Capítulo 6 - Perigosa?

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- Ué!? Para onde ele foi? - perguntou ela a Alvo.

- Seu patrono foi uma magia linda, que gerou sentimentos tão bons que quando a magia cessou o peso de tudo o que eu sentia e reprimi por tantos anos, me afetou de uma forma que não imaginei, deduzo que tenha acontecido o mesmo com Aberforth.

- Você deduz muitas coisas sobre o que as pessoas sentem, não acha? - perguntou ela mexendo nos frascos de unguento que Aberforth havia deixado ao lado dela.

- Eu temo que a inteligência seja meu fardo, e meu maior defeito, mas aprendi a não afirmar tudo o que tendo a deduzir, eu afirmo que é uma hipótese.

- A sua inteligência é usada com sabedoria, entretanto você deduziu errado, Aberforth saiu da sala porque ficou incomodado com as lágrimas que você derramou, ele não reprimiu nenhum sentimento dele, ele deu espaço para que você expressasse os seus - disse ela distraidamente tirando a capa e passando unguento numa ferida na mão esquerda.

Alvo ficou em silêncio, observou as próprias mãos por um longo tempo, depois de se recompor, o diretor respondeu:
- Anos se passaram e ele continua a me surpreender.

Ella olhou para Alvo, e concordou com a cabeça, sem dizer nada. O diretor então continuou:
- Severo está em Hogwarts, se quer vê-lo terá de ir até lá.

Ella ficou pensativa por um momento, o diretor a olhava com intensidade, ela suspirou e falou:
- Não adianta tentar ler meus pensamentos.

- Estou tentando ler as suas expressões, assim como fez comigo, mas cá entre nós, você e Severo são bem parecidos nesse sentido, não vejo nada - disse Alvo soando divertido.

- Eu nem sempre fui assim, era diferente... Antes... - disse ela perdida em pensamentos, enquanto tentava estancar o sangue da ferida na perna.

- Aqui, deixe-me tentar - disse o diretor pacientemente se aproximando, a garota não recuou, então ele apontou a varinha para perna dela, cuidadosamente murmurando alguns encantamentos, por fim o último que ele utilizou deu certo, e o ferimento parou de sangrar, embora uma cicatriz inflamada ainda estivesse lá.

- Qual feitiço o senhor usou? - perguntou ela após analisar a perna.

- Você irá comigo para Hogwarts?

- Não.

- Hum... - ele deu de ombros calmamente, se endireitou e andou até a janela ficando de costas para a garota.

Ella suspirou se rendendo, então se levantou andando em círculos pelo aposento:
- Você não entende, há muitos bruxos atrás de mim, e o canalha do Carrow vai conseguir escapar, isso se já não escapou, não é seguro para as crianças, os bruxos que vieram hoje, são os mais fracos da organização, logo virão mais deles, mais poderosos, mais astutos e mais letais.

- Acredito que eu posso te proteger, e proteger os estudantes também. - murmurou Alvo da janela.

- Não seria seguro, não posso arriscar a vida de mais ninguém, seria irresponsável demais, o tio Snape... Digo, pessoas inocentes podem se ferir... - Um silêncio pairou entre eles até que Dumbledore se virou para a encarar, e perguntou gentilmente.

- É por isso que não procurou Severo antes?

Ela abaixou a cabeça sem responder. Ele se aproximou com cautela e disse com brandura:

- Eu sou bom em resolver complicações, porque não me conta e resolvemos juntos?

- Eu não acho que isso seja possível.

- Ella, eu sou um homem velho, já vivenciei diversas situações, talvez eu possa compreender o que sente, e te ajudar a resolver seus dilemas.

- Impossível - disse ela num sorriso amargurado se afastando dele e gesticulando com as mãos ao falar - Você sempre foi poderoso, você teve uma rede de apoio, amigos, família, eu vivenciei coisas que você nunca poderia imaginar nem nos seus mais terríveis sonhos, enquanto você estava escondido na sua escola, brincando de ser diretor, eu estava enfrentando o mal verdadeiro!

- As dificuldades são relativas, o que para você pode não ser tão grave, para mim, pode ser traumático e vice e versa, o que sentimos é relativo.

- Não me force a lembrar quando o que mais quero é esquecer, você acha o sofrimento relativo Alvo Dumbledore? Você acha a dor da tortura relativa? Você acha Tom Riddle relativo? - ela cuspiu aquele nome com selvageria.

- Você se refere a Voldemort? - perguntou Dumbledore com seriedade.

- ESSE NÃO É O NOME DELE! - ela gritou e os frascos de unguentos levitaram ao redor dela, os seus cabelos longos e negros pareciam um tecido leve flutuando ao vento, seus olhos lilases tomaram um tom púrpura como uma poção fervilhando no caldeirão.

Dumbledore a olhou calmamente como se aquela situação fosse cotidiana, mas segurou sua varinha com firmeza.
- Eu peço desculpas por força-la, eu não levei em conta seus sentimentos, porque não se acalma primeiro senhorita Prince? E depois me conta o que sabe sobre Tom Riddle, você mencionou que tem informações sobre ele, porque não falamos sobre isso?

Ella rapidamente notou a mudança das emoções de Alvo, e olhou para si, então os frascos caíram ao chão se quebrando, seus cabelos voltaram a ficar lisos e sem graça, e seus olhos clarearam, voltando ao tom lilás original, ela fechou os olhos para se acalmar, e respirou fundo algumas vezes.

- Desculpe, eu quis dizer que Voldemort não é o nome dele. Para mim, ele sempre será Tom Riddle, um bruxo qualquer que se acha importante.

Dumbledore analisava ela em silêncio, então moveu a varinha e os estilhaços e conteúdo dos frascos derramados desapareceu do chão. Ele andou pela sala distraído, falando sozinho, perdido dentro de sua própria mente. Então de supetão comentou:

- Sua mãe serviu Tom Riddle nos anos em que ele estava no poder, você devia já estar na escola quando ele caiu.

- Afirmando o óbvio Dumbledore? - perguntou ela, notando que ele não disse o nome Voldemort.

- Você não estava em Hogwarts, onde você estudou?

- Em Durmstrang.

- Como se saiu lá? - perguntou ele com seriedade.

- Minhas notas não eram tão ruins, mas estudei apenas até o quarto ano. Não me olhe assim! É uma longa história.

- Tudo o que te rodeia são longas histórias Ella Prince, me diga, porque me procurou? - indagou Dumbledore como se falasse consigo mesmo.

- Eu te dei as memórias, todas as longas histórias e suas perguntas estão respondidas aí. - disse ela apontando para onde Dumbledore guardou os frascos com as memórias dela.

- Quero que me diga a razão, não quero deduzir nada de você. - disse ele se sentando a frente dela, com um sorriso bondoso no rosto.

- Você vai me por em contato com o Snape se eu lhe disser? - perguntou ela desconfiada.

- Farei o possível da minha parte, se você tiver bons motivos para se explicar. - disse ele tomando uma pose relaxada.

- Me explicar? Estava tão cordial agora a pouco me chamando para ir para a escola onde estão as crianças que tanto protege, mas agora porque quer tanto que eu me explique? - disse ela irritada.

- Só quero saber a verdade. - disse ele com simplicidade.

Ela suspirou entediada, então murmurou sem vontade.
- O que quer saber?

- Posso mesmo confiar em você?

- Sim.

- Você responderá a tudo o que eu perguntar? - disse ele interessado.

- Tente a sorte - disse ela dando um sorriso desafiador.

- Você disse que é incapaz de realizar magia negra, estou correto? - ela afirmou com a cabeça. - Então porque estou detectando magia maligna vinda de você agora?

- Não uso magia obscura....

Ela começou a falar, mas Dumbledore arqueou uma sobrancelha com um sorriso maroto, então ela olhou para as mãos do diretor e ele apontava a varinha para ela, que voltou os olhos para si assustada, e viu uma penumbra, como uma fumaça negra emanando dela, revelando uma aura de magia maligna.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora