Capítulo 136 - Conexões Eternas

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- O que precisa de tão importante para ter vindo até minha casa na véspera de Natal, e pedir ajuda? - questionou ela aos cochichos, ambos estavam do lado de fora, o pequeno Sírius ficou junto com Severo que cuidaria das panelas, enquanto Olho-Tonto recebeu um chamado imediato para ir até o ministério.

Dumbledore sorriu como quem se desculpa.
- Eu realmente não tinha intenção de interromper seu preparo do jantar, mas temi que se eu viesse em outra data, talvez eu fosse ignorado, ou sequer seria digno de uma resposta de sua parte. - disse ele calmamente, seus olhos brilhando de mistério.

- Ainda somos amigos Alvo, você é bem vindo na minha casa a hora que quiser vir. - disse ela revirando os olhos para o drama dele.

- Que coisa gostosa de se ouvir. Meus receios são vãos, isso é bom... - comentou ele rindo baixinho - Mas isso também prova um palpite que eu já tinha anteriormente. - confidenciou ele com um olhar maroto.

- A que se refere? - perguntou ela cruzando os braços e o olhando desconfiada.

Dumbledore deu de ombros.
- Creio que seja você a pessoa que está me ajudando por debaixo dos panos. - disse ele com simplicidade. - Até porque, é meio estranho visitar um esconderijo de Voldemort e encontrar tudo com facilidade, nenhum feitiço das trevas, os objetos organizados, e ainda um pequeno relatório contendo as informações de cada artefato. Seria... coincidência demais não acha?

Ella o olhou com serenidade.
- Não sei do que está falando. - mentiu ela dissimulada.

Dumbledore riu mais amplo.
- Claro, eu não vou insistir. - disse ele ainda risonho. - Mas vim por outro motivo que não tem relação com esse assunto.

- E o que seria? - perguntou ela interessada.

- Quero te deixar protegida quando eu partir, e dada sua crítica anterior aos meus métodos, preferi consultar sua opinião antes de agir. - disse ele mais a vontade.

Ela piscou algumas vezes tentando acompanhar.
- Eu posso me proteger sozinha.

- Sei que pode - assentiu ele sereno - mas eu queria garantir isso, Severo terá a confiança completa de Voldemort quando... fizer o que deve ser feito. E se me lembro bem, você havia dito que iria apoiar Severo, e a ordem ficaria contra você. Pois é sobre isso que vim conversar.

- Ainda não estou conseguindo acompanhar. - disse ela prestando atenção.

Dumbledore suspirou.
- Não se faça de desentendida comigo Ella, já passamos por essa fase há muito tempo. - advertiu ele educadamente - Quero garantir que a ordem confie em você mesmo após a minha morte, e sem despertar a desconfiança de Voldemort. Carrow está a solta, e os rumores que ouvi recentemente provam que você precisará de ajuda.

Ella o olhou chocada.
- Está preocupado comigo?

Os olhos dele ficaram um pouco mais expressivos.
- Eu sou um velho sentimental Ella. Você me conhece bem, minhas emoções são minha maior fraqueza. - disse ele com um sorriso tristonho. - e sinto que de certa forma, eu te deva isso, depois do que houve com Sírius.

Ella não respondeu, falar de Sírius doía, mais do que ela estava disposta a admitir, não houve velório, não houve uma despedida porque não havia corpo para ter essa finalização. E mesmo que houvesse, a dor nunca iria se aplacar, ela amaria Sírius para sempre, e só o que pensava era em ver seu filho grande e independente o suficiente para que ela finalmente pudesse partir e encontrar seu amor do outro lado.

Dumbledore percebeu o eco de dor nos olhos dela e se desculpou.
- Perdão Ella, não percebi o quanto isso ainda te machucava, e sinceramente, eu não deveria ter negligenciado sua dor como fiz, impondo outros fardos e missões para que seguisse sublimando a dor verdadeira. - ele a observou e como ela ficou em silêncio, ele continuou com a voz mais suave - Você é tão parecida comigo em diversos aspectos, que as vezes me esqueço que você tem suas características únicas, como seus poderes empatas. E que isso é tanto um dom quanto um fardo pesadíssimo, pois suas emoções são também de fato aumentadas em relação as outras pessoas.

- Está dizendo que só estou triste porque sou empata? - perguntou ela indignada.

- Não, claro que não. Estou dizendo que eu tenho o costume de trabalhar para me distrair da dor, e as vezes me esqueço que você é diferente nesse aspecto. Como uma empata, sua dor precisa ser sentida, e não se pode sublimar, nem esquecer, ela sempre estará lá, e você só pode se acostumar a ela. - ele suspirou - Eu fui egoísta Ella, não notei a intensidade do seu sofrimento até aquele dia na floresta.

Ella se virou para olhar o céu, fingindo estar calma, mas seu coração batia descompassado.
- Isso já passou.

- Passou, é fato. Mas te afetou tão profundamente que te deixou uma marca. E que amigo eu seria se não notasse isso e me oferecesse para ajudar? Porque de certa forma tudo o que aconteceu foi minha culpa, até mesmo seu encontro com o parasita maligno, o que lhe deixou ainda mais vulnerável. E eu temi te procurar antes Ella, temi que tivesse se entregado as trevas, e mais ainda temi ter que me indispor contra você. - disse ele de forma triste.

Ella limpou discretamente uma lágrima teimosa que desceu pela sua bochecha, mas continuou olhando para o céu escuro pela nevasca, e não respondeu com medo que sua voz a traísse.

Dumbledore colocou a mão em seu ombro gentilmente.
- Nos dias que se passaram eu viajei a procura dos artefatos, e senti sua presença em tudo, ecos da sua magia, e percebi que mesmo depois de tudo, você ainda se importava. Seu coração ainda estava no lugar, mesmo que não concordasse com meus planos. Sabe, um dos pontos negativos da minha pessoa é acreditar que só existe o caminho que eu tracei e nada mais. Mas você me mostrou que é uma pessoa melhor do eu, diversas e diversas vezes, e eu só queria dizer que estou, orgulhoso, honrado, por ter te conhecido, e por ser considerado um amigo. - disse ele com a voz rouca, como se tentasse equilibrar suas emoções.

Ella se virou e o abraçou, finalmente chorando.
- Não quero perder você. - lamentou ela penosa.

Dumbledore sorriu paternalmente retribuindo o abraço, esperando ela se recompor.
- A vida não é justa Ella, mas eu já vivi demais. Estou cansado, e estou pronto para rever minha família, e todos os amigos que perdi pelo caminho.

- E eu estou pronta para rever Sírius, mas nem por isso vou me entregar a morte com tanta facilidade. - rebateu ela respirando profundamente.

Ambos ficaram em silêncio por alguns minutos, quando Dumbledore finalmente olhou para seu relógio incomum.
- Olhe só as horas, como passam rápido!

Ella olhou de soslaio para as horas e se alarmou.
- Preciso terminar o jantar.

Antes que ela entrasse, Dumbledore a interrompeu educadamente.
- Ella... Eu gostaria de passar a noite aqui se possível. - pediu ele com um olhar enigmático.

Ela franziu o cenho.
- Fique a vontade, tenho mais de dez quartos nessa casa, é só escolher um. - disse ela o analisando - O que quer? De verdade?

Dumbledore sorriu levemente.
- Vejo que nada escapa de seus olhos, minha cara. Mas fique em paz, eu só quero uma pequena ajuda de sua parte, mas não é nada tão difícil, prometo que será simples. Mas deixaremos isso para amanhã.

Ella o olhou com desconfiança, mas sabia bem que ele não revelaria mais nada por hoje, e retornou a cozinha calmamente como se nada tivesse acontecido, ignorando o olhar indagador de Severo, e terminando a ceia para jantarem.
Passaram o resto da noite conversando animadamente, e brincando com o pequeno Sírius. Um pequeno bálsamo, em meio a tantos conflitos e angústias.

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⏰ Última atualização: Oct 05 ⏰

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