Capítulo 21 - Maldição

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- Dumbledore? Pode nos receber? - disse Snape batendo na porta do escritório do diretor.

- Ella! Severo! Entrem, entrem. Em que posso ajudar? - disse Dumbledore analisando os dois com seus olhos faiscantes.

- Lembra da magia negra em Ella? - disse Severo preocupado.

- Sim, me lembro.

- Ella se lembrou de alguns detalhes sobre isso, diga a ele Ella.

- Minha mãe disse que a maldição era uma variação do feitiço de mumificação, junto ao feitiço secante, e mais alguma coisa. - disse Ella entediada.

- Você se lembra de qual palavra ele usou ou do movimento da varinha? - questionou Dumbledore pensativo.

- Riddle era mestre em feitiços não verbais, e eu era criança, nem reparei nisso, mas ele me cortou e usou meu sangue para fazer o feitiço. - disse Ella se aproximando de Fawkes e acariciando a bela ave que piou alegre.

- Huumm, suponho que foi usado um feitiço inventado, adaptado com o sangue da vítima e magia negra, é incrível que ainda esteja viva, suas habilidades em poções e defesa contra magia das trevas são com toda certeza notáveis, ou caso contrário não estaria aqui hoje. Mas se for realmente uma maldição de sangue... É magia antiga, creio que não haja cura... - disse Dumbledore pausadamente.

Snape olhou de relance para Ella, que revirou os olhos.
- Novamente afirmando o óbvio.

- Você já sabia? - perguntou Snape surpreso e irritado.

- Que você e Dumbledore são repetitivos? - disse a garota os ignorando e acariciando a ave.

Snape foi até ela e a segurou pelos pulsos a forçando a olhar para ele:

- SEVERO! - disse Dumbledore em tom de reprovação, mas ele o ignorou totalmente.

Seus olhos negros pareciam querer vasculhar a alma da garota. Ele não estava fazendo muita força, apenas o suficiente para ela não se soltar.
- Se já sabia que ia morrer, qual foi o motivo de ter vindo? Depois de todos esses anos que eu pensei que estava morta, porque não deixou que continuasse assim? Porque veio agora? - a voz dele estava alterada, o semblante aflito, os olhos levemente marejados.

Ella não respondeu, na verdade ela não sabia como responder, porque ela nunca havia pensado por esse ângulo que ele expôs, ela pensou apenas em si mesma, mas ela não cogitou que isso poderia ser uma tortura para Severo de certa forma.

- Eu... Eu não sei... - ela sussurrou fitando o chão. Severo a soltou e passou a mão pelos cabelos.

- Não veio atrás de ajuda já que a morte é certa, nem atrás de vingança já que disse me perdoou faz anos, então qual seria o motivo de ter vindo? - disse ele de costas para ela, ainda com a mão na cabeça segurando o cabelo para trás.

- Diga a ele, ele tem o direito de saber. - disse Dumbledore bondosamente encarando a garota, e ela devolveu o olhar para o diretor curiosa, ele realmente tinha bons palpites.

- Melhor deixar isso para outra hora, eu gostaria de dizer que aceito ser professora, apenas esse ano, não vou me prolongar aqui. - disse ela tentando desesperadamente mudar de assunto.

- Porque quer ser professora? Vai morrer de qualquer jeito. - disse Snape friamente.

- É, eu vou morrer, mas não agora, não hoje, nem semana que vem, nem mês que vem. Então tenho tempo! - disse ela irritadiça.

- Não tem motivo para eu permanecer nessa conversa. - disse Snape se virando para sair.

- Ella, melhor dizer agora, do que deixar para depois. Na vida não podemos deixar passar as oportunidades de contar a verdade sobre o que sentimos para as pessoas que amamos, principalmente se for família. - disse Dumbledore dando uma piscadela.

- Argh! Tá bom, eu falo. Tio Snape volta. - Severo se virou para encarar ela lá da porta, e ela o olhou hesitante.

- Olha, isso soa tão arrogante da minha parte, mas sim, eu já sabia que iria morrer, eu sou uma especialista em poções como você, e minha mãe era ainda mais talentosa, e se eu e ela não conseguimos uma solução, é porque realmente não tem. E foi egoísta da minha parte ter voltado, mas a verdade é que eu estou apavorada, eu estou sozinha, e eu estou morrendo, e você é minha única família, eu não quero morrer sozinha, eu quero ter alguém para segurar minha mão e me dizer que vai ficar tudo bem.

- Belo discurso. Mas eu não dormi a noite toda, e estou cansado. Vou me retirar.

- Espere tio Snape! Por favor! - disse ela indo atrás dele na escadaria.

- NÃO SOU SEU TIO! - gritou ele se virando para ela com o rosto transtornado. Então ele respirou fundo uma vez e continuou. - Sou seu padrinho, sempre considerei Edithe como uma irmã, e não como minha tia. Enfim, nunca foi errado você me chamar de tio, eu só estou com raiva.

- Eu entendo, eu também senti raiva no início, mas com o passado eu aprendi, que não podemos lutar contra nosso destino, porque isso só nos leva de encontro a ele. Veja Riddle, seu lorde das trevas, o que aconteceu, tentou tanto evitar a derrota que a encontrou sozinho. - disse Ella em tom brando - o que quero dizer na verdade, é que eu já aceitei, estou bem com isso, e a morte é apenas uma grande aventura, que vem depois disso aqui. E tá tudo bem, vai ficar tudo bem no final.

Snape deu uma gargalhada sarcástica, depois a puxou pela gola da blusa a obrigando a olhar nos olhos dele.
- Acha mesmo que vou simplesmente segurar sua mão e esperar você morrer? Está muito enganada - disse ele friamente, então a soltou e passou pela gárgula sem olhar para trás.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora