Capítulo 89 - Atração Irresistível

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Os dias se passaram e as semanas também, e Ella e Sírius estavam convivendo de forma cordial, tentando se manter distantes, e resistindo a seus impulsos, tudo em prol de Harry Potter, de certa forma.
Mas os dias eram tediosos, Ella já estava farta de ficar lá, e Sírius com seu espírito livre, se sentia igual, ambos não foram feitos para ficarem presos num lugar só, e a falta de ação já mostrava seus sinais interferindo no humor dos dois, que discutiam com mais frequência, Ella com seus comentários sarcásticos sempre deixava Sírius confuso, mas ele até gostava de perturbar, flertando e fazendo gracinhas para ver ela sair do sério, mas haviam dias que eram solitários e melancólicos para Sirius, onde ele se lembrava de tudo o que perdera, se lembrava de seus dias em Azkaban, e sofria em silêncio em seus pesadelos frequentes.

Ella percebeu que Sírius sofria, e resolveu dar uma descontraída para que ele se sentisse mais confortável, pediu a seu elfo Binsy, para levar garrafas de bebidas para eles, e a noite ela fez uma fogueira na praia, e convidou Sírius para beberem e jogar conversa fora.
Eles observavam as estrelas, e o som do mar, da fogueira crepitando, o vento agitando os cabelos, deixou Sírius mais relaxado.

Ella bebia seu oitavo ou nono copo de hidromel quando Sírius observou surpreso.
- Como consegue beber tanto? Se eu beber no mesmo ritmo que você, passaria a noite vomitando. - comentou ele rindo.

- Quando não se tem mais nada, a bebida se torna uma muleta, e por anos era a única coisa que eu tinha para afogar a dor. - explicou Ella com um olhar enigmático.

- Anos? Quando você começou a beber então? - perguntou Sírius tentando fazer as contas, ele sabia que Carrow havia a raptado e mantido presa e que fazia pouco tempo que ela havia fugido, logo não fazia sentido ela beber por longos anos a não ser...

- Quando eu estava presa, Carrow deixava bebidas nas prisões, o coma alcoólico era uma benção depois de dias de tortura e cirurgias malucas sem anestesia. - contou ela monótona.

- Como consegue ficar em paz com tudo isso? - perguntou ele, falando mais dele mesmo do que dela.

- Como eu já disse, não tem como voltar atrás, só evitar cometer os mesmos erros. - explicou ela dando de ombros.

- E a sua infância? Como foi? Você me contou apenas do momento que Carrow havia lhe raptado, e contou pouco sobre sua mãe. - pediu Sírius buscando a entender melhor.

- Minha infância não foi nada comum, eu já nasci com uma consciência e entendimento das coisas que bruxos normais não possuem, características herdadas de minha genética peculiar. Minha mãe retornou a Grã-Bretanha grávida, e temendo que Dumbledore não pudesse oferecer uma qualidade de vida e experiências para mim, ela se voltou para Riddle, ou Voldemort, tanto faz. - contou ela com certa amargura.

- Sua mãe era comensal da morte? - perguntou Sírius surpreso.

- Era e não era. - tentou explicar ela. - ela só queria me criar em segurança, e Voldemort estava perto de sua ascensão, ela só se aproveitou da situação. Mas quando descobriu quem ele realmente era, e as maldades que ele fazia, ela resolveu lutar contra ele, e me enfiou no meio de tudo. - contou ela com o semblante triste.

- Você conheceu Voldemort? - perguntou Sirius num sussurro.

- Conheci e convivi com ele até meus 13 anos de idade. Minha mãe me treinou desde meus 3 anos de idade a esconder emoções, e a agir como Voldemort esperava. Ela sabia que eu tinha um grande potencial mágico, e se eu conseguisse despertar o interesse dele em mim, eu estaria segura, e ao mesmo tempo poderia descobrir as fraquezas dele. - contou ela com um sorriso amargo.

- Isso foi cruel...- comentou Sírius acariciando o rosto dela com ternura - sinto muito, nem imagino pelo o que você passou.

- Eu sobrevivi - disse ela com um sorriso mais animado - tenho amigos, família, dinheiro, uma magia sem igual, não há mais nada que eu queira. Aprendi que coisas maravilhosas podem acontecer apesar de tanta desgraça. - disse Ella bebendo diretamente da garrafa.

Sírius a avaliou em silêncio antes de falar:
- Você é mais forte do que eu pensei... Sabe eu te observo, e tem dias que desejo ser mais como você, Dumbledore confia a você segredos e missões, tudo por causa de quem você é, e você não é arrogante, nem se importa com o que pensam de você. Eu queria poder pensar assim. - disse Sírius abrindo outra garrafa e bebendo diretamente dela.

- A que se refere? O grande Sírius Black tem inseguranças? - perguntou ela irônica, mas com um tom de voz leve, suas palavras soando mais deconexas, mostrando que estava bêbada.

- Meus pais não eram pessoas muito legais, eu já te contei do meu irmão, e da minha fuga de casa, mas mesmo depois de tudo, eu ainda sinto uma vontade enorme de me provar, eu sinto que só mereço as coisas enquanto eu sou útil. Por isso ficar parado sem fazer nada de importante, me deixa frustrado. - contou Sírius com amargura, o álcool dando mais incentivo para ele contar o que não contaria normalmente.

Ella riu.
- Você é incrível Sírius, e só um tolo não veria isso, e óbvio, você é um imbecil por não enxergar o próprio potencial. - balbuciou ela bebendo mais um gole.

- Acha que sou bom o bastante? Para a batalha que teremos a travar no futuro? Pffs, eu discordo. - comentou ele, sentindo o mundo girando e apoiando a mão no chão para se segurar.

- Você tem que se convencer que apesar de tudo o que passou, você merece ser amado, sem precisar fazer nada, não existem razões ou motivos para se amar e valorizar alguém, e você é importante sim, e é amado, você é uma pessoa que passou por coisas terríveis, mas isso não diminui nem uma grama da pessoa extraordinária que você é. - revelou Ella de uma forma amável demais, talvez fosse o álcool deixando sua mente mais leve para admitir coisas demais.

Sírius a olhou de canto de olho.
- Você diz isso só porque quer se aproveitar de mim - disse ele dando risada.

Ella deu risada do modo descarado dele.
- Você é impossível Sírius Black.

- Estou mentindo? - perguntou ele se aproximando dela com um olhar suplicante.

- Talvez...- disse ela séria olhando para ele com sinceridade.

- Já que estamos dizendo verdades, faz semanas que eu desejo te beijar novamente, e estou prestes a fazer isso - disse ele com sinceridade - mas também estou com medo de ser transfigurado numa galinha se arriscar demais. - Os dois caíram na gargalhada, bebendo mais doses de hidromel e whisky de fogo.

O dia amanheceu, e Ella abriu os olhos vendo o vento agitar a cortina branca do quarto, pela intensidade do sol já devia passar do meio dia. A cabeça dela doeu com uma pontada forte, não devia ter bebido tanto na noite anterior, então flashes de memória começaram a bombardear sua mente a fazendo se sentar na cama assustada, ela olhou para o lado e viu Sirius ressonando a seu lado, dormindo com um sorriso no rosto.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora