Capítulo 105 - Pedindo Perdão

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Sirius ficou atônito ao ouvir Lupin explicar a verdadeira relação entre Ella e Snape: eles eram parentes próximos, algo que todos sabiam e até assumiam que ele também soubesse. De repente, tudo fez sentido. Severo era o único familiar vivo de Ella, alguém a quem ela amava profundamente por laços sanguíneos e emocionais, ideia de que ela pudesse abrir mão desse laço era absurda.

Ao conversar com Dumbledore, o peso do remorso caiu sobre ele. Ele era o pai do bebê de Ella. Como foi capaz de ser tão cego? A provocação de Snape fazia todo o sentido agora. O ódio de Severo era justificável, ele estava apenas protegendo a única pessoa com quem se importava.
- Eu fico imaginando como ela deve estar se sentindo agora, pensando que eu a abandonei com um filho, pensando que desprezo o bebê. - disse Sírius limpando uma lágrima teimosa que escorreu de seu olho, enquanto Dumbledore e Lupin o olhavam com pena.

- Desculpe Sírius, tanto eu quanto Ella, pensávamos que você já sabia dessa informação, eu não imaginei a dimensão do mau entendido entre vocês. - disse Dumbledore o consolando.

- Ela quebrou meu nariz e me chamou de porco imundo, nunca esteve tão certa na vida dela. - lamentou Sírius se sentindo o lixo mais desprezível do mundo.

- Todos cometemos erros Sírius, mas a prioridade agora é concertar o que fez, peça perdão a Ella, converse com ela, explique, ela vai acabar te perdoando. - disse Dumbledore com brandura.

- Ella tem um lindo coração, mas é teimosa e vingativa, ela vai me matar mas não vai me perdoar nunca. - disse Sírius com a voz entrecortada.

- Mais possível é ela te transfigurar em alguma coisa interessante. - disse Lupin rindo para aliviar o clima, Dumbledore sorriu concordando.

- Fale com ela Sírius, se ela te transfigurar, temos McGonagall, Alastor, e eu para desfazer a transformação, ai você tenta de novo. - incentivou Dumbledore divertido.

- Ela me disse uma vez que não podemos voltar no tempo, mas podemos evitar de cometer os mesmos erros. Farei isso, não deixarei mais nada subentendido entre nós. - disse Sírius se animando um pouco.

  Alguns dias se passaram, e Dumbledore ajudou dando tarefas que exigiam que Ella fosse até o Largo Grimmald para realizar. Quase duas semanas se passaram e Sírius ainda não tinha conseguido se desculpar, ela o ignorava como se ele fosse um tipo de inseto nojento.
  Snape sempre estava junto dela, e ria maldosamente quando Ella quando ela se estressava e azarava Sirius, ela era rápida e o desarmava antes de atacar, e no fim, Sírius sempre estava com uma aparência mais cômica do que as anteriores, era incrível a criatividade dela para sempre variar os feitiços que lançava nele. Ele já havia experimentado  ter orelhas e nariz de morcego, ter espinhos na língua, já foi transfigurado em porco espinho, em sapo gigante, em porco, em lula, só não fora envenenado, ainda.

Sírius conversava com Lupin quando Ella chegou naquela manhã junto com Dumbledore e foi direto para a cozinha o ignorando completamente, Sirius se preparou para sua dose de humilhação diária, quando Dumbledore o parou.
- Bom dia Lupin - cumprimentou Dumbledore rapidamente - Sirius, conversei com ela mais cedo, e ela concordou em te ouvir. - disse Dumbledore dando uma piscadela - Sugiro que seja direto com suas palavras, ela está particularmente impaciente ultimamente. - aconselhou Dumbledore saindo pela porta.

Ella retornou da cozinha com uma xícara de chá nas mãos e parou olhando para os dois desconfiada.
- Bom dia Remo - disse ela tomando um gole de chá.

- Bom dia Ella, Sírius também está aqui, não vai dizer oi para ele? - provocou Lupin.

- Ah, eu não sabia que precisava cumprimentar o mofo da casa. Pelo menos hoje não está fedendo. - disse ela maldosa.

- Viu só? Ela te elogiou, agora é com você parceiro - disse Lupin rindo e indo para a cozinha para deixá-los a sós.

Sírius deu um sorriso triste para ela, e se aproximou hesitante. Ella se desviou dele se sentando na poltrona em frente a lareira.
- Seria prudente de sua parte, se afastar da pessoa que quer te matar. - disse ela com a voz monótona.

- Ella, eu sei que está irritada comigo, e com razão. Tudo o que eu te peço é uma chance, apenas uma chance para eu me explicar, você poderia por favor me ouvir? - disse Sirius implorando.

- Engraçado, pensei que o fato de eu ainda não ter arrancado a sua língua, era claramente um sinal de que estava ouvindo. - disse ela impaciente.

Ele engoliu em seco de novo, ela quase nunca usava maquiagem, mas hoje estava com um batom vermelho bordô, que aliado a expressão fria no rosto a deixava ainda mais intimidadora.
- Eu, eu sei que errei com você, eu não confiei em você, eu não te mandei notícias por meses, e depois quando nos reencontramos você estava animada por me ver, e eu fui frio com você porque estava com ciúmes. Eu não sabia que você e Severo eram parentes, e cá entre nós quem iria imaginar? Você é linda e o Snape é tão, tão...

Se antes ela estava com um ar intimidador, agora ela tinha um ar mortal.
- Tão o que? -  perguntou ela apertando os olhos para ele.

- ... tão diferente de você na aparência.

A expressão dela se suavizou um pouco, ela deu uma bebericada no chá, e o ar mortal se dissipou.
- Já acabou? - perguntou ela com tédio.

- Não, eu ainda tenho mais a falar. Aquele dia eu te insultei tanto, e fui cruel, e eu nunca vou me perdoar por isso, eu queria que você soubesse, que eu estou muito arrependido, e que peço o seu perdão, eu amo esse bebê, sempre quis ser pai, nunca tive a intenção de te magoar, e estou ciente de que te perdi para sempre, só o que peço é que não me afaste do meu filho.

Ella olhou para ele com desprezo e se levantou muito rápido apontando o dedo para ele.
- Para perder algo, você antes precisa ter. E posses só podem ser objetos, porque não se pode ser dono de um ser racional. E é ai que está o seu problema, foi sua burrice de me ver como sua posse, ao invés de me ver como uma pessoa que tem sentimentos. - disse ela em tom ameaçador. - E eu te perdôo ok? Na verdade já perdoei faz tempo, eu estava só me divertindo a suas custas, e é óbvio que poderá participar da vida do seu filho, mas deve se manter distante de mim. - disse ela séria.

Sirius olhou para ela arrasado, e deu sorriso triste.
- Eu adorei cada segundo que passei com você, até quando me transfigurou em morcego, foi bem criativo... Eu agradeço por ser nobre e me permitir conhecer meu filho. - disse ele estabanado, sem saber o que responder.

Ella o encarou por alguns segundos, como se esperasse que ele falar mais alguma coisa.
- É só o que tem a dizer? - perguntou ela parecendo indignada.

- O que mais eu poderia falar? - perguntou ele chateado.

Ella bufou irritada, e foi andando em direção a saída. Lupin veio da cozinha e deu um tapa na cabeça de Sírius o empurrando para ir atrás dela.
- Fala pra ela! É dua última chance! - incentivou Lupin.

Ella abriu a porta e estava prestes a aparatar quando Sirius apareceu no fim do corredor e gritou:
- ELLA! OLHA PARA MIM! - ele parecia ansioso e aflito.

Ela se virou confusa.
- Me deixe em...

Sirius ignorou completamente o que ela ia falar e gritou ali do corredor.
- EU TE AMO!

Ella parecia estupefata, depois de um segundo ela voltou a si, firmou a varinha na mão e foi em direção a ele praguejando:
- Seu idiota, covarde, barata descascada, coruja manca, verme cego, trasgo!

Ella lhe lançou um feitiço que o jogou contra a parede com força, ele se levantou rapidamente seu semblante se suavizando ao ver o sorriso no rosto dela.
- Eu também te amo seu imbecil. - disse ela o puxando para perto e o beijando suavemente.
Uma lágrima escorreu pelo rosto dele enquanto retribuía o beijo, estava aliviado e extasiado, sua burrice foi perdoada, e teriam um filho, sua vida estava completa agora.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora