A Princesa Mestiça e a Ordem da Fênix

Capítulo 78 - O diário de Tom Riddle

Ella aparatou diretamente na sala de Dumbledore, sem se preocupar em parecer apresentável. Seu cabelo estava desalinhado, as roupas velhas e sujas.
  A sala do diretor parecia ainda mais acolhedora com o brilho suave do sol poente que se filtrava pelas janela.

- Ella! Quanto tempo! Senti sua falta. - exclamou o diretor sorridente.

- Alvo, é muito bom revê-lo. Acredita que nem percebi o tempo passar? - disse ela, surpresa ao se dar conta disso. - Se não fosse por Severo, que me mandava cartas me atualizando dos acontecimentos, eu nem notaria que já se passaram um ano e meio desde que estive aqui da última vez.

Dumbledore a observou atentamente, notando as sutis mudanças no aspecto de Ella, havia uma certa dureza em seu olhar, e seu físico parecia mais atlético.
- Você fez muita falta, principalmente para Severo - comentou Dumbledore, guiando-a até a mesa com um gesto gentil. - Ele tem sido relativamente mais difícil do que o normal, especialmente com as crianças...

Ella franziu a testa levemente, Severo sempre fora exigente, mas algo no tom de Dumbledore sugeria que a situação estava mais complicada do que o normal.
- Depois converso com ele, vamos direto ao ponto, então? - disse ela mudando o assunto - Qual era a urgência que fez o senhor me chamar?

O rosto de Dumbledore ficou mais sério, e ele soltou um suspiro cansado.
- Bom, o ano letivo terminou, e Harry mais uma vez enfrentou Voldemort. - disse ele com um semblante de preocupação - Acredito que Severo tenha lhe explicado.

- Sim, ele me contou. A Pedra foi destruída... E esse ano houve outro incidente com uma tal Câmara. O que realmente aconteceu lá? - perguntou ela curiosa.

Dumbledore se inclinou levemente, seus dedos entrelaçados sobre a mesa.
- Havia um basilisco dentro da Câmara Secreta, e Harry o matou. E mais terrível do que a criatura em si, foram os eventos que ocorreram lá dentro - Ele fez uma pausa desconcertado - Foi por esse motivo que a chamei, gostaria que você analisasse este objeto.

Ele abriu uma gaveta da mesa e retirou um pequeno caderno de couro, no meio do caderno, havia um buraco que o atravessava, um sinal claro de que algo o havia perfurado.
O olhar de Dumbledore se demorou no objeto por um instante antes de entregá-lo a Ella.

Ao tocar o objeto, Ella sentiu um arrepio que subiu por sua espinha, um frio que não vinha do ambiente, mas de algo muito mais sombrio, um cheiro ocre, repugnante, pareceu se desprender das páginas, e ela franziu o nariz.
- Isso fede - murmurou ela olhando para Dumbledore.

O diretor se levantou e se aproximou, pegando o caderno de volta, ele o cheirou, sua expressão assumindo um ar confuso.
- Não sinto nada incomum. - comentou ele intrigado.

Ella percebeu então que aquele odor nauseante não era algo que qualquer um pudesse detectar, era alguma habilidade que ela tinha em especial, e aquele cheiro ocre sempre estava ligado a Voldemort. Ela pegou o diário de volta, fechando os olhos e se concentrando, as sensações começaram a se intensificar.

Dumbledore a observava atentamente, seu olhar carregado de expectativa.
-O que está vendo? - perguntou ele com a voz tensa.

- Não vejo nada, mas estou sentindo... - murmurou Ella, as sobrancelhas franzidas em concentração. - Sinto... Isso é realmente maligno, há morte, dor, desespero... - Ela hesitou, sua voz baixando ainda mais. - Espere... há sangue... e... veias pulsantes... Não... - Seus olhos se abriram de repente, e ela soltou o diário no chão como se ele fosse algo obsceno - Isso é...? - perguntou ela horrorizada.

- Uma Horcrux - respondeu Dumbledore suavemente - Era na verdade. - confirmou ele.

- Como você encontrou isso? - perguntou ela enojada.