Capítulo 131 - Inesperado

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Maylos conduziu a aparatação, e chegaram a um ponto de floresta fechada, a chuva ainda caía, mas agora estavam amparados pelas copas das árvores, o vento assobiava loucamente entre os troncos, indicando que a chuva não daria trégua.

Eles andaram por alguns minutos em silêncio ofegando pelo cansaço, buscando a tal fonte de magia que Dumbledore estava procurando. Maylos parou momentos depois.
- Vamos nos transformar e usar o olfato criança, vai ficar mais fácil assim. - disse ele já se vertendo em luz, e dando lugar a um enorme cervo adulto, suas galhadas prateadas iluminando a floresta com uma luz resplandecente.

Ella olhou de soslaio para Dumbledore como se desculpa, e se transformou em corsa imediatamente.

- Eu vou seguindo a trilha, enquanto vocês procuram mais a frente, se encontrarem algum vestígio me avisem. - pediu Dumbledore, os animais reluzentes assentiram e correram em frente, sua luz desaparecendo a frente com a distância.

Dumbledore não precisou andar muito, cerca de 5 minutos depois Maylos retornou com Ella em seus flancos, ambos se transformaram de volta.
- Alvo... Encontramos o local... Mas há um problema.

- E qual seria? - perguntou Dumbledore intrigado.

- A magia já foi absorvida. - explicou Maylos - há apenas vestígios, e nada mais.

Dumbledore ficou preocupado no mesmo instante.
- Me mostrem o local.

Eles andaram em frente se afastando da trilha principal, se entranhando em meios as árvores muito próximas, até chegarem a uma grande árvore ressequida. Seu tronco tinha uma abertura uns dois metros acima, provavelmente o local onde a magia estava inerte antes de ser retirada.

Dumbledore tocou a casca da árvore, e analisou murmurando alguns feitiços.
- Não parece magia de Voldemort - comentou ele pensativo, falando consigo mesmo.

- Também acho que não é. - concordou Ella.

- Quem mais poderia saber de fontes de magia assim? Não é qualquer bruxo que consegue identificar algo do tipo. - perguntou Maylos intrigado.

O olhar de Ella e Dumbledore se cruzou no mesmo momento que chegavam a mesma conclusão.
- Carrow! - disseram os dois ao mesmo tempo.

- O humano maluco que te manteve em cativeiro quando criança? - perguntou Maylos preocupado.

Ella assentiu com seriedade.
- Acho que ele teve a mesma idéia de Riddle, está buscando por mais poder, para realizar seus planos. - comentou ela olhando de soslaio para Dumbledore.

- Mas como ele encontrou essa magia? - perguntou Maylos mais para si mesmo do que para os outros.

- Alastor relatou que ele havia feito experimentos em si mesmo, e que os anos que passou em Azkaban o deixaram insano... - disse Dumbledore pensativo - Talvez seja isso, ele fundiu seu DNA ao de alguma criatura...

- Ou várias. - completou Ella levando s frente a linha de pensamento.

- Mas para que ele usaria tal magia? Ele é um bruxo das trevas, essas forças não se fundiriam ao corpo dele, por mais que tentasse. - comentou Maylos com um olhar sério.

- A não ser que... a magia não fosse o verdadeiro objetivo dele... - disse Dumbledore, seus olhos azuis vasculhando a floresta em busca de alguma coisa no meio da escuridão.

- E o que ele... AAAAH - Ella foi puxada por uma força invisível, como se alguém se a tivesse pego pela cintura e a arrastasse, ela deixou a varinha cair diante da surpresa do arrebatamento repentino.

Dumbledore correu na direção dela, ele era rápido considerando sua idade, mas mesmo assim não foi possível a alcançar. Maylos se transformou em cervo e seguiu seu rastro, correndo entre as árvores muito próximas, e se embrenhando no coração da floresta, até chegar numa clareira, e lá estava Allister Carrow, com os cabelos ralos encharcados pela chuva, e um olhar psicótico, ele apontava a varinha para o pescoço de Ella que parecia calma e tranquila para a situação.

- Não se aproxime anhangá! - rosnou ele fazendo um pequeno corte no pescoço de Ella - Ou sua querida amiga de espécie vai sangrar até a morte. - ameaçou ele passando os dedos pelo sangue que escorria do pescoço dela e levando aos lábios.

Maylos voltou a sua forma humana, e o encarou com nojo.
- Solte a criança - disse ele autoritário - não quero machucar você.

Carrow deu uma gargalhada de escárnio.
- E o que vai fazer espírito bondoso? Acender a sua luz? Sou imune a isso - desdenhou ele apertando Ella com mais força.

- Encontre Dumbledore e vá embora daqui Maylos! - ordenou Ella com a voz firme.

- Dumbledore está aqui? - perguntou Carrow assustado.

- Ele está, mas nem de longe ele é a pessoa mais perigosa dessa floresta - ameaçou Maylos confiante.

- Ora, não precisa se preocupar com sua preciosa amiga, eu não a quero! - disse Carrow rindo, mas seus olhos vasculhavam a floresta a procura de Dumbledore. - Eu vou solta-la logo, ela só precisa me dizer onde escondeu seu filhotinho mestiço...

Ella riu suavemente.
- Mesmo que viva mil anos, não será capaz de encontrar um fio de cabelo do meu filho - disse ela tranquilamente.

Carrow a olhou indignado.
- Desde quando você se tornou tão chata? Era mais divertido antes, quando eu via o medo em seus olhos, antes de ter o prazer de fazê-la gritar.

- Não se pode matar o que já morto. - disse ela dando de ombros, sua serenidade o irritando mais a cada segundo.

- Veremos. - disse Carrow com uma expressão de puro ódio.

Mas antes que ele pudesse reagir, Maylos lançou cordas invisíveis sobre ele, e o sacudiu como um boneco, Ella se desvencilhou dele e correu para o lado oposto reagindo rapidamente.
Carrow e Maylos entraram num duelo, e Ella juntou as mãos produzindo um orbe de luz com o atrito, e lançou a luz no ar.
Dumbledore que estava a alguns metros de distância viu o sinal e correu na direção da luz.

- Olá você - disse uma voz feminina. Ella se virou rapidamente e viu Émilie Roux apontando a varinha para ela. A bruxa conjurou cordas que prenderam Ella, quase a sufocando.

Ella deu uma risada sarcástica, e com uma piscadela para sua rival, desaparatou surgindo atrás dela com uma agilidade notável, a bruxa se virou mas não teve tempo para reação, Ella deu um soco com tanta força no rosto da bruxa que ela tropeçou e caiu nocauteada.

Maylos havia conseguido prender Carrow com seus fios invisíveis, e o bruxo se debatia no chão xingando em alto som.
Então tudo aconteceu ao mesmo tempo, Dumbledore chegou a clareira, Émilie retornava a si, e Carrow assobiou alto, enquanto a frente deles entre as árvores, se ouviu uma espécie de rugido, que foi lentamente se transformando em uma voz cantada, era a voz de um homem provavelmente, mas era uma voz muito grave e afinada, como de um barítono de ópera, e se tornava mais baixa e mortal conforme se aproximava.

Ella apertou os olhos tentando enxergar o que vinha em meio as árvores, mas Dumbledore fez um movimento com a varinha a puxando até ele imediatamente.
- É uma manticora Ella, corra! - ordenou Dumbledore chocado, entregando a varinha dela.

- Não vou sem você - disse ela rapidamente olhando para a sombra enorme que agora mostrava um rosto de homem emoldurado por feições leoninas.

- Não podemos ir agora, as manticoras seguem suas presas até o fim do mundo se possível, se sairmos daqui estaremos a levando até pessoas inocentes. - alertou Maylos se aproximando deles.

Émilie sorriu se arrastando e ficando atrás da manticora que apontou a cauda com ferrão de escorpião na direção deles de forma ameaçadora, sorrindo com seus dentes grotescos de tubarão, enquanto cantava baixinho:

"Encontrem seu destino em meu olhar, rasgarei sua pele e a dor logo cessará, meus dentes são como aço que vão facilmente te cortar, meu ferrão tem veneno suficiente para te matar"

Dumbledore se colocou a frente de Ella e Maylos os protegendo com os braços abertos, e a varinha bem segura na sua mão enegrecida. Ele encarava a fera olho no olho agora, e parecia um jovem espirituoso e corajoso pronto para uma aventura perigosa.
- Vão embora os dois! Eu dou conta.

Maylos deu um passo a frente abaixando o braço de Dumbledore mostrando que não iria retroceder.
Ella empunhou a varinha com valentia com uma mão e com a outra apoiou o ombro de Dumbledore.
- Faremos isso juntos - disse ela olhando para a fera a sua frente com determinação.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora