Os dias passavam lentamente, mas para Sírius e Ella, cada momento parecia um sonho. Em suas formas animago, eles corriam livremente pelas planícies, aproveitando a companhia um do outro em meio às tarefas da casa. Riam, conversavam, compartilhavam segredos, e até passaram a dormir no mesmo quarto, como se fossem um verdadeiro casal. A felicidade era palpável, um respiro de alívio em meio ao caos que os cercava.
Ella sentia uma felicidade que há muito não experimentava, todas as brigas e dúvidas se esvaíram, tanto que ela nem sentia necessidade de contar a ele sobre suas peculiaridades como anhangá.
Ela até chegou a confidenciar a Dumbledore que planejava adiar sua missão de caçar as horcruxes até o início do ano seguinte. Ela queria passar o Natal ao lado de Sírius, aproveitando esses momentos preciosos. A afinidade entre os dois era incrível, ambos espíritos livres, sonhadores. Eles faziam planos de viajar, de explorar o mundo assim que o pesadelo com Voldemort terminasse e Harry estivesse seguro.Entretanto, as sombras da guerra voltaram a rondá-los quando Harry enviou uma carta a Sírius, relatando seu nome sendo lançado no Cálice de Fogo. Preocupados, Ella imediatamente entrou em contato com Dumbledore, que sugeriu que Sírius falasse com Harry através da rede de flu para obter mais informações.
Mas, enquanto novembro avançava, algo terrível começou a acontecer. Ella adoeceu de forma misteriosa, começou ficando sem apetite, exausta e com pesadelos constantes, e seus sintomas se agravavam dia após dia.
Ela preparou poções, mas nenhuma parecia funcionar, as veias de seus braços estavam enegrecidas, pulsando como se algo sombrio estivesse se espalhando por seu corpo.
Sírius, cada vez mais aflito, enviou uma carta urgente a Dumbledore.
A resposta veio rápida:"Caro Sírius,
Entendo sua preocupação, mas no momento não posso sair de Hogwarts. Porém, enviarei Severo Snape no dia 15 de novembro para verificar a situação de Ella. Peço que você se esconda, pois sabemos das desavenças entre vocês. Severo tem grande talento nas artes das trevas e, sem dúvida, encontrará uma solução.
Confie em mim. Cuide-se.
Atenciosamente,
Alvo Dumbledore."A ideia de Snape vindo até eles irritava Sírius profundamente, mas ele sabia que Ella precisava de ajuda.
Naquela noite, Sírius se aproximou dela, que estava frágil e pálida à beira da lareira, ele segurou sua mão, sentindo o frio em seus dedos.- Como se sente? - perguntou ele, a voz cheia de carinho, mas também de temor.
- Bem… é só o frio - ela respondeu, forçando um sorriso, mas Sírius via que ela estava mentindo.
- Dumbledore mandou Severo vir amanhã. Ele vai te ajudar - comentou ele, tentando manter o tom leve.
- Severo? Ele não pode vir! Se ele te ver… - Ella começou, alarmada, mas Sírius a interrompeu com um sussurro reconfortante.
- Vou me esconder no celeiro com Bicuço. Ele não vai me ver, prometo.
Ella suspirou, mas não teve forças para protestar. Ela adormeceu, exausta, enquanto Sírius a mantinha nos braços, preocupado demais para dormir.
Quando Snape chegou no dia seguinte, Sírius já estava escondido, mas não pôde evitar a curiosidade, usou um feitiço da desilusão para espiar pela janela.
O que viu o deixou desconfortável, Severo não era o homem amargo e frio que ele imaginava. Havia uma genuína preocupação em seus olhos ao examinar Ella, tocando-a com uma ternura que Sírius nunca tinha visto nele, e pior, Ella retribuía com o mesmo olhar, havia um lealdade e cumplicidade entre eles, que era difícil de se mesurar.- A maldição parece estabilizada, mas seu corpo está muito fraco - disse Snape, seus dedos tocando suavemente o pulso de Ella.
- Afirmando o óbvio Severo? - perguntou ela com um sorriso fraco, e quando Severo tocou o nariz dela fingindo uma expressão irritada, ela riu dele mas logo começou a tossir.
O toque delicado e a preocupação evidente no olhar de Severo mexeram com Sírius, despertando uma onda de ciúmes que ele mal podia conter.
- Está enfrentando algum conflito emocional? - perguntou Severo, afastando uma mecha de cabelo do rosto de Ella com uma gentileza que fez o coração de Sírius apertar de raiva.
- Eu só sinto sua falta, Severo… mais do que gostaria de admitir - disse Ella, afagando o rosto dele, o que fez Severo corar ligeiramente.
Sírius mal conseguia acreditar no que estava vendo. A intimidade entre os dois era evidente, muito mais profunda do que ele havia imaginado. Por que Ella nunca o olhara daquele jeito? O que havia entre ela e Snape? O ciúme queimava dentro dele, enquanto via a maneira afetuosa com que Severo aplicava poções e a tratava com feitiços. Ambos conversaram aos sussurros sobre experiências passadas, e Ella até afirmou que os anos que passou ao lado de Severo foram mágicos, fazendo Sírius espumar de raiva.
- Pronto, em alguns dias você estará melhor, deve ter pego alguma gripe forte, e aliada ao peso da maldição e conflitos emocionais, seu corpo enfraqueceu mais do que o habitual - disse Severo, enquanto a ajeitava na cama com delicadeza.
- Eu te amo Severo, sei que não sou fácil de lidar, e tenho escondido coisas de você. Mas saiba que para todos os efeitos, seremos sempre eu e você, para sempre. - disse ela adormecendo de exaustão.
Severo deu um beijo leve na testa dela.
- Sempre, Ella. - prometeu ele.O coração de Sírius parou. Ele se afastou da janela, os pensamentos girando em sua mente. Então era isso? Ella amava Snape? Como isso podia ser verdade? Ela preferia o Ranhoso, ao invés dele?
Desde quando se conheciam? Como podiam ter tanta intimidade? Ella sorria pro Ranhoso de uma forma que nunca sorriu pra ele. Era por isso que ela não conseguia se apaixonar por ele, porque amava outro?Sírius voltou para dentro da casa quando Snape partiu, ainda devastado pela cena. Ele pensou em confrontá-la, exigir respostas, mas ao vê-la adormecida, frágil, toda a raiva se esvaiu, dando lugar a uma tristeza profunda.
A luta interna entre o amor que sentia por Ella e o ciúme que o corroía o deixava paralisado. Como competir com um vínculo tão profundo quanto o de Ella e Severo?
Só de observar o modo como se olhavam, Sírius já sabia que não tinha chance.
O estômago dele revirou, só de pensar em Ella revelando que amava o Ranhoso e que deixaria ele para viver com seu verdadeiro amor. Não, não podia ser verdade.
Mas se Ella conhecia Severo há tanto tempo, como ela não falou sobre ele antes? Seria Severo o tal ex namorado de quem Ella contou? Ou seria um amor platônico?
Não, ele ouviu claramente Ella prometer que o amaria para sempre, e Severo concordou.
Sírius adormeceu no sofá naquela noite, tendo pesadelos terríveis com Ella se casando com Severo, e ele sendo obrigado a forçar um sorriso enquanto a via se afastar. Ele acordou no dia seguinte se sentindo dolorido e com olheiras profundas sem conseguir lidar com a dor do ciúme, e da decepção.Ella porém se levantou com tranquilidade, se sentindo muito melhor, estava menos pálida, e até conseguiu preparar seu próprio café da manhã.
Sírius entrou na cozinha sem conseguir olha-la nos olhos.- Bom dia - disse ela, com a voz ainda fraca, seu rosto foi tomado por preocupação no momento que viu a expressão de Sírius.
- O que houve com você? - perguntou ela alarmada.
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A Princesa Mestiça e a Ordem da Fênix
FanfictionElla Prince é uma bruxa elegante e respeitável, mas também uma mestra das travessuras quando provocada, especialmente com seu padrinho Severo Snape, alvo constante de suas brincadeiras. Snape, que a trata como uma criança, o que desperta sua rebeldi...