Capítulo 102 - Voldemort

14 6 0
                                    

Voldemort conduziu Severo até os fundos e, antes de se afastar, se virou para Ella com um olhar penetrante.

- Falarei com Severo, e depois conversaremos mais detalhadamente sobre sua situação - disse Voldemort, a voz cordata, mas os olhos vermelhos revelando ameaça. - Tente não matar nossos amigos Comensais enquanto isso. - Ele se retirou com Severo, sem esperar resposta.

- Se você é fiel ao Lorde das Trevas, por que não veio imediatamente quando a Marca Negra queimou? - provocou um Comensal mais afastado dos outros.

Ella sorriu de forma irônica, levantando a manga de sua capa e expondo o braço sem marca alguma.
- Não preciso da Marca Negra para me comunicar com o mestre - disse ela, a voz baixa e carregada de perigo.

- Ha! Então você nem sequer é uma Comensal e ainda ousa aparecer aqui para nos ameaçar com suas artimanhas infantis? - zombou o Comensal, incomodado por ter sido forçado a se ajoelhar mais cedo.

Ella sorriu com uma doçura afiada.
- Aos nove anos, criei uma poção capaz de fazer um homem adulto chorar por três dias seguidos. Também conheço transfigurações que fariam você implorar pela morte - ela disse suavemente, cada palavra embebida de ameaça. - Se eu fosse você, escolheria minhas palavras com mais cuidado.

Os murmúrios aumentaram, e o Comensal em questão franziu a testa, irritado.
- Quem pensa que é para me ameaçar frente ao Lorde das Trevas? - perguntou, indignado. - Sabe quem eu sou?

- Pouco me importa quem as pessoas são - respondeu ela, sorrindo de forma inocente. - Todos caem da mesma maneira quando os finalizo.

Lucius Malfoy interveio, a voz suave mas tensa.
- Nott, não subestime a senhorita. Vi alguns arquivos sobre ela no Ministério da Magia. Posso afirmar que sua reputação é bem merecida.

Ella lançou a ele um olhar de desdém.
- Também não me agrado com falsas lisonjas, Malfoy - alfinetou ela.

Antes que a tensão pudesse aumentar, Voldemort retornou dos fundos com Severo, parecendo satisfeito com o que fora discutido. Ele não comentou nada sobre a conversa, mas a atmosfera ao redor dos Comensais mudou.

- Ella era apenas uma criança quando começou a me servir - disse Voldemort, os olhos observando cada expressão ao seu redor. - Possui uma magia incomum e poderosa e é uma legilimens extremamente habilidosa além de um talento raro para transfiguração, uma aquisição valiosa para o nosso grupo, espero a recebam com respeito.

Ella se inclinou levemente, a voz suave e modesta.
- O senhor me tem em grande estima, Milorde, embora meus simples poderes não se comparem aos seus.

Voldemort sorriu de forma ameaçadora.
-Venha, criança. Vamos conversar - disse ele, estendendo a mão para que ela o seguisse.

Ella o acompanhou em silêncio, com a cabeça levemente baixa. Sabia que Voldemort prestava atenção aos menores detalhes, e a submissão aparente era o que ele desejava.
Ele a levou até um jardim de inverno nos fundos da mansão e se sentou numa poltrona confortável, estudando-a com um olhar curioso.

- Relaxe, criança. O Lorde das Trevas confia plenamente em sua lealdade. Só quero esclarecer algumas questões - disse ele, indicando a cadeira em frente a ele.

Ella se sentou de forma mecânica, embora sentisse o medo crescer em seu peito. Ela se manteve impassível, lembrando-se do que estava em jogo.
- O que deseja, Milorde? - perguntou ela, evitando olhar diretamente para ele.

- Vejo que está grávida. Onde está seu marido? Ele não compartilha dos mesmos ideais? - questionou Voldemort, a impaciência em sua voz.

- Ele está morto - respondeu Ella, encarando-o nos olhos.

Voldemort invadiu sua mente, vendo a lembrança manipulada de Ella matando um homem desconhecido. Ele sorriu de leve.
- Deve ter sido difícil para você - comentou ele, sem esconder a satisfação.

- Foi fácil, na verdade. Meu objetivo era ter uma criança com sangue puro, e quando consegui não precisava mais de uma marido. - disse Ella, sem se abalar.

Voldemort sorriu, apreciando sua frieza.
- Não tem ressentimento pelo que fiz à sua mãe? - perguntou ele, observando cada nuance em sua expressão.

Ella manteve o olhar vazio.
- A mulher amante de trouxas que pretendia se opor ao Lorde das Trevas? - respondeu com desdém. - Quando era criança, sim, senti sua perda. Mas depois de tudo o que passei, fico até satisfeita que ela tenha partido. Não preciso fingir ter um coração.

Voldemort avaliou seus olhos por um momento e assentiu.
- As mães são fracas. Admiro a sua frieza, Ella, poucas conseguem compreender o quão irrelevantes são os laços emocionais.

Ella forçou um sorriso vazio.
- Estou às suas ordens, Milorde. Diga o que deseja de mim.

Voldemort ponderou por um momento.
- Tenho certos objetivos, mas não quero colocá-la na linha de frente, seu estado avançado de gravidez pode atrapalhar meus planos, no entanto, sei que Dumbledore jamais suspeitaria de uma mulher grávida e inofensiva. Você pode se aproximar de seus amigos e, quem sabe, ganhar sua confiança. - Ele sorriu de maneira cruel.

Ella se manteve imóvel.
- Como desejar, Milorde.

Voldemort inclinou a cabeça.
- Confio que você saberá como agir, aproveite sua proximidade com os aurores e seus laços no Ministério. Mas lembre-se, o lorde das trevas não aceita traições, não cometa os mesmos erros que Edithe, eu não sou um homem fraco como Dumbledore, e não levarei em conta seu estado de gravidez caso me traia. - ameaçou ele com os olhos cintilando de pura maldade.

- Não corro esse risco Milorde, não tenho medo. - garantiu ela com firmeza.

Voldemort a analisou por alguns segundos antes de sorrir falsamente.
- Agora vá, e aguardo seus resultados.

Ella se levantou, aliviada por sair dali. Sabia que teria que ser astuta nos próximos passos. Os comensais a olharam com desconfiança, mas ela passou por eles com um sorrisinho debochado, sem se deixar abalar.

Ao sair da mansão, Ella aparatou diretamente para o castelo de Hogwarts, seus pensamentos fervilhavam com o plano que Voldemort havia traçado.

O jardim de inverno parecia cada vez mais distante, mas o peso do que ele a incumbira permanecia. Ao chegar na entrada da escola, seus passos a levaram diretamente ao escritório de Dumbledore. Precisava alertá-lo das intenções de Voldemort, mas sem revelar completamente suas alianças.

- Ella? O que faz aqui...?- perguntou McGonagall quando a viu entrando no castelo sem se importar com as crianças que a olhavam curiosas.

- Onde está Dumbledore? - perguntou ela impaciente.

McGonagall a analisou vendo a urgência em seu rosto.
- Na sala dele... - começou Minerva mas ela ignorou indo diretamente até Dumbledore.

Ella entrou na sala do diretor sem bater, e encontrou Severo lá.
- Saia, preciso falar com Dumbledore.

Severo a encarou com uma fúria crescente.
- Tem idéia do que fez?

- Não tenho tempo para discussões Severo, saia. - disse ela com frieza.

Severo a olhou indignado.
- Não sairei daqui.

Ella suspirou.
- Então fique, não me importo. - disse ela com desdém. - Preciso te alertar dos planos de Riddle.

Dumbledore a encarou com preocupação, o brilho de seus olhos se apagando levemente. Ele sabia que algo sombrio estava por vir.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora