Capítulo 107 - Incondicional

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Madame Pomfrey chegou e ajudou Ella a se trocar para ficar mais confortável com o parto, McGonagall também veio para auxiliar, Sírius e Severo se negaram veementemente a deixar Ella sozinha com as mulheres, e entraram no quarto assim que elas aprontaram tudo. Dumbledore ficou na cozinha com Lupin, preparando chá, e esperando ansiosamente.

Severo se ajoelhou do lado esquerdo da cama, segurando a mão de Ella, e Sírius fez o mesmo do lado direito, ambos com o olhar desesperado ao vê-la respirar com dificuldade, e fechar os olhos com força, quando sentia uma nova onda de dor.

- Você pode gritar se sentir muita dor Ella. Não precisa ser forte por nós. - disse Sírius limpando o suor na testa dela.

Severo o olhou com desprezo, e Ella deu uma gargalhada em meio as dores.
- Está tudo bem, estou acostumada com a dor, minha ansiedade é mais intensa que qualquer dor. - disse ela sorrindo, e depois fechando os olhos para conter outra contração.

- A qualquer momento agora querida - disse madame Pomfrey que estava abaixada em frente a ela esperando o bebê sair. - Isso! Força Ella! Estou vendo a cabeça dele!

McGonagall limpou as lágrimas dos olhos discretamente quando o bebê saiu chorando a plenos pulmões. Ela levou uma vasilha com água para Madame Pomfrey e caiu no choro, quando o bebê que tinha cabelos negros abriu os olhos liláses olhando assustado para os lados.
O cordão foi cortado, e madame Pomfrey envolveu o bebê numa toalha branca e o colocou gentilmente no colo da mãe.
Ella sorriu para o filho, que lhe devolveu o sorriso mostrando que tinha covinhas como ela.
Ela olhou para Severo que estava com os olhos e nariz muito vermelhos, ele se segurava para não chorar. Sírius estava sem reação e parecia muito pálido.

- Eu sou sua mãe meu pequeno - disse ela com sua voz soprano suave - E esse é seu pai - conversou ela com o bebê indicando Sírius.

Sírius tremia como se estivesse sendo eletrocutado, ele se aproximou e passou a mão pelos cabelos negros do bebê, e a emoção que sentiu ali o envolveu de tal forma que ele não conseguia reagir.

Ella se virou para Snape.
- Esse é seu titio Severo, ele tem essa cara de morcego velho, mas te ama mais que tudo! - disse ela apresentando o bebê para Severo que deixou uma lágrima escorrer sem se dar conta.

Um estrondo ao lado assustou todos, e o bebê voltou a chorar. Sírius havia desmaiado.

- Ora francamente! - exclamou Minerva correndo para ajudá-lo.

- Patético - disse Severo balançando a cabeça com um olhar crítico.

Sírius foi colocado na poltrona ao lado da cama, e havia voltado aos sentidos, mesmo se sentindo um pouco zonzo ainda. Ella estava terminando de amamentar o bebê, enquanto Minerva foi avisar a Dumbledore e Lupin.

Madame Pomfrey se aproximou com gentileza.
- Precisamos dar um banho no bebê, e você precisa descansar querida. - disse ela estendendo a mão para o pequeno.

Ella parecia hesitante, não queria dar o bebê nas mãos dela, mas estendeu os braços o entregando quando sentiu o cansaço vencer.

- Quem quer ajudar com o banho do bebê? - perguntou Pomfrey se dirigindo a saída.

- Eu vou - disse Severo com firmeza.

- Eu sou o pai! - protestou Sírius se levantando com pressa.

- Você não tem a capacidade de manter seu próprio corpo em pé cachorro! - disse Snape com amargura.

- Ele é meu filho! - reclamou Sírius encarando Severo com irritação.

- Parem! - disse Ella cansada.

- Ella! - exclamou Severo revoltado - Ele acabou de desmaiar, pode acabar derrubando o bebê, esse sarnento!

- Eu não tenho sarna! - replicou Sírius em protesto - Já tive pulgas... Mas sarna não - murmurou ele dando de ombros.

Severo arqueou uma sobrancelha com um olhar mortal.
- Ah que ótimo, vai passar pulgas para o bebê. - disse Severo carregado de sarcasmo.

- Hei!

- Parem! Os dois podem ajudar com o bebê, e parem de discutir, isso não faz bem para ele. Se ficarem discutindo na frente dele vou azarar os dois! - ralhou Ella com um olhar ameaçador.

Severo cruzou os braços com uma carranca. E Sirius se desculpou.
- Está certa querida, vou ajudar com o bebê, já volto! - disse ele dando um beijo rápido na testa dela e correndo para fora do quarto, Severo o olhou indignado e foi logo atrás com passos largos.

Ella estava se ajeitando na cama quando Dumbledore entrou no quarto, batendo gentilmente na porta para anunciar sua presença. Seus olhos brilhavam por trás dos óculos meia-lua.

- Encontrei Sírius e Severo competindo para ver quem seguraria o bebê primeiro - disse ele risonho, aproximando-se da cama - Achei que você poderia querer uma companhia mais tranquila.

Ella soltou uma risada leve.
- Aqueles dois imbecis… quero ver se vão brigar assim para trocar fraldas! - resmungou ela, enquanto tentava se sentar.

- Pela cena que vi, acredito que sim. - respondeu Dumbledore, rindo suavemente, sentando-se ao lado da cama. Ele observou Ella por um momento, como se percebesse algo além de seu cansaço físico. - Mas me diga, Ella, como você está se sentindo… de verdade?

Ella sorriu de canto, sabendo que não poderia esconder nada de Dumbledore.
- Me sinto… estranha... Esperei tanto por esse momento, e agora que ele chegou, parece surreal. - Ela olhou para a porta, por onde Sírius e Severo tinham saído. - A situação toda é uma loucura. Eu, mãe? Protegendo esse bebê enquanto uma guerra está acontecendo lá fora?

Dumbledore assentiu, o olhar sábio e compreensivo.
- É natural sentir esse conflito, Ella. O peso da responsabilidade, ainda mais com tudo o que está em jogo… Pode parecer assustador. Mas você nunca foi do tipo que foge das lutas.

Ella respirou fundo, sentindo o peso dessas palavras.
- Você me conhece, Alvo. Eu sempre enfrentei o que veio pela frente, mesmo quando não sabia o que fazer. Mas… agora é diferente. Não é só a minha vida em risco, é a vida do meu filho - Ela colocou a mão sobre o lugar onde o filho havia descansado em seu peito minutos antes, os olhos perdidos por um momento.

Dumbledore se inclinou levemente, seu olhar sério, mas afetuoso.
- Ninguém pode estar completamente preparado para ser pai ou mãe, Ella. O que você sente é o que todos sentem diante de algo tão grande. - Ele fez uma pausa, estudando o rosto dela - Mas você tem algo que muitos não têm: coragem, força e um profundo senso de dever. E há muitos ao seu lado para ajudá-la a carregar esse fardo.

Ella olhou para Dumbledore, sentindo as palavras dele tocarem algo profundo dentro de si.
- E se eu falhar? - A voz dela quase vacilou. - E se eu não conseguir protegê-lo? Já falhei tantas vezes, deixei que outras pessoas sofressem…

Dumbledore estendeu a mão e tocou suavemente o ombro dela.
- Todos nós falhamos, Ella. Eu, talvez mais que muitos, mas nossos erros não nos definem. O que fazemos depois é o que importa. E você já provou, inúmeras vezes, que é capaz de realizações espetaculares. - Ele sorriu de leve, os olhos azuis brilhando com a sabedoria de quem já viu muito. - Você tem o coração de uma mãe agora, e isso dá a você uma força que nem a maior magia do mundo pode derrotar.

Ella sentiu uma lágrima solitária escorrer pelo canto do olho, mas rapidamente a limpou, olhando para Dumbledore com um sorriso cansado.
- Você sempre sabe o que dizer, não é?

- Apenas falo o que vejo, minha querida. - respondeu ele com ternura. - E o que vejo é uma mulher incrivelmente forte, que fará de tudo para proteger aqueles que ama. Esse bebê já é muito sortudo por ter você como mãe.

Ella olhou para a porta novamente, ouvindo Sírius e Severo ainda discutindo.
- Eles vão parar de brigar algum dia? - disse ela impaciente.

Dumbledore riu levantando-se suavemente.
- Certas coisas nunca mudam, mas descanse. Você tem uma longa jornada pela frente, e estou confiante de que você estará pronta para o que vier.

Ella sorriu, observando-o sair do quarto.
- Obrigada, Alvo.

Dumbledore acenou com a cabeça, fechando a porta silenciosamente, deixando-a com seus pensamentos e uma nova sensação de determinação.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora