aurores. - revelou Ella analisando cada detalhe no rosto dele esperando desvendar os mistérios contidos ali.
Sirius se aproximou mais.
- Quer saber a verdade? - sussurrou ele em tom misterioso.- Estou ouvindo - replicou ela fingindo tédio.
- Eu mataria Pettigrew mil vezes se eu pudesse, mato ele nos meus sonhos todos os dias das formas mais cruéis e criativas possível, e mesmo assim minha raiva nunca passa. - disse Sirius parecendo um lunático com os olhos arregalados.
Ella se afastou um pouco com a revelação, sentindo seu estômago revirar.
- Você é um monstro. - disse ela decepcionada.- Monstros são todos vocês, mas ainda não estão prontos para essa conversa. E eu já estou cansado de fofocas, se me der licença eu gostaria de ficar sozinho. - disse ele a dispensando.
Ella reagiu sem pensar, ficando em pé de repente tomada pela raiva, ela se abaixou e o puxou pela camisa com uma força surpreendente o fazendo bater com o rosto nas grades da cela, e com a outra mão segurou o queixo dele o forçando a encara-la.
- Seu verme, patife, nojento, e pensar que eu cheguei a cogitar a idéia de que você era inocente, pensei que haviam muitas lacunas na sua história, me perguntei diversas vezes o porque você não tinha a marca negra, o porque de não ter matado Harry quando teve chance, o porquê emprestou sua moto para Hagrid, parece que todos estavam certos enquanto eu fui burra o suficiente para sequer duvidar por um segundo...Sírius arregalou os olhos surpreso com o que ela dizia, aqueles olhos liláses brilhavam raivosos, enquanto o perfume de baunilha que vinha do corpo dela o deixava inebriado, ele era um homem sem esperança, sem nada a perder, mas ela, aquela mulher a sua frente, reparou no que ninguém viu antes, e quase hipnotizado ele a puxou para perto da cela e a beijou com certo fervor, o jornal que o ministro deixou com ele se amassou no chão enquanto ele a puxava cada vez mais perto.
Ella se rendeu ao beijo por alguns segundos, sentindo emoções distintas que nem ela sabia nomear, mas então voltou a si, ele era um assassino, e por mais maravilhoso que tivesse sido ser beijada daquela forma, ela se afastou raivosa apontando a varinha para ele com fervor.
- Flipendo Máxima - murmurou ela, Sirius girou duas vezes no ar e bateu com as costas na parede da cela, caindo desmaiado.Quando o ministro voltou, Ella estava recomposta, com a expressão serena fingindo ter passado mal com a influência dos dementadores. Eles resolveram ir embora, enquanto Ella deu uma última olhada para a cela de Sírius, desejando nunca o ter conhecido.
Sirius acordou mais tarde no chão de sua cela, arrependido de ter feito besteira e perdido talvez sua única chance de sair daquele lugar. A opressão dos dementadores fazia seus olhos lacrimejarem em profundo desespero, ele pegou o jornal que Fudge lhe dera, e desamassou com cuidado, prestando atenção a matéria e a foto da primeira página, a família Weasley, e um rato no ombro do garoto mais novo, um rato castanho com um dedinho faltando.
Sírius deu um grito de raiva, jogando o jornal no chão com violência e socando as paredes até seus punhos sangrarem, então uma idéia iluminou seus sentidos, vingança... Nem os dementadores poderiam tirar isso dele, ele sabia em seu âmago que era inocente, sabia também que não tinha mais nada a perder, ele já estava morto por dentro, não havia como piorar.
Então uma idéia impossível começou a martelar em sua mente, segundo a segundo, como um mantra o hipnotizando a agir quase sem pensar.
- Ele está em Hogwarts - murmurou Sirius para si mesmo com pensamentos de vingança e morte.
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A Princesa Mestiça e a Ordem da Fênix
Hayran KurguElla Prince é uma bruxa elegante e respeitável, mas também uma mestra das travessuras quando provocada, especialmente com seu padrinho Severo Snape, alvo constante de suas brincadeiras. Snape, que a trata como uma criança, o que desperta sua rebeldi...