Os pés de Ella tocaram o chão de leve, e ela olhou para os lados para identificar onde estava, ela puxou um pequeno mapa da bolsa e lançou um feitiço de localização para ver se a aparatação foi bem sucedida, o que não era realmente necessário, ela nunca havia errado nenhuma vez sequer.
Ela andou por quade uma hora, naquela floresta as árvores não ficavam tão próximas, então era possível ter uma boa visão do terreno a frente, mas a chegada da noite estava dificultando a procura, o vento soprava com força jogando seus cabelos no rosto e não importava quantas vezes ela o prendia, o cabelo tornava a se soltar por conta da intensidade do vento.
Tendo uma ideia um pouco arriscada, Ella se transformou em corsa, a luz que emanava de sua forma animal poderia ajudar a percorrer o perímetro, e ela poderia usar o olfato de animal para ajudá-la a encontrar rastros de sangue, pois onde Riddle estivesse, com toda certeza haveria um rastro de sangue em seu caminho. A forma animal também aumentava a intensidade de seus poderes empáticos, e facilitaria muito para sentir rastros de magia negra por perto.
Após duas horas correndo, ela parou próximo a um lago e olhou para o céu, a lua cheia já reinava imperiosamente, enquanto aquela parte da floresta parecia ter vida própria.
Ali próximo ao lago o ar parecia denso, impregnado de uma umidade quase sufocante, um cheiro ocre se desprendia das árvores altas o bastante para tampar a pouca luz que a lua proporcionava.Ella se retornou a forma humana, sentindo sua intuição gritar mais alto a cada passo que dava em direção ao lago, seus pés se afundavam levemente no solo lamacento enquanto ela atravessava o lago quase sem perceber a água gélida entrando em suas botas, ela seguia como se estivesse em transe, hipnotizada pela cena dos galhos tortos, das folhas disformes e do solo seco daquele lado do lago.
Ela respirava fundo, o ar que saía de seus pulmões começou a se transformar em vapor, uma leve fumaça branca a frente de rosto, aquele lado estava mais frio, e o ar mais denso ainda, como a fumaça pesada de mil incensos com cheiro ocre.Ela parou por um segundo, respirando fundo, tentando praticar o que aprendera, repetindo para si mesma as palavras de Newt Scamander...
- "Sua magia é forte, mas você precisa harmonizar suas duas partes, tanto a bruxa quanto a animal, deixando ambas as energias fluírem naturalmente, não tenha medo do desconhecido, sua magia não foi feita para te ferir, se concentre e deixe vir..."Ella se abaixou e tocou o chão, sentindo traços de magia negra que se moviam pela paisagem, como sombras que se escondem no canto dos olhos, sempre fora de alcance, mas presentes o suficiente para deixar uma marca. Seu sangue pulsava em suas veias, reagindo ao que restava ali fragmentos de uma presença maligna que havia se desfeito, mas ainda assim persistia, Voldemort esteve ali, cada fibra de seu corpo parecia gritar essa verdade, mesmo que o ambiente à sua volta estivesse quieto até demais.
Ela enterrou a ponta dos dedos no solo, sentindo o eco de um poder que não pertencia mais àquele lugar...
- Três dias. - murmurou ela abrindo os olhos. Três dias desde que aquela energia sufocante impregnando a terra havia começado a se dissipar...Ao se levantar, Ella ouviu passos suaves se aproximando, seus sentidos estavam em alerta. Ela empunhou a varinha virando-se devagar, e se deparou com um aldeão idoso saindo das sombras,
seu rosto enrugado parecia ser uma parte da floresta, com olhos que carregavam anos de conhecimento.Ele se aproximou, com uma expressão neutra, e sussurrou com uma voz rouca, como se temesse ser ouvido pelas próprias árvores.
- Não deveria estar aqui criança, a morte ronda pelas sombras, buscando a quem possa tragar.Ella acendeu a ponta da varinha, e analisou o rosto do ancião, desde seus longos cabelos brancos, até seus olhos de cor púrpura, sentindo uma certa familiaridade... O velho a olhou com a mesma intensidade, pausando seu olhar nas runas da varinha da moça, suas sobrancelhas se ergueram em notável surpresa.
- Talvez a morte não seja capaz de lhe tragar afinal - comentou ele com a voz mais amistosa - você veio em direção a morte, mas chegou atrasada, a sombra que rodeia por aqui se foi.Ella vincou a testa ainda analisando os traços do aldeão.
- Se a morte anda por aqui, o que está fazendo no caminho dela? - perguntou ela enigmaticamente.O velho sorriu de leve.
- Não tenho medo da morte, nem das trevas, nem de seres vivos. - revelou ele com naturalidade.- O que é você? - perguntou ela col a varinha em punho e um semblante determinado.
O ancião ergueu a mão com a palma em direção a ela, e uma luz muito branca e resplandecente irradiou, fazendo a aura densa se dissolver como gelo no calor, a luz a atingiu, mas ela não sentiu nada, continuando na mesma posição encarando o velho aldeão que ficou pasmo, ele a observou com certa curiosidade, e deu outro sorriso.
- Seus olhos não temem a luz, seu corpo não é afetado pelas sombras, você é como eu.- Você é um anhangá? - perguntou ela ainda com semblante sério.
- É esse o nome que nos dão agora? Hum, interessante, no meu tempo nos chamavam de grandes espíritos. - explicou o homem.
- Para onde foi a sombra que deixou esse rastro maligno para trás? - perguntou ela fingindo não se importar com a revelação do senhor.
- Um garoto veio aqui há alguns dias atrás, um pouco mais velho que você, ele veio diversas vezes, tremia de medo ao mesmo tempo que sua curiosidade o obrigava a seguir, ele encontrou a sombra e as trevas que a acompanham. - contou o ancião misterioso.
- E o que houve depois? - perguntou ela avaliativa.
- Ele tomou as trevas para si, e a levou para longe, eu avisei que a morte seria a consequência de sua escolha, mas o rapaz estava decidido a entregar tudo, se fosse capaz de ter o que ele pensava que não tinha. - contou o ancião.
- Poder? - perguntou ela retoricamente.
- E o que mais poderia importar para os humanos a não ser isso? São poucos os que não almejam, mas em algum momento já desejaram, ou ainda vão desejar. - concordou o velho.
- Qual o seu nome?
- Me chamavam de Maylos, em outro tempo, quando poder era o que eu também desejava, hoje não atendo por nenhum nome, prefiro não ter nada para chamar de meu. - revelou o ancião enigmático.
Ella avaliou o velho aldeão com certa hesitação, mas ela sabia em seu âmago que poderia confiar naquele homem, não havia motivos, apenas pura intuição, mas era um sentimento puro, amparado pela aura de magia de luz que ele emanava e filtrava a aura densa das trevas que permeavam o perímetro daquele lugar.
- Maylos, existe um homem em quem eu confio, confiaria a ele não só minha vida mas também a vida de quem é precioso para mim.- Quer que eu vá com você, e quer que eu conte a ele o que sei. - completou o ancião com um sorriso presunçoso, porém sem maldade.
- Quero. - disse ela o encarando com certa intensidade, ficaram em silêncio por alguns segundos enquanto ele a avaliava novamente de forma pensativa.
- Irei com você criança, mas devo retornar a esta floresta o mais breve possível, sou o protetor das criaturas mágicas que aqui habitam, luto pelo equilíbrio da natureza, não posso deixá-los sem ninguém. - negociou o velho com seriedade.
- Estará de volta assim que contar ao meu amigo tudo o que sabe sobre a sombra. - prometeu ela.
O velho estendeu a mão para ela com um olhar repleto de emoções que ela pela primeira vez não soube identificar, ela o pegou pelo braço e aparatou de volta para casa.
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A Princesa Mestiça e a Ordem da Fênix
FanficElla Prince é uma bruxa elegante e respeitável, mas também uma mestra das travessuras quando provocada, especialmente com seu padrinho Severo Snape, alvo constante de suas brincadeiras. Snape, que a trata como uma criança, o que desperta sua rebeldi...