Dumbledore estava distraído, observando pela janela o tempo mudar, as nuvens escuras se formando no horizonte, anunciando uma tempestade. Um leve ruído soou atrás dele, o fazendo sorrir levemente sem olhar para trás para verificar.
- Boa tarde, Ella - disse ele cordialmente. - Como vai?
A resposta veio em um tom baixo e suave, carregado de frustração.
- Melhor que Arthur Weasley se quer mesmo saber - disse ela calmamente.Dumbledore se virou, surpreendido pelo tom de voz. Ele pousou os olhos sobre o bebê, que dormia tranquilamente, e um sorriso automático surgiu em seu rosto ao ver as faces coradas da criança, mas o sorriso se desfez ao detectar certa frieza nos olhos da moça.
- Entendo que esteja contrariada, Ella. Imagino que não aprove minhas decisões...- Não vim para isso - cortou ela, seu tom firme, porém controlado. - Eu te avisei para treinar o garoto antes, você não me ouviu, vida que segue. Vim por outro motivo.
Dumbledore ergueu as sobrancelhas e indicou uma cadeira.
- Ora, por favor, sente-se. - disse sorrindo de leve. - Pela sombra em seus olhos, presumi que tivesse vindo para... me criticar, como tem feito ultimamente.Ella revirou os olhos, impaciente.
- Não se faça de vítima, Alvo. Isso não combina com você. - Sua boca se torceu em uma careta sarcástica.Dumbledore soltou uma risada suave.
- Ah, minha cara Ella, sempre com sua preocupação disfarçada em hostilidade - disse ele, ainda sorrindo. - Mas sei que há mais em sua visita de hoje. Fale.Ela parou por um instante, ninando o filho com ternura, até que a expressão séria retornou ao seu rosto.
- O Lorde das Trevas sentiu a conexão que Harry tem com o garoto. Contou a Harry sobre a importância disso? - disse ela de repente, direta.Dumbledore assentiu, cruzando as mãos sobre a mesa, sua expressão grave.
- Sim, eu sei. Mas não falei com Harry... diretamente. A energia obscura de Voldemort afeta o garoto. Às vezes... tenho a sensação de ver um lampejo de Voldemort nos olhos dele.Ella franziu a testa, compreendendo.
- Por isso se afastou, para Riddle não invadir a mente de Harry enquanto está perto de você.Dumbledore assentiu lentamente, parecendo mais velho e cansado do que nunca.
- Exatamente.Ella hesitou por um instante antes de falar, claramente escolhendo as palavras com cuidado.
- Sabe o que penso sobre Severo ensinar o garoto, tem certeza que não há mais ninguém disponível para ocupar o lugar dele?Dumbledore ergueu as sobrancelhas, surpreso, e ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder.
- Já considerei algumas possibilidades - disse ele calmamente. - Você é uma bruxa que não pratica oclumência em si, mas consegue proteger sua mente usando sua magia natural, além da habilidade de aparatar sem ser detectada e seus poderes empáticos, tem ainda sua personalidade que faria Harry com toda certeza, adorar poder aprender com você, mas descartei tal idéia logo de início.Ella o encarou com incredulidade.
- Por qual motivo? - questionou ela curiosa.- É simples, eu não a exporia a um garoto que pode ser dominado por Voldemort, ele poderia descobrir sua verdadeira lealdade... e você tem mais a perder do qualquer um de nós. - explicou Dumbledore com um olhar compreensivo.
Ella olhou para o filho ressonando tranquilo em seus braços, e assentiu.
- Você está certo.- Severo ensinará Harry, e Voldemort não desconfiará dele. Isso nos dará tempo - disse Dumbledore, encerrando o assunto.
Ella assentiu, mas havia uma inquietação crescente nela. Seu corpo começou a tremer levemente, e Dumbledore notou que os cabelos negros dela flutuavam levemente, como se uma brisa invisível os tivesse tocado. Os olhos de Ella brilharam com uma luz intensa, que não tinha nada de humano.
Dumbledore se levantou de súbito.
- Ella, o que está acontecendo? - perguntou ele, se aproximando, os olhos arregalados, tentando tocar os fios de cabelo que dançavam no ar.Ella estendeu o bebê para Dumbledore que segurou a criança com cuidado, fazendo um ninho com os braços. Ela ofegou de leve com a mão sobre o peito, e tudo cessou voltando ao normal.
- Esse foi o motivo de eu ter vindo Alvo, minha magia está instável, e quanto mais eu experimento emoções conflitantes, maiores são as proporções dessa instabilidade.Dumbledore olhou preocupado para ela, que parecia assustada, por mais que tentasse se manter impassível.
- Com que frequência isso tem acontecido? - perguntou ele pensativo.- No começo era muito vago, apenas em momentos muito específicos, mas se tornou intermitente e mais potente a cada vez que acontece. - explicou ela limpando o suor do rosto. - o que acha que pode ser? - perguntou ela parecendo perdida.
Dumbledore ponderou, e pensou por alguns segundos.
- Há muitas forças que ainda desconhecemos e temo que sua magia possa estar além do que já estudamos até agora. Você deveria considerar perguntar a Maylos. - sugeriu Dumbledore franzindo o cenho.Mas ela não respondeu, ela o empurrou levemente e se apoiou na mesa, ofegante, como se estivesse tentando domar uma força invisível, suas mãos apertando a madeira da mesa que se partiu sob seus dedos delicados. E então, uma luz ofuscante se expandiu de seu corpo preenchendo a sala com um brilho quase divino, cegando Dumbledore automaticamente.
E Dumbledore sentiu uma paz absoluta, uma esperança infinita, como se sua alma estivesse completa, e um contentamento inexplicável o fez sorrir encantado.
E então, tão repentinamente quanto começou, a luz pareceu ser sugada de volta para o corpo de Ella, deixando um vazio esmagador no âmago dele, que ansiava por ter a luz de volta.Ella caiu de joelhos no chão, seus braços ainda apoiados na mesa, ofegando, quando Dumbledore finalmente recuperou os sentidos.
Ella mal conseguia falar.
- Alvo? Sírius está bem? - perguntou ela preocupada com o filho.Dumbledore olhou ligeiramente para o bebê que continuava a ressonar em seus braços.
- Está ótimo. - garantiu ele com a voz serena, e ela sorriu satisfeita. - Isso já havia acontecido antes? - perguntou ele olhando ao redor da sala, como se procurasse por danos, mas tudo estava intacto.- Não com essa intensidade. - respondeu ela se sentando e vertendo água da varinha para beber, parecendo sedenta. - Maylos viajou, ele tinha algo a resolver na China eu acho, por isso procurei você. - contou ela com um sorriso triste.
Dumbledore a olhou com seriedade e preocupação.
- Pelo o que vi, a explosão mágica não causa danos, me parece mais com uma extensão do seu poder de luz, do que algo verdadeiramente perigoso. Mas vamos estudar melhor esse assunto, e encontraremos respostas, enviarei uma carta a Newt pedindo informações.Ella assentiu se levantando.
- Obrigada Alvo, não sei o que faria sem você. E se eu puder pedir mais um favor... - pediu ela em tom suplicante - Não conte a Sírius nem a Severo sobre isso, ambos já tem coisas demais para se preocupar, e Sírius não está nada bem se sentindo frustrado e preso naquela casa, é melhor manter isso em segredo entre nós.- Pode sempre contar comigo Ella, vamos encontrar uma explicação para o que está acontecendo com você, e se não quer contar a sua família no momento não irei insistir, guardarei seu segredo. - prometeu Dumbledore com um sorriso bondoso.
De repente o pequeno Sírius ainda dormindo, se transformou em cachorro nos braços de Dumbledore, que deu um discreto sobressalto olhando chocado para o cachorrinho filhote que resplandecia.
Ella colocou a mão na boca para suprimir uma risada, e Dumbledore riu baixinho olhando encantado para o bebê animago.
- Esse é um segredo difícil de se guardar. - comentou Dumbledore se referindo ao bebê/cachorro, e rindo da situação.Ella riu com ele, se esquecendo da tensão de momentos atrás.
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A Princesa Mestiça e a Ordem da Fênix
FanfictionElla Prince é uma bruxa elegante e respeitável, mas também uma mestra das travessuras quando provocada, especialmente com seu padrinho Severo Snape, alvo constante de suas brincadeiras. Snape, que a trata como uma criança, o que desperta sua rebeldi...