Capítulo 106 - Promessas e Revelações

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Ella e Sírius conversaram por horas, explicando maus entendidos, expondo toda a verdade sem ocultar nada, e isso os uniu mais.

Ele estava ansioso para contar a Harry, e contar a todos na ordem, mas Ella lhe explicou o porque aquilo não era possível.
- Sírius, não podemos contar ao Harry, não agora, e só o mínimo de pessoas possíveis que podem saber sobre isso. Precisamos proteger nosso filho, se Voldemort sequer suspeitar que você é o pai da criança, ele vai mata-lo, e não podemos correr esse risco.
Vamos deixar tudo subentendido para os outros por enquanto, e quando derrotarmos o mal, e a paz voltar a reinar no mundo bruxo, podemos então contar a verdade a todos. - explicou ela com brandura.

- Mas Harry nunca contaria a Voldemort sobre nosso bebê! Nem ele nem nossos amigos da ordem. - lamentou Sírius sabendo que ela estava certa, mas buscando ouvir mais explicações para suas dúvidas.

- Harry nunca contaria, não de bom grado claro. Mas o lorde das trevas é astuto, e pode usar de meios para retirar essas informações, você sabe muito bem o grande poder que ele tem em legilimência, ele pode arrancar a verdade de qualquer um da ordem se acabar capturando alguém, não podemos correr o risco. - disse ela com seriedade.

- Mas podemos confiar em nossos amigos Ella! - disse Sírius numa última tentativa de compartilhar sua felicidade com os outros.

- Você confiou em Rabicho, e olha no que deu. Não podemos mudar o passado, mas podemos evitar não cometer os mesmos erros. - disse ela com firmeza.

Sírius ponderou tristemente, sabendo que ela estava certa, mesmo que ele não concordasse com a desconfiança dela.
- Não podemos correr o risco, vamos protegê-lo. - assentiu Sírius com a mão sobre a barriga dela, e sentindo o bebê chutar em resposta.

- Ele chutou! - exclamou Sírius, seu rosto iluminado com um sorriso amplo. - ou ela né, ainda não sabemos.

Ella colocou o cabelo para trás, corando de leve.
- Na verdade sabemos... - disse ela em tom de desculpas - Pedi para Dumbledore descobrir com um feitiço... - contou ela, e Sírius arregalou os olhos com a expectativa. - É um menino.

Sirius ficou em silêncio por alguns segundos, imóvel, com os olhos arregalados, como se seu cérebro precisasse de um tempo para processar a informação. Ele seria pai de um menino. O ar na sala parecia denso, e uma onda de emoção o atingiu como um feitiço que ele não conseguia desviar.

Uma avalanche de pensamentos inundou sua mente. Ele seria um bom pai? Como poderia ensinar seu filho a ser um homem, quando ele mesmo havia passado tanto tempo preso, sem uma vida normal? E se algo acontecesse com ele antes que pudesse vê-lo crescer? Seria parecido com ele? Ou com Ella? Sirius se pegou imaginando como seria seu rosto, seus olhos, sua risada...

Ele se afastou, pressionando as palmas das mãos contra os olhos, tentando conter as lágrimas inesperadas. Não era tristeza, mas uma mistura de medo e felicidade. Ele nunca havia sentido algo assim antes, um amor incondicional, tão forte que quase doía.

– Eu... – começou a falar, mas sua voz falhou. Ele limpou a garganta, tentando recuperar o controle. – Eu vou ser pai... – repetiu, mais para si mesmo do que para Ella, como se a frase finalmente estivesse se assentando em sua mente.

Quando ele olhou para Ella novamente, havia um brilho diferente em seus olhos. Pela primeira vez em anos, ele sentiu esperança. Não a esperança fugaz de um fugitivo, mas algo concreto, tangível. Um futuro. Uma família.

– Eu juro que vou protegê-lo. – Sua voz era baixa, mas carregada de determinação. – Vou protegê-lo com a minha vida, Ella. Nada vai acontecer com ele, não enquanto eu estiver por perto.

Ele se aproximou dela, colocando a mão novamente sobre sua barriga, sentindo o leve movimento do bebê dentro dela. O toque o fez sorrir, um sorriso verdadeiro e brilhante, o tipo de sorriso que ele não usava há anos.
– Será que ele vai me amar? – A pergunta escapou antes que ele pudesse se conter. Era uma vulnerabilidade rara vinda de Sirius, ele não sabia se estava preparado para ser pai, mas a ideia de não ser amado pelo próprio filho o assustava mais do que qualquer outra coisa.

Ella sorriu, acariciando o rosto dele.
– Claro que vai, Sirius. Ele vai te amar, assim como eu.

Ao chegar a noite, Ella sabia que teria que ir embora, Molly Weasley e seus filhos ficariam no Largo Grimmald para ajudar a limpar e organizar a sede da ordem, e eles não poderiam saber a verdade. Ella ficaria na casa de Severo até às férias terminarem, depois voltaria a sua casa no mar, onde tinha o feitiço fidelius para mantê-la protegida.

Sírius se despediu sem vontade, ele queria ficar perto, mantê-la em segurança e apoia-la constantemente, mas deveria ser realista, e aceitar as opções que tinha no momento para a proteção do bebê.

Ella retornou a casa de Severo naquela noite, onde ele a esperava com a cara amarrada. Dumbledore já havia contado a ele sobre a reconciliação entre ela e Sírius, o que ele decidiu ignorar totalmente pelo bem estar dela.
- Preparei o jantar, e aqui tem uma poção para fortalecer o corpo, vamos começar a prepara-la para o parto. - anunciou Snape com sua carranca habitual.

- Obrigada. - sussurrou ela pegando o cálice de poção e bebendo imediatamente, Severo havia cuidado muito bem dela, tanto de sua alimentação, como também a ajudou a manter a maldição sob controle com suas diversas poções, sempre visando o bem estar do bebê. Ele era um tio coruja, ou tio morcego se fosse ser mais fiel a aparências.

Severo a observou comer, ela estava corada, e parecia feliz, seus olhos não tinham mais a melancolia e raiva que eram frequentes, e ela tinha um sorriso bobo nos lábios que nunca cedia. Por mais que ele odiasse admitir, Sírius fazia bem a ela.
- Coma mais um pouco, precisa estar forte para os dias que se seguirão. - disse ele quando viu que ela terminou a refeição.

- Não vou conseguir Severo, estou um pouco enjoada hoje, acho que a insônia e as emoções que passei nos últimos dias me tiraram o apetite. - disse ela se levantando da mesa com dificuldade pelo tamanho da barriga.

- Tenha cuidado peste, você está carregando um bebê! - se irritou ele quando ela esbarrou sem querer no cálice e o derrubou.

Ele se aproximou fazendo os cacos de vidro desaparecerem, e a apoiando para ajudá-la a se mover até o quarto. Ela riu da expressão desesperada dele.
- Estou grávida Severo, não estou moribunda, não precisa me tratar... Ai... Assim. - disse ela com a voz se quebrando ao fim da frase.

- O que está sentindo? - perguntou ele rapidamente a fazendo se sentar na cama.

- Não sei... Estou estranha... Senti um... Ai! - exclamou ela alisando a barriga.

- Contrações? - perguntou Severo calmo, mas seus olhos demonstravam desespero.

- Não, acho que não é nada, tenho sentido muito isso ultimamente, e é bem normal e... Ai...- disse ela com a voz baixa, mas ficando séria de repente. - Acho que vai nascer. - disse ela olhando para Severo com desespero.

- Vou chamar os outros - disse Severo rapidamente erguendo a varinha para invocar um patrono.

- Não! - pediu ela se ajeitando na cama - Não quero um monte de gente me olhando enquanto fico aqui vulnerável e exposta!

- A dor te deixou burra? - perguntou ele invocando o patrono rapidamente e se sentando ao lado dela para segurar sua mão. - Estou chamando Dumbledore, para ele trazer a Madame Pomfrey - disse Severo e seu rosto se contorceu num bico - e... Mesmo que eu odeie dizer isso, pedi pra ele trazer o Black.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora