Capítulo 80 - Presente Devolvido

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Ella chegou ao Ministério com passos firmes, cada movimento cuidadosamente calculado. Ela transfigurou melhor as roupas de Severo que agora pareciam sob medida para a ocasião, ela realçou seus traços com uma maquiagem sutil, já sabendo que aparência era algo importante para o ministro.

Assim que entrou no escritório do ministro, Cornélio Fudge se levantou surpreso, e a cumprimentou com carinho.
- Prince, minha querida! Quanto tempo! Por onde andou?

Ella devolveu o sorriso com uma expressão açucarada.
- Fiz uma pequena viagem de lazer, Cornélio. Precisei de um tempo para mim mesma - respondeu ela com uma calma deliberada.

Fudge assentiu sorridente.
- Lazer, claro... Uma excelente escolha. Muito bom... - murmurou ele, desviando o olhar brevemente para sua mesa - E... você está bem, querida?

Ella manteve o sorriso sereno, mas seus olhos eram observadores como de uma águia.
- Muito bem, obrigada por perguntar.

Fudge mexia desajeitadamente em alguns papéis sobre a mesa, parecendo inquieto.
- Espero que possa me perdoar, Ella, mas estou um pouco sobrecarregado no momento. Tenho uma inspeção programada em Azkaban dentro de alguns dias... - disse ele, com uma tensão crescente em sua voz. - Preciso garantir que tudo esteja em ordem lá. As coisas têm estado... instáveis.

- O que o preocupa, Cornélio? - perguntou ela gentilmente, manipulando a situação para conseguir informações.

Fudge deu um suspiro se sentando a sua mesa, parecendo cansado de repente.
- Você me conhece bem, Ella... - murmurou ele. - Você sabe como Dumbledore é, ele achou suspeito as investidas de você-sabe-quem, e recomendou que eu vá pessoalmente a Azkaban verificar a segurança da prisão, e a lealdade dos dementadores.

Ella concordava plenamente com Dumbledore, mas não iria expor isso para Fudge, então escolheu as palavras certas para amolar o ministro.
- Mas o que Azkaban teria a ver com ele? - questionou ela com um tom inocente.

Ele franziu a testa, ponderando.
- Dumbledore está sendo protetor em relação ao garoto Potter, talvez um pouco demais. Mas você entende, mesmo sendo uma tarefa desagradável, não custa nada ceder as vontades de Dumbledore, meu prestígio como ministro está em jogo.

Ella assentiu lentamente, medindo suas palavras antes de falar.
- Dumbledore sempre exagera, e claro você deve cuidar de sua imagem como ministro, mesmo estando velho, Dumbledore tem ainda tem grande influência no mundo bruxo. - ela fez uma pausa estratégica, observando o rosto ansioso de Fudge. - Cornélio, por que não me leva com você nessa inspeção? Posso testemunhar pessoalmente e usar um pouco de minha influência para acalmar Dumbledore.

Fudge ficou pasmo, e um sorriso largo se formou em seu rosto.
- Perfeito! - exclamou ele - Sua presença trará um equilíbrio necessário. Nem mesmo Dumbledore poderá contestar, especialmente considerando suas... conexões.

Ella sorriu para si mesma, um sorriso mais amargo do que doce. Ela conhecia muito bem as “conexões” que Fudge mencionava, as famílias ricas e influentes, que a cortejavam como se ela fosse valiosa por ter sangue puro. Ela mal podia conter o riso ao pensar na reação dessas famílias se soubessem que o sangue dela era mais mestiço que o de Hagrid.
- Será um prazer ajudar - disse ela, sua voz sedosa.

Fudge pareceu se lembrar de algo de repente e bateu levemente na própria testa.
- Ah, quase me esqueci! A senhorita Émilie Roux pediu para ir junto - disse ele, com um ar desconfortável. - Ainda não dei uma resposta. Se isso for incômodo para você, posso recusar.

Ella sorriu, mas havia um brilho calculista em seus olhos.
- Não seria incômodo pra mim, mas... tenho a impressão de que minha presença pode incomodar a senhorita Roux.

Fudge coçou o queixo, pensativo.
- É... durante o tempo em que você esteve fora, ela perguntava muito de você, e com certa malícia, e ela realmente não sabe se portar, não, melhor que ela não vá.

Ella assentiu graciosidade.
- Bom, foi um prazer revê-lo, Cornélio. Não quero tomar mais do seu tempo, vim apenas informar sobre meu retorno e deixar uma pequena contribuição.

Ela assinou um documento com elegância, entregando-o a Fudge, que leu o valor com um sorriso largo.
- Sempre tão generosa, minha amiga.

- Cm sua licença - Ela saiu da sala enquanto Fudge ainda olhava satisfeito para o documento de doação.

Nos corredores do Ministério, Ella cumprimentou conhecidos com um sorriso ensaiado e parou para algumas conversas triviais. Mas sua verdadeira intenção era descobrir o porque Émilie Roux havia expressado tanto interesse em alguém que mal conhecia, as ações daquela mulher eram um tanto suspeitas, ela iria conversar com Moody, ver se o auror tinha mais informações.

Ella entrou na sala de Moody encontrando um cena um tanto peculiar, Émilie estava sentada sobre a escrivaninha e Kingsley a encarava tão próximo que seus rostos quase se tocavam.

Ella pigarreou, anunciando sua presença. A expressão de Kingsley se iluminou com um sorriso de devoção mostrando que ele ainda não havia superado o relacionamento dos dois, Émilie apenas ajeitou o cabelo ignorando Ella totalmente.

- Desculpe interromper... seja lá o que for isso - disse Ella, com ironia afiada. - Mas confesso que estou surpresa em vê-los aqui.

- Ella, não é o que você está pensando... - Kingsley começou, mas Ella o silenciou com um gesto da mão.

- Não me interessam seus assuntos, senhor Shacklebolt. - Sua voz era cortante num tom educado - No entanto, admito que devo a vocês um presente, em retribuição a um presente de natal surpresa que me deram no passado. E ao entrar aqui, percebi que nunca é tarde para corrigir antigos erros.

Émilie sorriu com deboche.
- Se está com ciúmes do seu ex, pode ficar com ele, eu não o queria mesmo.

Ella retribuiu o sorriso, doce e venenoso ao mesmo tempo.
- Ah, que pena... Eu realmente não queria fazer isso hoje, mas aprendi a nunca desperdiçar oportunidades.

Com um movimento elegante da varinha, Ella desenhou um círculo sobre si mesma, e um movimento floreado no ar, espalhando uma fumaça densa pela sala.
Os dois tossiram enquanto a fumaça os envolvia, Kingsley tentou ir até Ella que deu um aceno debochado e desaparatou.

Moody chegou e abriu a porta fazendo a fumaça se dissipar, o grito de Émilie preencheu o ar quando ela viu seu reflexo no espelho: sua cabeça completamente careca soltando vapor dos poros, e com furúnculos horríveis formando a palavra "vaca" em sua testa.

Moody, no entanto, estava mais interessado em Kingsley, seu olho mágico parado para observar a cena cômica.
Kingsley olhou para si mesmo e soltou um gemido ao perceber que estava nu exceto por uma cueca infantil decorada com ursinhos, e asas de libélula brotando de suas costas com a palavra "infiel" brilhando em glitter em cada uma delas.

Olho-Tonto Moody explodiu em gargalhadas.
- Prince passou por aqui? - perguntou ele tentando desfazer as asas de Kingsley, mas sem sucesso. - É uma transfiguração avançada, o feitiço tem sua própria assinatura, não consigo desfazer.

- Ela nunca me deixa explicar - reclamou Kingsley conjurando roupas para vestir.

- Como tiro isso de mim! - lamentou Émilie chorosa apontando para a própria testa.

- Você mereceu, quem mandou bisbilhotar minha sala? Você teve sorte que foi Kingsley e Ella que a encontraram porque se eu te pegasse no flagra sozinha, você estaria em Askaban agora e não aqui com uma azaração fácil de se desfazer - reclamou Moody em tom acusatório.

- Resolva isso! - gritou ela para Moody.

- Já estou providenciando isso Roux - disse Moody rabugento - vamos até Scrimgeour ver o que ele acha de bisbilhoteiros como você.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora