O corredor permaneceu vazio por longos minutos, quando Severo finalmente saiu da sala de Dumbledore, sem dizer nada ele puxou Ella pelo cotovelo como se fosse uma criança desobediente.
- Severo, eu não tenho muito tempo, então seja direto. - disse ela se desvencilhando dele.- Não a quero metida com os assuntos de Dumbledore, Ella. Não irei adverti-la novamente. - disse Snape de forma ameaçadora.
- Você não tem que querer nada quando se trata da minha vida Severo. - explicou ela pacientemente. - E para sua informação, não estou metida com nenhum assunto relacionado a Dumbledore. - garantiu ela, afinal o assunto era relacionado a Voldemort, e não a Dumbledore, mas ela não iria contar esses detalhes.
Severo a olhou nos olhos por longos segundos procurando sinais de mentira.
- Está mais habilidosa em esconder suas emoções. - comentou ele com desconfiança - Não sei se devo me orgulhar ou me preocupar.- Talvez se sinta orgulhoso ao me ver tão cínica quanto você. - disse ela em tom de provocação.
Severo a analisou e franziu o cenho.
- O que há de errado? Você não parece bem. - comentou ele genuinamente preocupado.- O que me denunciou? - perguntou ela se auto avaliando para encontrar onde havia errado.
- Nada que outros perceberiam, são detalhes míninos, uma leve sugestão no olhar, a voz em tom inconstante ao fim da frase, e você tem covinhas na bochecha, quando está irritada elas marcam muito levemente no momento que você respira. - descreveu ele - Deve trabalhar essa característica imediatamente se for mesmo ficar metida com os assuntos de Dumbledore. - alertou ele a contragosto.
- Não concorda que eu me meta em assuntos de Dumbledore, mas quer me ajudar? - perguntou ela crítica, cruzando os braços.
- Quero te manter viva, sua peste! - disse ele empurrando a testa dela com o dedo indicador.
Ela o fuzilou com os olhos massageando a testa.
- Eu sei me virar sozinha. - afirmou ela com rebeldia.- Sabe? - disse Severo arqueando as sobrancelhas em tom debochado. - Se fosse o lorde das trevas te analisando, você não teria a menor chance. Controle sua mente, não seja fraca deixando suas emoções a traírem, se eu notei, o lorde das trevas notará também. - garantiu ele com um olhar duro.
- Por que está falando sobre Riddle? - perguntou ela intrigada com as palavras de Severo.
Ele olhou para os dois lados rapidamente e a puxou pelo braço até uma salinha de Filch, onde ele armazenava vassouras e objetos de limpeza.
- Olhe - ordenou ele puxando a manga da capa para expor o antebraço. E ali estava a marca negra, com leves delineados mais escurecidos.- Não é apenas um palpite, são indícios reais. - disse ela para si mesma pensando alto.
- Pelo menos compreende a seriedade da questão. - debochou Severo - Contenha suas emoções no seu âmago, e não demonstre o mínimo sinal de hesitação, ou não terá a mínima chance contra o lorde das trevas. Está me entendendo? - perguntou ele com seriedade.
- Sim - murmurou ela preocupada. - Só não entendo o porque sugere que Riddle vai me ver novamente de alguma forma.
- É preciso que eu afirme o óbvio - disse Severo com a voz carregada de sarcasmo.
- Por favor - disse ela ironizando a situação.
- Nesse momento o retorno do lorde das trevas é inevitável, muitas pessoas já sabem que você está viva, e o lorde das trevas irá a sua procura, com toda certeza...
- E eu não sou covarde para fugir ou me esconder - completou ela concordando.
- Exato, então seja obediente, ou pelo menos finja que é, e trate de se controlar. - disse Severo se preparando para sair.
- Espere. - pediu ela, ele se virou devagar esperando, sua expressão impassível - e quanto a você Severo? O que fará?
- Acha que existe outra alternativa para mim além de ajudar Dumbledore? - perguntou ele com um tom de sarcasmo na voz.
- Claro que existe, Lílian se foi, não há mais nada que prenda você a tudo isso... - disse ela sem pensar, sua voz se quebrando no fim da frase ao ver a expressão dura no rosto de Severo.
- Grande parte da minha... dedicação... se deve a Lílian, é inegável, eu devo isso a memória dela - explicou Severo escolhendo as palavras cuidadosamente. - Mas existem uma série de outros fatores que me fizeram escolher esse caminho - disse ele parecendo impaciente de repente. - E não preciso me explicar nem pra você nem pra ninguém.
- É... Compreensível Severo... - sussurrou Ella pensativa.
O som de passos do lado de fora, interrompeu a conversa deles, Severo se aproximou da porta intrigado.
- Quem estaria andando por aqui a essa hora?Moody abriu a porta com um solavanco.
- Snape, Prince. Sabiam que é suspeito ficarem cochichando e se escondendo por ai? Ainda mais levando em consideração que Prince não deveria estar aqui. - rosnou Moody parecendo mais impaciente e rabugento do que o normal.- Eu vim falar com Severo sobre assuntos familiares, mas já estou de saída, e Severo é professor, ele pode andar pelos corredores a hora que desejar. - disse ela em tom rebelde.
- Poderia nos dar licença? - disse Severo em um tom de desagrado. Os dois se encararam duramente, mas Moody cedeu após alguns segundos.
- Sejam breves, eu não serei tão bondoso se encontrar os dois aqui novamente. - ameaçou Moody finalmente se afastando.
Eles observaram Olho-Tonto seguir pelo corredor, até que ele sumisse de vista.
- Alastor Moody está conseguindo me tirar do sério ultimamente. - contou Severo revelando suas suspeitas.
- Também pensei nisso quando o vi agora a pouco, as emoções em torno dele estavam um tanto... violentas, para não dizer algo pior. - comentou Ella pensativa.
- Ele investigou meus aposentos, e até meu estoque particular de poções, parecia procurar algo específico - disse Severo intrigado.
- Soube que ele foi atacado antes de vir pra cá, é compreensível que esteja sendo um pouco mais... cauteloso. - afirmou ela ponderando a situação.
- Isso não me parece cautela Ella, me parece algo mais... - disse Severo desconfiado.
- E o que acha que pode ser? - perguntou ela tentando pensar em alguma alternativa.
- Nada que diga respeito a nós - disse Severo finalizando o assunto - vamos, antes de Dumbledore apareça e me tire o vestígio da pouca paciência que ainda me resta. - disse ele andando em direção contrária a que fora Moody.
- Eu preciso ir Severo, infelizmente não posso me demorar mais, tenho algo... hum... importante para resolver. - disse ela com certa hesitação na voz.
Snape olhou desconfiado para ela, mas não insistiu.
- Sei... faça o que achar melhor. - disse ele com um tom aborrecido, e saiu sem se despedir.Ella deu um sorriso fraco, Severo sempre iria ser o mesmo, rabugento, amargo, e teimoso o bastante para não assumir seus verdadeiros sentimentos.
Ela aparatou imediatamente em direção as primeiras coordenadas que Dumbledore havia anotado no pergaminho que ela queimou, como uma verdadeira mestre em poções, boa memória era seu forte.
Seus pés pisaram na margem de um lago congelado, em algum lugar ao norte, não havia uma árvore sequer a volta, um lugar deserto, coberto por neve e gelo.
Ella se analisou a paisagem se sentindo confusa, porque Dumbledore a enviaria a local ermo sem nenhum tipo de pista?
Mas logo ela conseguiu sentir algo diferente, um leve resquício, bem sutil, de um cheiro ocre repugnante que ela sempre sentia nos feitiços malignos de Voldemort, talvez o próprio Dumbledore possa ter ido até lá, e não ter percebido essa leve nuance no ar.
Ella andou por cima do gelo escorregadio, se sentindo congelar, suas roupas não eram muito adequadas para aquele frio, até que uma leve sugestão de magia a fez parar imediatamente.
Ela limpou a neve para tentar visualizar o fundo do lago, mas sem sucesso, estava escuro, e nem mesmo a luz da varinha ajudava a identificar se havia ou não algo ali.Num rompante de coragem cega, ela retirou sua capa, e respirou fundo algumas vezes, se sentindo uma total imbecil por arriscar aquilo.
- Isso não é nada inteligente Ella Prince. - murmurou ela para si mesma.E então aparatou em direção ao fundo do lado.
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A Princesa Mestiça e a Ordem da Fênix
FanficElla Prince é uma bruxa elegante e respeitável, mas também uma mestra das travessuras quando provocada, especialmente com seu padrinho Severo Snape, alvo constante de suas brincadeiras. Snape, que a trata como uma criança, o que desperta sua rebeldi...