Capítulo 122 - Sombras da Dor

19 5 0
                                    

Ella encontrou Severo em seus aposentos, exatamente como imaginara. Ele estava alimentando o pequeno Sirius, que observava tudo com olhos brilhantes.

- Ele sabe comer sozinho, se você der a colher na mão dele - comentou ela, entrando com os olhos inchados e o rosto ainda vermelho das lágrimas recentes.

- Ele gosta que eu o mime – respondeu Severo, a voz baixa e tranquila. – Diferente de você, que sempre foi orgulhosa demais para aceitar ajuda.

- Mamãe, você está triste? – perguntou o pequeno Sirius, com um olhar preocupado.

Ella congelou. Seu coração acelerou ao perceber que não havia pensado em como contaria ao filho sobre a morte de Sirius. Ele entenderia? Seria justo exigir que uma criança tão pequena carregasse essa dor?
Não. Esconder a verdade como Dumbledore fizera com Harry só trouxera mais sofrimento. Sirius, se estivesse no lugar dela, jamais mentiria ao filho.

Mas como? Como contar isso a ele?

Ela olhou para Severo, desesperada, buscando ajuda silenciosa.

Severo suavizou a expressão ao perceber o esforço de Ella para não desmoronar diante do filho. Segurou a mão dela com firmeza, dando-lhe um olhar encorajador.
– Você é forte, minha princesa mestiça – sussurrou ele com suavidade.

O pequeno Sirius os observava com olhos assustados. Nunca tinha visto a mãe chorar, e muito menos presenciado Severo ser tão carinhoso com ela.
– A mamãe tem uma história para te contar – começou ela.

– Vai me contar sobre o papai? – perguntou Sirius animado. Ele olhou de relance para Severo, depois deu de ombros. – Eu ouvi os centauros falarem sobre o meu pai, antes do tio Severo me tirar da floresta.

Ella deu um olhar receoso para Severo, antes de se voltar ao filho.
– O que eles disseram?

– Que o papai é uma estrela e eu também. Sírius é o nome de uma estrela na constelação do Cão Maior – contou ele, orgulhoso de si.

Ella quase riu, mas as lágrimas ameaçavam cair novamente. A inocência de seu filho era um alívio e uma dor ao mesmo tempo.

Severo, com um olhar incomodado, coçou o braço esquerdo discretamente, e Ella o notou de relance.

– Ele está nos chamando? – perguntou ela, já sabendo a resposta.

Severo assentiu, com um olhar preocupado. Ella pegou o filho no colo imediatamente.
– A conversa fica para depois então. Vou levá-lo para Dumbledore, ele me deve um favor – disse ela, com determinação na voz.

Antes que Severo pudesse responder, Ella já havia sumido. Ela aparatou diretamente no escritório de Dumbledore, que estava reorganizando os armários destruídos.
– Ella! – exclamou ele, surpreso. – Receio não ter terminado de consertar tudo a tempo, mas fique à vontade para destruir mais, se preferir – disse ele, com um sorriso triste. Seus olhos caíram sobre o bebê, como se perguntasse em silêncio.

– Cuide dele para mim, você me deve ao menos isso – respondeu Ella irônica, entregando Sírius nos braços de Dumbledore.

– Ella... – começou Dumbledore, mas antes que pudesse dizer mais, ela já havia aparatado.

O pequeno Sirius olhou para o diretor com curiosidade.
– A mamãe foi ver o bruxo malvado – contou ele, com uma confiança tranquila.

Dumbledore sorriu com ternura.
– Você é muito esperto, Sirius. O que você sugere da gente fazer para passar o tempo? – perguntou Dumbledore calmamente.

– Faz o pássaro azul voar de novo! – pediu o pequeno, animado.

Com uma risada suave, Dumbledore ergueu a varinha e conjurou seu patrono. A fênix de luz azul flutuou pelo escritório, e o pequeno Sirius bateu palmas, extasiado de felicidade, sem sequer imaginar que nunca mais veria o pai.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora