Capítulo 67 - Tratado

14 6 0
                                    

Ella adormeceu, e acordou com som de vozes alteradas.

- Não me ignore Severo - disse a voz de Dumbledore com firmeza.

- Ele é o filho do Potter! O filho dele Alvo! - disse Severo irritadiço.

- Ele tem o sangue da Lílian Severo, ela morreu por ele, ela o salvou... - sussurrou Dumbledore com brandura - ele tem os olhos dela.

Ella se aproximou da porta para escutar melhor a conversa. Mas os dois estavam em um silêncio profundo, alguns minutos depois Severo quebrou o silêncio.
- Tudo bem eu ajudo. - concordou ele a contragosto - mas não vá pensando que facilitarei as coisas para o garoto, pra mim ele será como um aluno qualquer, ele terá nenhuma vantagem se independente de quem seja.

- Eu já esperava isso de você Severo. - Assentiu Dumbledore com um suspiro.

- E você respeitará nosso trato, ninguém pode saber. - disse Severo ameaçadoramente.

- Eu repito o que prometi no passado, jamais revelarei o que tem de melhor Severo. - jurou Dumbledore, e o som de uma porta se batendo com força deu a entender que a conversa deles havia terminado.

Ella abriu a porta gentilmente e entrou na sala de Dumbledore, revelando sua presença ali. O diretor massageava as têmporas parecendo cansado, e quando viu Ella não escondeu seu olhar surpreso.
- Você ouviu...- começou ele.

- Ouvi. - assentiu Ella.

Dumbledore deu um suspiro fechando os olhos.
- Você deve perguntar a Severo sobre isso se quiser saber mais, eu prometi não contar.

- Não me importam seus assuntos com Severo por enquanto - disse Ella se sentando na cadeira a frente. - temos nossos assuntos a tratar.

Dumbledore a olhou surpreso.
- Em que posso ser útil? - perguntou ele educadamente.

Ella focou em algo atrás de Dumbledore, que olhou para trás para ver o que era, ela olhava para a fênix de Dumbledore e fez sinal para Fawkes se aproximar, a ave voou satisfeita pousando na coxa dela dando um pio suave de cumprimento.
- Preciso de sua ajuda, não deixe ninguém entrar por favor, afaste todos. - pediu ela abrindo a porta usando a varinha.

Fawkes assentiu e obedeceu indo até a porta e ficando do lado de fora em guarda. Ella agitou a varinha e trancou a porta, Dumbledore encarou Ella com interesse aguardando educadamente que ela se sentisse confortável para falar.

- Precisamos falar sobre o garoto Potter. - declarou Ella sem expressão no rosto.

- Reta e direta. - comentou Dumbledore sorrindo - É por isso que Fawkes gosta tanto de você.

- Sabemos que Riddle fez uma horcrux, e por esse motivo ele não morreu quando tentou matar Potter e por isso cremos que ele um dia retornará. - disse ela firmemente, mostrando a Dumbledore que não iria mudar de assunto, nem deixar que ele a enrolasse.

- Correto - concordou Dumbledore se rendendo a conversa.

- Ótimo, tem algo que quero lhe perguntar, e assim como fui sincera com você sobre tudo, quero que me responda a verdade sem esconder nada. Caso esconda algo, eu saberei, e essa conversa acabará aqui, e seguiremos caminhos distintos deste dia até meu último. - disse ela com muita seriedade.

- Sabe que existem coisas que não posso revelar, mas tentarei ao máximo ser sincero no que eu puder. - disse Dumbledore concordando com os termos estipulados por ela. - Agora pergunte o que quer saber.

- O garoto Potter, é a grosso modo, uma horcrux? - perguntou ela diretamente.

Dumbledore abriu a boca surpreso, pois na verdade nunca pensou que alguém seria capaz de deduzir a mesma coisa que ele, mas Ella já sabia tanto, sabia sobre as horcruxes, e era inteligente e astuta o suficiente para reunir o quebra cabeças e chegar a mesma conclusão que ele chegara a anos atrás quando viu a cicatriz na testa da criança.
- Porque pensa nessa hipótese? - perguntou ele interessado e sério.

- Sim ou não? - insistiu ela com um olhar frio.

Ele suspirou novamente sabendo que aquela era luta perdida.
- Sim. - revelou ele com tristeza. - agora me conte como chegou a essa conclusão.

- Eu vi, eu vi e deduzi na mesma hora, não me pergunte como, não sei como fui parar lá, não sei porque vi, mas eu sei que é verdade, tenho certeza. - disse ela com firmeza.

- Se tinha certeza porque me perguntou? - questionou Dumbledore analisando a expressão dela que continuava impassível.

- Por que está forçando Severo a proteger o garoto? - perguntou ela friamente ignorando a pergunta dele de propósito.

- É óbvio, Voldemort retornará, e vai querer se vingar do garoto, ele precisa ser protegido e Severo é habilidoso e capaz para essa missão. - disse Dumbledore com calma, ainda analisando o movimento de respiração dela.

- Se o garoto é uma horcrux, ele deve morrer para que Riddle morra no fim, o que pretende fazer Dumbledore? Pretende matar o menino? - perguntou ela se levantando sem tirar os olhos dele, ela colocou as palmas das mãos sobre a mesa e se aproximou mais de Dumbledore de forma ameaçadora analisando cada reação que ele não demonstrou. - Quer que Severo proteja o garoto de você? Acabará matando Severo para chegar ao garoto?

- Acha que eu seria capaz disso? - perguntou Dumbledore decepcionado, surpreso e triste.

- Estou especulando - disse ela relaxando um pouco e voltando a se sentar - me conte seu plano, e eu decidirei se ajudarei ou se morrerei tentando impedir.

- Protegeria o garoto? Mesmo sabendo o que ele é? - perguntou Dumbledore surpreso e comovido.

- Ele é um ser humano inocente, um pobre garoto que se tornou órfão pela maldade que existe no mundo, se há uma parte de Riddle dentro dele, isso não importa, encontrarei uma forma de liberta-lo do fardo. - declarou ela com seus olhos brilhando uma emoção que Dumbledore nunca havia visto nela.

- E se não conseguirmos encontrar nenhuma outra forma, de tirar isso do garoto? - questionou Dumbledore com uma expressão de triunfo, sentindo orgulho de Ella e ao mesmo tempo temendo que a hipótese de não haver esperança se tornasse real.

Ella relaxou mais o corpo, reparando a partir das emoções de Dumbledore que eles queriam as mesmas coisas.
- Vamos deixá-lo crescer, e decidir por si mesmo qual caminho deve seguir.

- E se Voldemort retornar antes do garoto ter idade o suficiente para compreender tudo isso? - perguntou Dumbledore determinado, falar com Ella sobre aquilo era o mesmo que conversar com uma versão feminina dele mesmo, ambos tinham os mesmos palpites e as mesmas decisões.

- Protegeremos ele, afinal, se existe algo que aprendi com magia antiga, é que Riddle entrelaçou o destino dele com o do garoto naquele fatídico dia, e aprendi com os centauros que laços desse tipo não podem ser ignorados. - revelou ela calmamente.

- Correto, esses laços podem ser evitados, caminhos diferentes podem ser tomados, mas o destino sempre será o mesmo. - assentiu Dumbledore concordando com um olhar enigmático.

- E o que faremos? - perguntou Ella demonstrando que estava dedicada aos ideais de Dumbledore, que sorriu levemente embora seus olhos estivessem tristes.

- Procuraremos pelas horcruxes, pesquisaremos cada pista - explicou Dumbledore demonstrando que aceitaria a ajuda dela naquela missão - deixaremos uma luz no caminho do garoto, facilitando o que pudermos.

- Não sabemos quantas horcruxes existem, nem se ele fez mais depois da primeira, mas depois do ocorrido com o garoto, podemos deduzir que há bem mais artefatos das trevas do que esperamos. - pensou ela em voz alta, voltando seu olhar para Dumbledore com mais firmeza. - Ajudarei no que for preciso, com uma única condição.

- Qual seria? - perguntou Dumbledore intrigado.

- Severo não pode saber sobre as horcruxes, não quero que ele se envolva, deixe-o proteger o garoto, porque ele deve isso a Lílian, já que foi o erro dele que levou a tudo isso. Deixe-o se redimir depois de ter servido a Riddle, lutando contra o mal, mas não o envolva nesse assunto das horcruxes a não ser que não haja outra opção. - pediu ela com um olhar apelativo.

- Aceito suas condições. - concordou Dumbledore.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora