Capítulo 116 - Fuga em Massa

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Dumbledore convocou uma reunião de emergência da Ordem, a atmosfera no número 12, Largo Grimmauld, estava carregada de tensão desde a fuga em massa de Azkaban. Ella e Sírius tentavam ignorar esse fato enquanto estavam juntos, mas era inevitável que se preocupassem.

Ao redor da mesa, os membros da Ordem da Fênix estavam silenciosos, absorvendo as recentes notícias. O ar parecia pesado, e o olhar de cada um refletia o medo crescente de que os dias mais sombrios estavam à espreita.

Molly Weasley foi a primeira a quebrar o silêncio:
- Acha que ele pode tentar tomar o Ministério, Dumbledore?

O diretor permaneceu calmo, apesar das pressões. Com um leve suspiro, ele respondeu:
- Se essa fosse a prioridade de Voldemort, ele já teria agido. A fuga em massa de Azkaban foi um grande movimento, mas acredito que seu foco agora é a profecia... Ele precisa dela mais do que de qualquer outra coisa no momento.

Todos na mesa o encararam, ainda mais alarmados. Sirius, sem perceber, segurou a mão de Ella instintivamente, num gesto de proteção. Kingsley, sentado à frente, observou o movimento, mas permaneceu em silêncio, sinalizando que já superara qualquer mágoa do passado.

Os olhos de Dumbledore pousaram em Ella com gravidade, e o tom da reunião mudou:
- Convoquei essa reunião pois houve outra fuga que foi silenciada pelo ministério, Ella... - disse Dumbledore com seriedade - Carrow escapou da prisão.

Ella puxou a mão de Sirius bruscamente sentindo o coração apertar. A notícia trouxe uma onda de náusea e raiva mal contida.
Voldemort já havia causado estragos suficientes, Bellatrix e outros Comensais de confiança de Voldemort a viam com desprezo, e agora, com Carrow livre, seria muito pior.
Ela sentiu uma fisgada no osso de sua coluna, do qual Carrow havia arrancado anos atrás, em suas experiências perversas.

Sentindo os olhares de todos sobre si, Ella percebeu que esperavam uma reação. Tentando manter a compostura, ela apenas murmurou:
- Certo...  Carrow é um problema menor comparado ao lorde das trevas, ele não tem aliados, nem estrutura. E morre de medo de Voldemort, não devemos nos preocupar com isso no momento. - disse ela se fingindo despreocupada.

Dumbledore estreitou os olhos, como se quisesse sondar seus pensamentos.
- Não acha que a fuga dele é um ponto importante para discutirmos?

- Não - disse ela com uma calma forçada - Nossa prioridade continua a mesma.

- Acha que Voldemort pode estar por trás dessa fuga? - perguntou Sírius alarmado, preocupado com o filho.

Ella deu um suspiro.
- Você conhece pouco da história de Carrow, o lorde das trevas odeia Allister. Seria mais fácil ele se aliar a Harry Potter do que a Allister Carrow. - disse ela, sua voz carregada de sarcasmo.

- Mas os irmãos Carrow estão do lado de Voldemort, e sendo todos da mesma família, não seria mais correto crer que ele se aliou ao comensais? - perguntou Lupin analisando a situação.

- Acho improvável - respondeu Ella com um suspiro - o lorde das trevas prometeu matá-lo num tempo antes de vocês marotos, entrarem para a ordem da fênix. Existem histórias que desconhecem e que não vem ao caso agora, por isso repito, a fuga dele não é relevante para ninguém da ordem, a não ser a mim. - respondeu ela friamente.

Sírius protestou irritadiço.
- Nem tudo se trata só de você Ella - disse ele com certa fúria contida no olhar - tem a vida de seu filho em jogo, isso não pode ser ignorado só porque você quer.

Ella o olhou com certa ternura, mas se manteve firme.
- Se nem a ordem e nem os comensais são capazes de encontrar meu filho sob minha proteção, eu gostaria de ver Carrow tentar - disse ela com um olhar insano - eu o matarei da forma mais lenta e dolorosa possível se ele sequer cogitar a idéia de ameaçar o meu pequeno.

Molly arregalou os olhos, chocada com o comentário.
- Ella, entendo que queira proteger seu filho, mas... - sua voz tremeu, preocupada - Não podemos banalizar a ideia de tirar uma vida. Somos melhores que isso, devemos ser o exemplo para nossos filhos do que é certo, mesmo quando isso é difícil.

Ella deu uma risada amarga.
- Você fala isso agora, Molly, mas se alguém ameaçasse seus filhos, aposto que sua moral se despedaçaria rapidamente. Você se orgulha dessa sua nobreza, mas eu sei que faria o que fosse preciso, do mesmo jeito que eu. A diferença é que eu admito isso.

Uma pequena confusão se instaurou na mesa, todos falando ao mesmo tempo expondo suas opiniões.
Dumbledore suspirou e apontou a varinha discretamente lançando faíscas vermelhas para cima.
- Basta. Prestem atenção todos. - disse ele com a voz autoritária. - entendo o ponto de vista de cada um, mas devemos nos focar em nossa missão, de certa forma, mesmo que eu não goste de admitir, Ella está certa, Voldemort oferece uma ameaça maior e mais concreta do que Carrow no momento, obviamente não iremos simplesmente ignorar o fato de que ele está a solta, mas nossa prioridade será proteger a profecia e depois veremos o que fazer em relação ao resto.

- Ella tem um filho, e é importante para a ordem, não podemos simplesmente deixar essa informação de lado. - disse Lupin preocupado.

- Concordo - disse Sírius - ela precisa de proteção, assim como o bebê, temos que encontrar formas de mantê-los a salvo. - disse ele com um olhar aflito para Dumbledore.

Alastor Moody, que estivera em silêncio até então, pigarreou, chamando a atenção.
- Vocês estão subestimando a Prince. - Sua voz grave ecoou pela sala sustentando a atenção de todos. - Conheço essa garota há mais tempo do que qualquer um aqui, exceto Dumbledore, e posso afirmar que ela não é uma criança ingênua e inocente que necessite de proteção, ela já enfrentou coisas piores e venceu. - Ele olhou para Ella com algo parecido a orgulho. -  Vamos nos focar no que importa, a profecia e a segurança de Potter que caso tenham esquecido, ele sim é uma criança, e é impulsivo e teimoso o suficiente para se colocar em perigos desnecessários.

Sirius bufou, impaciente:
- E o que isso muda, Moody? Estamos falando de Carrow, um maníaco imprevisível, e Harry está seguro na escola com Dumbledore em seus calcanhares.

Moody encarou Sirius com o olhar sério de sempre:
- Estamos lidando com prioridades, Black. Ella sabe cuidar de si, e se Carrow cruzar seu caminho, não vai durar muito. Nossa missão aqui é proteger Harry e parar Voldemort.

Sírius o olhou com teimosia.
- Ella pode ser forte, sim, mas isso não significa que vamos deixá-la enfrentar Carrow sozinha! Não enquanto eu estiver aqui! - exclamou Sírius impaciente.

- Harry Potter é seu afilhado Sírius, caso tenha se esquecido deste detalhe, concordo que Ella precise de ajuda, mas ela pode pedir se precisar, o que eu duvido muito dado ao que já vi das habilidades dela. - disse Arthur Weasley se referindo a um duelo amigável que ele presenciou entre Ella e Kingsley dias atrás.

Um novo burburinho se iniciou na mesa.

Dumbledore fez sinal para que se calassem e todos o olharam apreensivos.
- Nossa prioridade é Voldemort - concluiu, firme. - Carrow pode ser derrotado por qualquer bruxo capaz. Voldemort, por outro lado, exige nosso foco completo.

Sírius abriu a boca para falar, mas Dumbledore o interrompeu calmamente.
- É a minha última palavra Sírius.

A reunião foi concluída com um consenso, ainda que tenso.
Sirius parecia contrariado, mas cedeu, sabendo que, apesar de tudo, Dumbledore estava certo, Ella estava num silêncio introspectivo, e saiu da sala sem ficar para o jantar.

Todos ali sabiam que os dias sombrios estavam apenas começando, e uma verdadeira guerra poderia estar se iniciando.

A Princesa Mestiça e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora