Capítulo 2 - Falando no Passado

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Dumbledore destrancou a porta com facilidade e se deparou com a cena, seu irmão Aberforth com o rosto de vermelho e risonho, brindava com a mulher a sua frente, o copo nas mãos dele era elaborado e estava limpo, com certeza não era um copo do bar, as garrafas vazias em cima da mesa também não eram de lá. A garota brindou e esvaziou o copo num só gole, Aberforth deu gole no seu, e quando viu Alvo, ele apontou para o irmão com os olhos brilhando.

- Alvo! A pirralha aqui queria te ver, uma pessoa encantadora se quer saber, explodiu a varinha do Mundungo, foi a cena mais engraçada que vi nos últimos 15 anos! - disse ele se servindo de mais hidromel e servindo a garota a sua frente.

A garota virou o copo num só gole, e se virou para Dumbledore, ela não parecia tão alterada com a bebida igual Aberforth. Ela tinha a pele pálida, e os lábios estavam levemente rosados, mas de forma doentia, ela o cumprimentou com um aceno de cabeça, e Alvo teve a sensação de já ter visto aquelas feições em algum lugar...
Aberforth sorriu para o irmão "Ela gosta de bodes" disse cochichando como se fosse segredo e apontando para a garota, depois deitou a cabeça no balcão e adormeceu.

A moça ficou olhando para ele com um sorriso bondoso no rosto.
- Ele é tão diferente de você.

Alvo Dumbledore se aproximou e se sentou ao lado dela, então avaliou o irmão. - Acho que não, a barba e o cabelo são bem parecidos, os olhos são os mesmos, e o meu nariz era bem parecido com o dele antes da fratura.

- Não me referi a aparência. - Disse ela calmamente, então conjurou um copo igual aos dois no balcão, serviu hidromel e empurrou em direção a Dumbledore.

- Ao que se referia? - disse Alvo educadamente aceitando o copo e dando um gole pequeno.

- Ele é simples, você é complicado - disse ela conjurando um travesseiro e colocando sob a cabeça de Aberforth.

- E há algum problema em ser complicado?

- Há problema em ser simples, as pessoas não entendem, pode ser... solitário, pelo menos é como ele se sente - ela avaliava Aberforth com um olhar enigmático.

- Conhece meu irmão? - perguntou Dumbledore tomando o restante de sua bebida que estava realmente excelente.

- Conheci pessoas como ele, pessoas simples, rabugentas, porém bondosas. Mas não importa agora. - disse ela conjurando uma manta que colocou por cima de Aberforth, que deu suspiro em seu sono.

- E porque não importa? - perguntou o diretor a encarando.

- Estão mortos. - disse ela com simplicidade.

Ambos ficaram em silêncio por alguns momentos, olhos azuis fitando olhos lilás.

- Pensei que encontraria Edithe Prince ao entrar aqui hoje - disse ele quebrando o silêncio com um sorriso.

- Mentira.

- Perdão? - disse ele olhando diretamente para ela.

- Men-ti-ra - disse ela dando ênfase as sílabas - O senhor já sabia sobre a morte dela, o senhor sabe que sou Ella Prince a filha de Edithe, e já sabia que era eu quem o aguardava. - disse a garota se servindo de mais um copo, e o tomando de uma só vez.

- Admito - o diretor sorriu mais abertamente - eu não teria descrito melhor, mas como esclarecimento eu digo que...

- Que não tinha intenção de mentir, que só queria ouvir a verdade de mim, e usou esse diálogo como meio para o fim que desejava, porque o senhor sempre tem boas suposições, e quase sempre está certo, mas se sair por ai dizendo o que sabe, vão te odiar por ser um sabichão arrogante. - disse ela monótonamente.

- Interessante, a senhorita pensa que eu sou um sabichão arrogante? - perguntou Dumbledore descontraído.

- Penso que é brilhante - disse ela com simplicidade encarando Aberforth que agora babava no travesseiro.

- Talvez esteja me superestimando - disse ele olhando para a varinha na mão dela.

- Talvez eu não goste de falsa modéstia - ambos se encararam com seriedade - Sabe que é poderoso, sabe que eu também sou, e não teme isso porque confia em si mesmo.

- Metade correto! - disse ele brincalhão quebrando o clima ameaçador - Eu tenho bons palpites, e sou um bom observador, antes de vir eu já deduzi que você não oferecia risco ao meu irmão e nem a ninguém daqui, e depois que a vi, tive a completa certeza. - ele apontou para a varinha dela e sorriu dando uma piscadela.

- Ah claro, um bruxo velho que viveu a vida em uma escola sendo professor, com toda certeza teria bons conhecimentos em runas. - ela exibiu a varinha e ofereceu para ele segurar, ele pegou com delicadeza e analisou o objeto com curiosidade, as runas entalhadas se acenderam iluminando o bar com uma luz branca fantasmagórica e depois se apagou.

- Que feitiço? - perguntou ele educadamente.

- Não é feitiço, ela só, gostou de você, um feito e tanto se quer saber, ela assim como eu, não gosta muito de ninguém. - disse a garota dando de ombros.

- Fascinante! - exclamou o diretor genuinamente impressionado - Reconheci as runas no momento que sentei, é magia antiga.

- Magia de luz. - confirmou ela.

- Sim, alguém que empunha uma varinha com magia de luz antiga, deve ser confiável.

- Errado. O bem e o mal são relativos - disse ela encarando o diretor.

- Você consegue realizar magia das trevas com essa varinha?

- Nunca tive tal aptidão, arte das trevas é impossível para mim, independente da varinha.

- Já basta para mim. - disse ele sorrindo e devolvendo a varinha para a moça. - Me diga senhorita Prince, o que este velho bruxo pode fazer por você.

- Quero que seja intermediário entre mim e Severo Snape.

- Por qual motivo?

- Porque quero ter uma conversa civilizada, mas tendo a ser impulsiva, violenta e implacável quando o assunto é ele.

- Não me parece alguém que recorra a violência Ella. Porque seria tão imprudente se sua natureza é o contrário?

- Porque ele me fez isso... - ela abaixou a gola da blusa do seu lado direito mostrando parte do ombro, e ali havia uma cicatriz inflamada e vermelha, uma cicatriz muito fina e bem delineada em alto relevo, que ia do pescoço da garota, até o ombro e pulsava levemente.
Ela puxou a manga da blusa até o cotovelo, expondo o braço, onde o restante da cicatriz descia como raízes se bifurcando até o dorso de sua mão direita.

- Está inflamada há dez anos, não posso evitar de sentir - disse ela com desgosto.

- Compreensível - disse Dumbledore pensativo.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora