Capítulo 43 - Encontro

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Ella seguiu o conselho de Severo, e vestiu uma calça preta de couro e um camisão branco, botas pretas nos pés e uma capa preta com detalhes em prata, de acessórios uma gargantilha fina de prata, e brincos pequenos. Não estava super produzida, mas estava arrumada.
Quando chegou ao três vassouras, Kingsley já estava lá, numa mesa ao lado da janela no segundo andar, ele estava muito bonito, usando calça jeans preta, botas estilo militar, uma camiseta branca, e um colar de dentes de crocodilo, por cima da roupa ele estava com uma capa azul marinho lisa.

- Boa noite. - disse ela para ele que estava distraído.

E quando ele a olhou ela pôde entender o que Severo quis dizer, os olhos dele brilharam e um sorriso encantador se abriu no rosto dele, ele estendeu a mão para cumprimenta-la, e ela aceitou meio tensa, ele indicou o lugar a frente dele para que ela se sentasse, e a olhava com adoração, como se ela fosse... O sol.
- O que vão querer hoje queridos? - perguntou Rosmerta se aproximando da mesa deles.

- Eu vou querer hidromel Rosmerta, o envelhecido em carvalho. - disse Kingsley com um sorriso.

- E para você professora? Talvez uma água de gilly? - perguntou Rosmerta.

- Prefiro whisky de fogo, pode trazer a garrafa por gentileza. - disse Ella inexpressiva. Rosmerta trouxe os pedidos impressionada ao ver que o falador Kingsley estava calado e corado olhando para a moça a sua frente com um ar de admiração.

- Não me olhe desse jeito, eu fico constrangida. - disse ela séria olhando para Kingsley.

- Sempre me intrigou o fato de você não sorrir com facilidade, está sempre com as expressões paralisadas, como se fosse uma boneca. E isso me deixou sem dormir sabia? - contou ele rindo.

- Você ficou sem dormir porque uma mulher não sorriu para você? - perguntou ela arqueando a sobrancelha com ironia.

- Não foi o que eu quis dizer - respondeu ele rápido demais, ela percebeu a aura de tensão e ansiedade dele aumentando exponencialmente.

- Explique então - disse ela com serenidade para melhorar o clima da conversa. Ela se serviu do whisky de fogo e esvaziou o copo num só gole.

- Eu quis dizer que para mim essa característica sua é o que te torna interessante - ela bebeu outro copo num só gole e sorriu levemente o encorajando e ele continuou um pouco mais confortável. - Enquanto treinava para ser auror, estudei muitos sobre análise de expressões faciais, análise de magia, entre outras coisas que ajudam muito um auror durante uma investigação ou um interrogatório, e fui o melhor da turma, até hoje sou especialista nisso. - comentou ele meio acanhado.

- E...? - completou ela tomando outra dose de whisky.

- E para mim as pessoas sempre são previsíveis, é difícil eu pensar que alguém seja interessante. Mas você ultrapassou todos os limites da minha curiosidade me deixando... Encantado, essa é a palavra perfeita. - disse ele se soltando mais, então diante do olhar analítico dela, ele se encolheu um pouco e tomou uma dose do seu hidromel para descontrair.

- Sinto em informar que não sou tão interessante quanto pensa, sou apenas reclusa socialmente. Com Dumbledore eu estou sempre conversando e rindo, e com Severo eu sou praticamente uma imbecil, no bom sentido eu acho. - explicou ela com um leve sorriso nos lábios, e bebeu mais uma dose de whisky.

- Você é forte para bebidas, qualquer moça da sua idade já teria sucumbido ao álcool se bebesse assim. - observou ele surpreso.

- Eu não sou como as moças da minha idade. - alfinetou ela elegantemente.

- E quem você é de verdade? - perguntou ele flertando.

Ela tremeu os lábios de leve, a palavra "assassina" foi a única que veio a sua mente, ela não havia percebido o quanto estava afetada pelos últimos acontecimentos e descobertas, e as palavras de Carrow voltaram a soar em sua mente "ninguém seria capaz de amar um monstro como você".
Ela começou a suar frio, mas seu rosto ainda permanecia impassível, Kingsley nunca perceberia a crise de identidade que ela estava tendo naquele momento se não fosse por um descuido mágico dela, a ansiedade e o pânico dentro dela estavam tão descontrolados que liberou uma carga de magia fazendo o copo se quebrar.

- Desculpe - murmurou ela piscando os olhos com força.

- Ella, se acalme, é só um copo, veja - ele usou a varinha para concertar o copo e limpar o líquido da mesa, depois acenou para Rosmerta mostrando que estava tudo bem.

- Eu sei, o copo é apenas um copo, mas eu... - o coração dela batia descompassado, e parecia que o ar não estava entrando em seus pulmões, ela agarrou a correntinha em seu pescoço e a arrancou para ver se conseguia fazer o ar entrar, mas não funcionou. - Eu tenho que ir.

- O que? - perguntou Kingsley estupefato vendo ela colocar dois galeões na mesa e sair correndo para fora.

Do lado de fora estava ventando bastante, o que ajudou a amenizar a falta de ar, ela se apoiou a uma mureta para se controlar.
- Calma, é só respirar, é só respirar - disse ela consigo.

- Ella! - Kingsley havia saído do três vassouras e a encontrou apoiada naquela mureta sozinha, ele a segurou pelos ombros gentilmente - Você está bem? Quer que eu te leve de volta a Hogwarts? - perguntou ele preocupado.

- Não é necessário, estou bem. - disse ela se endireitando. - Você acreditaria se eu dissesse que só fiquei nervosa?

- Nervosa por estar comigo, ou nervosa por outra situação? - perguntou ele ainda a segurando com medo de que ela caísse.

- Não sei. - disse ela com um sorriso.

- Venha, aqui fora está frio, vamos voltar lá para dentro e pedirei a Snape para te buscar. - disse ele avaliando o rosto pálido dela.

- Eu gosto do frio, gosto do silêncio que está aqui fora, vou dar uma caminhada, e a não ser que tenha medo do frio pode me acompanhar se quiser.- disse ela se afastando dele e andando para longe do bar.

- Tudo bem, vamos caminhar. - disse ele a seguindo.

- Por que eu? - questionou ela após alguns minutos andando em silêncio.

- Como assim? - disse ele confuso.

- Você com toda certeza leu o relatório sobre mim, porque ainda quer minha companhia? Não tem medo? - perguntou ela parando para o encarar.

- Eu gosto do perigo, e sinceramente? Te acho tão perfeita que chega a doer. - declarou ele tirando uma folha que ficou presa ao cabelo dela.

- Doer? - perguntou ela surpresa e confusa.

- Você é inteligente, linda, delicada mas ao mesmo tempo tão forte e tão ameaçadora, e quando você sorri, meu coração quase se parte, porque sei que não sou digno de você. - revelou ele com sinceridade.

- Digno? - ironizou ela rindo.

- Sei que não vê com outros olhos, mas eu queria apenas uma chance de te conhecer melhor, e te provar que eu posso ser bom o bastante para você.

- E se eu nunca me apaixonar por você? - perguntou ela com seriedade.

- Eu vou ser grato por ter tido a chance de te conquistar. - disse ele passando a mão pelo rosto dela com imensa ternura.

- Não quero iludir você - disse ela com os olhos fechados.

- Deixa que eu me viro com as consequências depois. - disse ele se aproximando com cuidado e avaliando a reação dela para ver se tinha permissão de estar tão próximo, ele levantou o queixo dela levemente e a beijou lentamente com doçura, era um beijo emocionado, cheio de adoração, e quando se afastou ela estava impassível novamente, sem reação nenhuma, nem sequer com o rosto corado.
- Diga alguma coisa por favor - murmurou ele num conflito de sentimentos.

Ela apontou a varinha para ele dando um sorriso maroto, e depois aparatou, o deixando sozinho no meio da rua, confuso e com um tentáculo no lugar do braço. Ele olhou para o braço/tentáculo e riu sozinho.
- Eu ainda vou casar com ela.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora