Capítulo 58 - Coração Partido

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Kingsley estava em sua sala aguardando a chegada de Olho-Tonto para que ele pudesse deixar o posto. Para passar o tempo ele estava organizando os arquivos e terminando os relatórios que Olho-Tonto ainda não havia concluído, ele aproveitou para fazer algumas cópias de documentos antigos, e até limpou o espelho de inimigos do auror.

O dia estava amanhecendo quando Émilie Roux entrou na sala dando uma batida suave na porta.
- Bom dia Kingsley - disse ela com sua voz rouca e sedutora, tão diferente da voz delicada de soprano de Ella.

- Bom dia - respondeu ele secamente.

- Kingsley eu vim para perguntar se... Que papelada é essa? Estão trabalhando num novo caso? - perguntou ela se aproximando da mesa. Kingsley agitou a varinha fazendo todos os documentos desaparecerem.

- Apenas documentação antiga que estou organizando, mas a senhorita não tem permissão para acessar. - disse ele calmamente.

- Oh, desculpe - disse ela batendo os longos cílios fazendo um muxoxo - não quis ser bisbilhoteira.

- O que precisa senhorita Roux? - perguntou ele diretamente.

- Ah sim, eu gostaria de saber se tem informações sobre um prisioneiro capturado há alguns meses atrás, acredito que ele esteja envolvido no crime que estou investigando na França, o nome dele é Jacob King. - explicou ela com um olhar inocente.

- Esse tipo de informação fica em posse do ministro ou do chefe do departamento de aurores, você precisa pedir diretamente a eles a permissão para análise. - relatou Kingsley com um olhar firme.

- Eu sei, mas eu pensei que talvez... - disse ela se aproximando com passos felinos - você pudesse facilitar para mim só dessa vez...

- Não tenho acesso a esse tipo de informação, só com eles mesmo. - disse o auror guardando uma pasta na prateleira para se distanciar dela.

- Você quem fez a investigação junto com o senhor Moody, não minta para mim querido... - disse ela se aproximando mais e o encurralando entre a parede e ela. - sei que sabe alguma coisa sobre ele.

- Porque não pergunta a Olho-Tonto diretamente então? Já que é ele quem tem o tipo de informação que procura. - sugeriu Kingsley friamente.

- Tão leal - sussurrou ela se aproximando mais deixando em evidência seu decote amplo - você é um homem extraordinário senhor Shacklebolt - sussurrou ela sedutoramente se aproximando mas Kingsley virou o rosto discretamente e segurou o braço dela para impedir que ela se aproximasse.

Lá fora o som de passos e conversa os pegou de surpresa, mas era tarde demais para Kingsley reagir, assim que a porta se abriu Émilie segurou o maxilar de Kingsley e o puxou para um beijo violento.

- Creio que posso lhe conceder o documento em tempo recorde minha cara... - dizia o ministro ao abrir a porta, e então parou de chofre ao ver a cena - Oh céus!

Kingsley afastou a moça de seus braços, seus lábios manchados de batom vermelho rubi, e deu de cara com o ministro que olhava assombrado para ele, e logo ao lado de Fudge estava Ella sem expressão no rosto, porém com um olhar assassino.

- Ella, eu posso explicar. - disse Kingsley em tom apologético.

- Claro que pode - respondeu ela com um sorriso meigo de dar medo.

Émilie se colocou a frente com uma expressão arrasada.
- Desculpe Ella, mas nós não conseguimos resistir e...

- Não estou falando com a senhorita, nos dê licença. - interrompeu Ella com a voz firme - e para você é senhorita Prince, não te dei intimidade para me chamar pelo meu primeiro nome.

- É melhor deixar a sala senhorita Roux. - concordou o ministro. A mulher saiu da sala fingindo estar triste, e dando um último olhar para Kingsley que a ignorou.

Ella se aproximou da mesa colocando alguns documentos sobre ela.
- Preciso que preencha essa documentação imediatamente para o senhor Fudge assinar. - disse ela calmamente como se nada tivesse acontecido.

- Ella, vamos conversar, posso preencher isso depois. - implorou Kingsley arrasado encarando o olhar frio da moça.

- Dumbledore precisa dessa documentação imediatamente, não há tempo para trivialidades, o senhor Fudge também é um homem ocupado, você os faria esperar para tratar de seus assuntos pessoais estando em horário de trabalho? - indagou ela arqueando uma sobrancelha.

Kingsley abaixou a cabeça se sentando na mesa rendido e atordoado, ele pegou os papéis e começou a preencher um a um. Ella ficou em silêncio o encarando e apontando alguns erros que ele precisava concertar, Kingsley estava tão nervoso que cometia erros de gramática absurdos.

- Prisão se escreve com S e não com Z senhor Shacklebolt. - apontou ela.

- Desculpe. - murmurou ele finalizando o último documento e entregando para ela.

- Obrigada. - disse ela secamente, seu semblante mudou ao se dirigir ao ministro, ela deu um sorriso doce e gentil - Senhor Fudge, agora só falta sua assinatura, gostaria de ler antes?

- Oh minha querida, eu a vi elaborando a documentação, confio plenamente em você, e já disse que pode me chamar de Cornélio, não é necessário tantas formalidades entre amigos. - respondeu o ministro com gentileza, mas dando olhares nervosos para Kingsley.

- Sim, senhor... Senhor não, Cornélio, vai demorar pra eu me acostumar - disse ela rindo cordialmente, o que deixava Kingsley numa pilha de nervos.

O ministro assinou um por um dos documentos, e entregou para ela de volta, dando um abraço desajeitado de lado na moça como forma de incentivo e a olhando com pena.
- Não fique triste querida, existem situações que servem para nos ensinar mais sobre a vida, eu sou um homem velho, acredite, hoje entendo muita coisa que vocês jovens ainda ignoram. Fique bem minha querida. Com sua licença. - disse o ministro deixando a sala.

Kingsley aproveitou a saída para tentar se defender.
- Ella, a Émilie me agarrou no momento que entraram, não consegui me esquivar a tempo e foi isso o que viu.

- Émilie? São tão íntimos assim? - perguntou ela separando alguns papéis da pilha. - esses são cópias, guarde em segurança.

- Ella eu juro, nunca faria isso com você! - disse Kingsley colocando a mão sobre a mão dela para força-la a olhar para ele.

- Nisso o senhor está correto, nunca fará algo assim comigo porque sou discreta e respeitosa, ao contrário do senhor que de agarra com mulheres em horário de trabalho e em frente a qualquer um. - disse ela com serenidade e doçura forçada.

- Ella, você deveria estar brava com ela e não comigo! - reclamou ele.

- Por que eu estaria brava com ela? Quem tinha um compromisso comigo era você! Quem me devia algum respeito era você, quem me humilhou publicamente foi você. - acusou ela calmamente com um olhar frio, depois de reunir os papeis e guardar numa pasta ela se dirigiu a porta.

- Ella espere, vamos conversar! - disse Kingsley correndo em direção a ela.

- Não há mais nada para conversar. - disse ela desaparatando e o deixando sozinho e desolado.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora