Capítulo 135 - Dilemas

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Era véspera de Natal, quando Ella e Maylos conversavam na cozinha aos cochichos enquanto preparavam uma pequena ceia, o pequeno Sírius brincava na sala com Olho-Tonto Moody que havia passado lá para dar algumas informações interessantes que Ella poderia compartilhar com Voldemort para manter seu disfarce.

Ella encarou Maylos com relutância quando ele se colocou a frente dela a impedindo de voltar a sala.
- Você ainda não compreendeu de todo os pilares de magia antiga Ella, recomendo veementemente que não absorva mais uma dessas fontes de magia, ou poderá sofrer com efeitos colaterais inesperados. - advertiu Maylos com um olhar de reprovação.

Ella suspirou.
- Eu já aprendi tudo o que tinha para ensinar... "A magia antiga se divide nas forças da natureza mais comuns de se encontrar, e também as mais difíceis de se compreender. Como o tempo, o espaço, a mente, o futuro, o universo, os caminhos, o amor, a vida e por fim a morte". - citou ela debochada, repetindo as palavras como se estivesse lendo em um livro.

Maylos arqueou uma sobrancelha.
- Acha que citar o que expliquei é sabedoria? Voldemort também sabe citar os livros antigos, e nem por isso ele é considerado um sábio. Inteligência e sabedoria são coisas bem diferentes Ella. Quer arriscar cometer os mesmos erros que ele? - questionou Maylos com uma seriedade paternal.

- Não, claro que não. - murmurou ela chateada.

A porta da sala se abriu, e eles ouviram Sírius exclamar alegre "Tio Severo!", e depois de algumas breves palavras trocadas com Moody, Snape entrou na cozinha com sua carranca habitual, porém seus olhos negros estavam mais expressivos daquela vez.
- Poderia nos deixar a sós Maylos? - pediu ele educadamente.

Maylos olhou de relance para Ella, e assentiu saindo da cozinha. Ela cortava alguns legumes, quando colocou a faca de lado e cruzou os braços olhando para Severo.
- Sobre o que quer conversar?

Severo agitou a varinha e enfeitiçou a faca para que fizesse o serviço, Ella bufou indignada, e ele continuou a encarando.
- Quero que me dê atenção enquanto estou falando. - ordenou ele de forma mansa.

Ella fez sinal para que ele prosseguisse, e ele continuou.
- Dumbledore tem estado... melancólico nos últimos dias, ele partiu em uma viagem para as férias de Natal, e cheguei a cogitar a idéia de que você estaria junto com ele.

Ella pegou uma garrafa de vinho e abriu tomando um longo gole.
- Eu tenho um filho Severo, não o deixaria passar o natal sozinho para seguir com os planos suicidas de Dumbledore. - disse ela revirando os olhos.

Snape estreitou os olhos.
- Planos suicidas? Então é verdade, vocês discutiram?

- Ainda somos amigos se é o quer saber, só resolvemos seguir... caminhos diferentes. - disse ela tomando mais vinho.

Severo arqueou uma sobrancelha intrigado.
- Me pergunto o que pode ter acontecido para que você desistisse de ajudar. - perguntou Severo calmamente.

- Se Dumbledore não lhe explicou, talvez seja porque não é da sua conta. - disse ela na defensiva, conjurando as batatas que estavam na dispensa.

Severo observou a varinha que ela usava com surpresa no olhar. Ele se aproximou rapidamente e segurou o pulso dela, pegando a varinha para analisar, a varinha soltou faíscas azuis indignada por ser tirada de sua dona.
- Onde está sua varinha de runas de prata? - murmurou ele ignorando as faíscas.

Ella hesitou um pouco, mas depois deu de ombros.
- Ela... explodiu. - explicou calmamente.

Severo lhe devolveu a varinha com os lábios crispados.
- Loureiro e pena de pássaro trovão, é a varinha que te dei no passado. A tia Edite a comprou, mas fui eu quem escolhi a combinação incomum... Olivaras ficou encantado em produzi-la. - comentou ele nostálgico.

- Ela tem me servido bem, ficou meio temperamental no começo por se sentir abandonada, mas agora se adaptou a minha magia - explicou ela aproveitando a oportunidade para evitar o assunto sobre Dumbledore. Mas Severo não era do tipo que ignorava informações.

- Sua varinha explodiu... Você abandonou os planos de Dumbledore... O que realmente aconteceu Ella? - perguntou ele desconfiado.

- Nada de mais - disse ela conjurando panelas no fogão e acendendo o fogo começando a fazer a comida da ceia.

- Está ocultando informações. - disse ele espalmando a mão sobre a bancada.

- Você também está. - respondeu ela com um olhar crítico.

Severo a encarou meio surpreso e meio desconfortável, seus olhos demonstrando vulnerabilidade pela primeira vez em dias.
- Tem razão... Desta vez. - concordou ele -  confiança é uma via de mão dupla...

- Exatamente.

Severo ficou em silêncio a observando cozinhar, depois pegou a garrafa de vinho que ela bebia e tomou um gole antes de falar.
- Talvez eu não consiga fazer...

Ella parou de chofre chocada com a revelação, ele se referia a matar Dumbledore, mas se ele não conseguisse... Ele fez um voto perpétuo!
- Por qual motivo? - sussurrou ela preocupada.

- Eu... eu não quero. - disse ele dando outro gole no vinho, sua expressão perturbada.

Ella o olhou triste e compreensiva.
- Isso é realmente um problema... Se apontar a varinha e dizer as palavras mas não querer... querer de verdade... Bom... Talvez todo o plano vá por água abaixo. E pior... Você pode... Você vai... - ela hesitava com as palavras tentando controlar suas emoções.

Severo deu uma risada amarga.
- Acha que me importo se vou morrer por causa do voto perpétuo? Nunca temi a morte. Eu já estou morto por dentro há anos. - ele pegou uma garrafa de conhaque do armário e abriu tomando um longo gole, como se o álcool pudesse sublimar seu conflito interno.

Ella o observou com aflição, ela entendia melhor que ninguém a dificuldade daquela situação.
- A vida não é justa Severo, você já aprendeu isso, e da pior forma. Olha para mim, eu perdi minha mãe, perdi um pai maravilhoso que nem pude conhecer, perdi meus amigos... Perdi Sírius... Não... Não me obrigue a perder você! Eu já perdi demais.

- Não posso fazer isso Ella! Ele é o único amigo que tive, a única pessoa que confiou em mim. - disse Severo irritadiço.

- Ele é um homem condenado! E você pode dar um fim digno a ele, sem que ele sofra a vergonha pela tolice que fez. Você tem a chance de honrar o legado dele, de cuidar das crianças! É difícil mas também é simples! Controle suas emoções e pense racionalmente! Você quer deixar as crianças de Hogwarts a mercê dos seus amiguinhos comensais? - disse ela duramente, o forçando a encarar a verdade.

Severo respirou fundo.
- Não sou covarde. - disse ele se recompondo.

- Não, você não é. - concordou ela suavemente.

- Quem é covarde? - Olho-Tonto entrava na cozinha casualmente segurando o pequeno Sírius transformado em cachorro no colo.

Severo se aproximou de Ella e murmurou.
- Ainda não terminamos, você ainda vai me contar o que houve entre você e ele - disse ele suave e ameaçador.

Ella deu risada da expressão confusa de Moody, mas antes que pudesse comentar ela arregalou os olhos como se tivesse descoberto algo engraçado.
- Falando no diabo... - comentou ela com um olhar presunçoso para detrás deles.

Eles olharam em direção a sala confusos, e cerca de meio segundo depois Dumbledore entrou chegou na cozinha o pequeno Sírius ainda em sua forma de cão, aparatou para o colo de Dumbledore que o segurou nos braços surpreso.
- Olá Sírius, você está crescendo bem. - disse ele bondosamente, então olhou para Ella e para os outros com uma expressão confortável - Boa noite a todos, Maylos me deixou entrar, espero não estar atrapalhando a reunião de Natal de vocês...

Moody e Severo iam responder mas Ella entrou a frente deles.
- O que quer?

Dumbledore lhe deu um olhar misterioso, mas tinha um sorriso leve nos lábios.
- Preciso de sua ajuda. - disse ele enigmático deixando uma leve tensão no ar.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora