Capítulo 124 - Insanidade Mortal

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Émilie Roux descia uma escadaria de pedra, escondida numa caverna atrás de uma cachoeira ao sul da França.
Ela saiu fugida do ministério da Grã Bretanha, Moody e Kingsley já desconfiavam dela, e inclusive poderiam até ter provas do que ela havia feito por todos esses anos.
Ela estava infiltrada, garantindo informações para o que buscava, Carrow havia garantido que tinha formas de burlar o envelhecimento, e poderia mantê-la jovem para sempre, mas para isso um artefato guardado no departamento de mistérios era necessário, já que a garota Prince havia conseguido fugir de todas as armadilhas que prepararam, sem o sangue da garota, somente esse artefato poderia garantir o sucesso do experimento.

Carrow estava sentado no sofá do porão improvisado, ele dormia profundamente por mais tempo que o normal, desde que Émilie o havia resgatado de Azkaban.
Aquele lugar era um antigo templo que não era utilizado há centenas de anos, lugar perfeito para se esconder e se manter longe da supremacia crescente de Você-sabe-quem, que inclusive havia invadido o ministério inglês há alguns dias, a confusão que ele causou deu a oportunidade perfeita para Émilie conseguir o que queria... Um pedaço do véu do arco misterioso da morte.

Ela bateu seus saltos no chão de pedra para informar sua presença, Carrow acordou rapidamente com a varinha em punho, estava ficando cada vez mais paranóico, e Émilie temia que ele perdesse a razão antes que pudesse sintetizar a poção para transformá-la num ser capaz de ficar jovem para todo o sempre.

Carrow a encarou com seus olhos pequenos e frios.
- Ah minha doce senhorita Roux, conseguiu o que te pedi? - perguntou ele olhando para atrás dela com desconfiança, como se esperasse alguém vir logo atrás para prende-lo.

- Aqui está. - disse ela com sua voz rouca e sedutora, jogando uma pequena caixinha no colo do bruxo.

Carrow abriu a caixa devagar, seus olhos brilhando com cobiça.
- Perfeito, em poucos dias poderei sintetizar a poção que você precisa, só preciso de mais alguns ingredientes, e você vai consegui-los para mim. - disse ele friamente, num tom ameaçador.

Émilie ficou indignada.
- Sabe o quanto me arrisquei para conseguir um pedaço desse artefato? - perguntou ela fazendo um muxoxo - O marido da sua filha escorregou através do véu e desapareceu, tive que ter um cuidado tão preciso para cortar o tecido que por muito pouco não caí para dentro do arco também! E agora você ainda quer mais? Hum! - ralhou ela com uma birra infantilizada.

Carrow deu de ombros, expondo presas esquisitas e amareladas como de um animal.
- Faça o que bem entender, o maior interesse é seu. - disse ele fingindo não se importar - se quiser ficar jovem para sempre precisa me trazer os ingredientes restantes, ou pode se arriscar e tentar preparar a poção sozinha. - provocou ele sabendo que conseguiria dela o que fosse enquanto a manipulasse para pensar que era possível ser jovem e bonita para sempre.

- Isso não é justo! - exclamou ela batendo o pé - não conheço os ingredientes! Nem os feitiços utilizados, você tem que me ajudar! Você me deve isso!

- Então vá buscar o restante dos ingredientes. - disse ele calmamente, dando a ela um pergaminho com anotações.

Ela hesitou, mas pegou o pergaminho passando os olhos por ele rapidamente.
- Esses serão fáceis, mas essa planta só é encontrada na Inglaterra, e sabe bem o que está acontecendo lá! Porque não me pediu esse ingrediente antes de toda a confusão? Agora é arriscado demais ir até lá! - ralhou ela com olhos cheios de lágrimas raivosas.

- A planta precisa ser usada enquanto está fresca, e só pode ser colhida na lua cheia. Senão não vai funcionar. - respondeu Carrow dando de ombros.

- Também não vai funcionar se eu estiver morta! - reclamou ela indignada com o pouco caso dele.

Carrow ergueu as sobrancelhas de um modo sarcástico.
- Tampouco funcionará sem a planta, ou você prefere pegar o sangue da minha filha? Com Ella, tudo ficaria muito mais fácil.

Émilie fez uma careta.
- Levou quase um ano inteiro para eu descobrir como ter meu cabelo de volta, os aurores não quiseram me ajudar. Prefiro não encontrar aquela megera novamente, ainda mais que há rumores que ela se aliou a você-sabe-quem.

- ELA O QUE? - berrou Carrow furioso. - aquela traiçoeira, manipuladora, é uma traidora como a mãe dela, largou Dumbledore quando viu que havia outro bruxo mais poderoso. Ah mas ela vai se arrepender por isso, eu farei questão de dar a ela um bom corretivo. - murmurou Carrow consigo mesmo, seus olhos girando insanamente nas órbitas.

- Dumbledore claramente não gosta de você, e quanto a... aquele-que-não-se-deve-nomear, já te jurou de morte há anos atrás, como pretende passar por cima da proteção dos dois possíveis bruxos mais poderosos do mundo moderno? - perguntou ela cética, e Carrow lhe deu um olhar sombrio - Calma, não estou tentando te diminuir nem nada do tipo, mas é um fato que você não é páreo para nenhum deles. - ela deu um olhar debochado e murmurou - ultimamente nem seria páreo para a garota Prince...

- O que disse? - perguntou ele parecendo perturbado.

Ela fez um biquinho.
- Sua filha está mais forte e mais poderosa do que se pode imaginar, eu a vi treinar com o aurores enquanto ainda estava grávida, e pelas barbas de Merlim! A garota pratica magia não-verbal e sem varinha com tamanha destreza que parece mortal em combate.

- Pensei que odiasse minha filha Émilie. - comentou Carrow pensativo.

- E odeio. Mas não sou imbecil para subestimar alguém que claramente pode me matar. - disse ela dando de ombros olhando para as próprias unhas.

Carrow ficou em silêncio, mexendo a boca sem emitir som, como se fizesse contas, ou falasse sozinho.
- Quando eu terminar minha experiência com você, estará tão poderosa que nem mesmo Alvo Dumbledore será páreo para você.

- Eu não me importo em ser poderosa! Eu quero ser bonita! - ralhou ela fazendo birra.

- E porque não pode ser os dois? - perguntou Carrow com um sorriso maldoso - Quando finalizarmos nosso plano seremos tão poderosos que vão nos eleger como rei e rainha e todos se ajoelharão aos nossos pés buscando ser como nós.

- Eu ainda serei a mais bonita? - perguntou ela batendo os cílios.

Carrow suspirou irritadiço.
- Claro, é, vai sim. - confirmou ele revirando os olhos.

- Vou buscar o que precisa. - prometeu ela saindo alegre do porão.

Émilie era tão bela quanto era burra, mas serviria a seus propósitos. Jacob seu fiel seguidor, ainda estava enlouquecendo em Azkaban, mas logo todos os seus companheiros seriam retirados daquele maldito lugar, e juntos eles liderariam uma nova era, onde não importava o bruxo, fosse você-sabe-quem, fosse Dumbledore, ou até mesmo sua filhinha rebelde, iriam se curvar diante dele, implorando para que ele os transformasse em seus iguais.
Carrow deu uma gargalhada desvairada enquanto pensava em como seria a sensação de ser adorado como um deus, quando fundisse seu DNA com os mistérios mais profundos do mundo bruxo ele seria invencível e imortal, e ninguém nunca mais iria subjuga-lo ou humilha-lo.

Enquanto isso na Inglaterra, Ella Prince acordou de um pesadelo cheio de sombras e morte, ela ofegou assustada olhando com alívio para o filho que dormia tranquilamente ao seu lado.
Seu coração se apertou com sua intuição gritando a plenos pulmões que ela deveria procurar Alvo Dumbledore e lhe contar o que havia sonhado, pois aquele sonho diferente dos outros, parecia ser um prenúncio de um futuro instável e terrível.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora