Capítulo 56 - Não Planejado

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Ella se virou para Moody enquanto retirava a capa, substituindo-a por um casaco simples que o elfo havia trazido. Moody a observou com um olhar desconfiado.

- Por que está tirando sua capa? - perguntou ele, franzindo a testa.

- É chamativo demais usar roupas de bruxo - respondeu Ella com um tom prático. Ela trocou as botas sempre impecáveis, por um par simples e marrom. Substituiu a calça por uma de alfaiataria, assumindo a aparência de uma trouxa despretensiosa.

Moody suspirou impaciente, seu rosto endurecendo.
- Não sou burro de te deixar tão exposta assim - rosnou ele - Seu cabelo e seus olhos são chamativos o bastante para te denunciar, assim como meu olho mágico.

Ella hesitou, franzindo a testa.
- E o que vamos usar como disfarce, então?

Com um gesto rápido, Moody sacou a varinha e tocou o topo da própria cabeça, desaparecendo diante de seus olhos. Ella ficou boquiaberta, surpresa com a eficácia do feitiço.
- Esse é o feitiço de Desilusão mais poderoso que já vi! - exclamou ela, fascinada. - Mas... eu não tenho talento suficiente para fazer o mesmo. E agora? - perguntou ela colocando as mãos nos quadris.

Moody apenas revirou os olhos e, com um toque de sua varinha na cabeça dela, Ella viu seu corpo desaparecer, camuflando-se com as cores do ambiente como um camaleão.
- Podemos ir? - resmungou Moody, já caminhando na frente.

Ella se apressou em segui-lo.
- Para onde vamos aparatar? - questionou ela ainda se acostumando à invisibilidade.

Sem responder, Moody segurou seu pulso e a arrastou consigo. A sensação de ser comprimida tomou conta de seu corpo, quase fazendo-a vomitar, até que, de repente, o ar fresco a envolveu novamente. Ela arfou, recuperando o fôlego.

- Como encontrou meu pulso se estou invisível? - ofegou, com a mão na garganta.

- Shh! - sussurrou Moody, gesticulando para ela se calar. - Meu olho mágico vê através de tudo, até de feitiços. - então ele franziu o cenho olhando para ela - porque está assim? Me disseram que você é experiente em aparatação. - perguntou ele confuso.

- Quando eu aparato não tenho essa sensação. - respondeu ela se recompondo.

- Interessante, mas não temos tempo para falar de suas habilidades, vamos.

Ella fez uma careta, mas seguiu Moody até um pequeno estabelecimento em frente ao prédio onde Carrow estava escondido, a fachada ostentava uma placa enorme: Worrac Indústrias Farmacêuticas.

- Bem óbvio, não acha? - sussurrou Ella com sarcasmo, observando o nome do lugar.

- Óbvio até demais - comentou Moody, pensativo. - Deve estar registrado com outro nome. É por isso que não percebemos antes.

Ella balançou a cabeça, amarga.
- Ou somos todos burros mesmo.

Moody ignorou o comentário e apontou para o estabelecimento.
- Vamos nos esconder aqui. Tem espaço suficiente e nos dará cobertura caso haja uma luta.

O tempo passou lentamente, as horas se arrastaram enquanto observavam o prédio, sem nenhum sinal de movimento. Finalmente, por volta das quatro da manhã, um homem usando uma capa de bruxo apareceu, caminhando em direção ao edifício com um ar paranoico, os olhos sempre vigilantes, como se esperasse ser atacado a qualquer momento.

- Esse é o primeiro homem que vejo entrar e já parece suspeito - murmurou Moody estreitando os olhos.

Ella observou o homem em silêncio, seus olhos analíticos se enchendo de surpresa, e ela agiu por instinto sem dar atenção a Moody, sua mão agarrou a varinha enquanto se movia em direção ao homem, mas antes que pudesse sair da loja, foi imobilizada por um feitiço paralisante de Moody, justo a tempo de impedir sua ação precipitada. O homem entrou no prédio, desaparecendo em seu interior.

Moody arrastou Ella para o banheiro da loja, onde lançou vários feitiços para abafar o som e trancar a porta. Ele desfez o feitiço paralisante, permitindo que Ella recobrasse os sentidos.
- Está maluca?- rosnou ele a voz baixa e cheia de fúria - Você quase colocou tudo a perder!

Ella o encarou, desafiadora.
- Você não entende! - gritou ela tentando abrir a porta, mas recuou quando a maçaneta queimou sua pele. - Ai! Por que enfeitiçou a porta?

- Não vou deixar você sair daqui até me explicar o que está tentando fazer! - disse Moody, ainda irritado.

- Vou atrás daquele homem, é óbvio! - respondeu ela, vasculhando suas vestes à procura da varinha. - Droga! Minha varinha deve ter caído quando você me paralisou.

Moody apertou os olhos, exasperado.
- Você é completamente inconsequente! Não percebe que está colocando em risco meses de investigação?

Ella se aproximou, alarmada, a voz carregada de urgência.
- Não temos tempo para isso, Alastor. Se não pegarmos aquele homem agora, ele vai morrer! - exclamou ela tentando realizar magia sem varinha, mas sem sucesso.

- Já disse que você não vai a lugar nenhum! Vou chamar Alvo imediatamente - replicou Moody, lançando um patrono que desapareceu pelo teto.

Ella sorriu de forma marota.
- Ótimo. Se Dumbledore está vindo, então não preciso me preocupar com você.

Moody a encarou, desconfiado.
- O que está planejando, menina?

Antes que ele pudesse reagir, Ella desaparatou com Moody agarrando seu braço no último segundo, e ambos surgiram dentro do prédio atrás do homem misterioso.

O homem se virou, assustado, procurando algo na escuridão, Moody não hesitou e desarmou-o com um feitiço não verbal, mas antes que pudessem agir, o alarme do prédio soou. Em um movimento rápido, Ella agarrou os dois e aparatou de volta, reaparecendo nos portões de Hogwarts.

Moody segurou o homem conjurando cordas invisíveis. E olhou para ela com irritação.
- Mas que diabos você fez?

Ella o encarou, a voz firme e determinada.
- Acredite, Alastor. Você vai entender depois. Esse homem precisa ficar aqui, longe do Ministério, e eu preciso voltar para pegar minha varinha.

- Não seja imbecil menina! Você não vai sair daqui- disse Moody rabugento.

Antes que ela pudesse responder, uma mão gentil pousou em seu braço, Ella virou-se assustada, mas seus olhos se suavizaram ao ver o par de olhos azuis por trás de oclinhos de meia-lua, era Dumbledore.
- Fui ao local imediatamente quando recebi sua mensagem, Alastor - disse Dumbledore, calmamente - Quando não os encontrei, ouvi o alarme e vi os homens de Carrow correndo para fora do prédio, então tive a impressão de que os encontraria aqui.

O homem olhava apavorado para Dumbledore tentando se soltar de Moody que bufou.
- Quase onisciente, como sempre, Alvo.

Dumbledore sorriu levemente e entregou a varinha de Ella de volta para ela.
- Acho que isso é seu.

Ella segurou a varinha com gratidão, sentindo o poder familiar retornar a suas mãos.
- Obrigada.

Moody interrompeu impacientemente.
- Certo, Alvo salvou o dia. Agora me diga, quem é esse homem?

Ella deu um passo à frente, alarmada.
- Solte-o! Ele não faz parte dos capangas de Carrow!

Dumbledore, calmo como sempre, aproximou-se com a varinha em punho e desfez as cordas que prendiam o homem. Ele se levantou, trêmulo, e olhou em volta, confuso. Dumbledore então desfez o feitiço de desilusão que ainda cobria Ella.
- Espere! Como me viu se eu...

Moody resmungou, irritado.
- Você fala tanto que é impossível não perceber sua localização.

Antes que Ella pudesse responder, o homem a olhou com alívio, reconhecendo-a.
- Ella! - exclamou ele, sua voz carregada de emoção.

Ella, surpresa, correu para abraçá-lo.
- Linkleather - sussurrou ela, segurando-o enquanto ele começava a chorar desesperadamente.

- Ele... Ele a matou, Ella. - disse o homem entre soluços.

Ella fechou os olhos, sua voz carregada de tristeza.
- Eu sei. Vamos vingá-la, eu prometo.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora