Capítulo 77 - Maylos

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Ella chegou à floresta da Albânia, levando consigo uma pequena bolsa com algumas roupas, suas poções, e o caderno que ela usava para se comunicar com Dumbledore.

Ella caminhou por longos minutos, com o som de seus pés amassando as folhas secas. Ao chegar ao pé de um morro, ela avistou um brilho peculiar, era o reflexo dos cabelos prateados de Maylos, que contrastava com as cores sombrias da floresta.

- Maylos? - chamou ela hesitante

- Ella - respondeu o anhangá com uma expressão pacífica, seu olhar sereno sugeria que ele já esperava por ela. - Não esperava a ver tão breve.

- Eu vim pois preciso de ajuda com minha magia - disse Ella, a hesitação evidente em sua voz.

- Eu prometi que ajudaria, mas precisamos deixar esta floresta. A sombra retornará e será muito perigoso para você aqui. Para te ajudar, sua mente precisará estar vulnerável em alguns momentos, e a sombra pode aproveitar isso para te dominar - explicou Maylos, sua voz cheia de preocupação.

- Para onde vamos, então? - perguntou ela apreensiva.

- Para outra floresta nas proximidades. Lá é mais seguro, e os centauros que vivem lá poderão nos ajudar - respondeu Maylos, estendendo a mão para ela com um olhar encorajador.

- Vamos - disse Ella, aceitando a mão do anhangá.

Em um piscar de olhos, os dois aparatam para uma nova floresta. O ar ali era puro e leve, como se o peso da atmosfera tivesse desaparecido, pássaros cantavam alegremente, e pequenos animais passavam por perto sem se importar com a presença deles.

- Você é mestiça, e isso pode ser tanto a sua maior força quanto a sua perdição. Você precisa compreender a diferença entre a magia anhangá, a magia bruxa e a magia que é exclusivamente sua - começou Maylos, seu tom era de um sábio profundo.

- E como eu faço isso? - Ella perguntou, visivelmente perdida.

- Confie em mim, criança. Eu te ensinarei, essa é a primeira lição. - assegurou Maylos.

Os dias se passaram rapidamente. O outono passou sem que Ella percebesse, e a neve começou a cobrir o chão da floresta com a chegada do inverno, Durante esse tempo, Ella mandou duas cartas a Severo, apenas relatando brevemente que estava bem, e ele respondeu contando os acontecimentos recentes e reclamando de tudo, como de costume. No Natal ele enviou uma cesta de bolos e doces, e Ella o enviou um filtro dos sonhos que ela havia aprendido a tecer com o centauros.

Todos os dias ela treinava com Maylos, tendo mais dificuldade do que pensava.
- Você compreende agora o que eu queria te ensinar? - perguntou Maylos certo dia, ele estava em sua forma de cervo alto com galhadas prateadas brilhando.

- Entendo. O anhangá drena emoções, absorvendo-as através do contato físico e purificando o mal com a luz. Eu, sendo mestiça, adquiri uma habilidade diferente: posso manipular emoções, moldando-as, mas não consigo purificar. - repetiu Ella, demonstrando o que havia aprendido.

- Isso é um poder único, algo que um anhangá ou um bruxo não pode fazer. Porém, essa habilidade traz uma grande responsabilidade ética e moral. É importante compreender o impacto de suas ações sobre os outros seres vivos -  explicou Maylos com um tom grave.

- E quando manipulo essas energias, eu não as absorvo como você? - perguntou Ella, olhando para suas mãos com uma expressão de dúvida.

- Uma pequena parte sim, mas como você não pode purificar, o mal se mantém em você. Entender essa dualidade e suas consequências é a segunda lição - esclareceu Maylos.

Os dias se passavam e a neve derretia e o gelo desaparecia sob os raios do sol, as flores enchiam a floresta com seu perfume, enquanto Maylos e Ella continuavam suas práticas. Eles ajudavam as criaturas da floresta, curando ferimentos, resolvendo conflitos entre os centauros, e alimentando animais famintos e perdidos.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora